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Política Segunda-feira, 07 de Abril de 2008, 16:17 - A | A

Segunda-feira, 07 de Abril de 2008, 16h:17 - A | A

Oposição quer 2ª CPI dos Cartões para investigar o que ficar fora do inquérito da PF

Folha Online

Mesmo com a decisão da Polícia Federal de investigar o vazamento do dossiê com informações dos gastos sigilosos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, da ex-primeira-dama Ruth Cardoso e de ex-ministros da gestão tucana, a oposição quer a instalação de uma segunda CPI para apurar possíveis irregularidades no uso dos cartões corporativos. A segunda CPI funcionaria só no Senado --onde o governo não tem maioria, como na Câmara. A atual CPI é mista, ou seja, é formada por deputados e senadores.

O diretor-geral em exercício da Polícia Federal, Romero Luciano Lucena de Menezes, determinou nesta segunda-feira a abertura de um inquérito para apurar o vazamento do dossiê. O inquérito será presidido pelo delegado da PF Sérgio Barboza Menezes.

O líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), disse que a nova CPI poderá avançar em investigações que não serão realizadas pela PF. "O que se deve investigar é quem fez o dossiê. Quem vazou é o que menos importa. O que importa é saber se a ministra Dilma Rousseff [Casa Civil] está mentindo, usando a máquina do Estado para confeccionar dossiê. A CPI hoje é imperativa", disse.

A oposição espera que o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), não recue na promessa de fazer amanhã a leitura do requerimento de criação da CPI em sessão plenária da Casa.

Garibaldi já declarou ser contrário à instalação de duas CPIs para investigarem irregularidades nos gastos do governo federal com cartões corporativos. Mas disse que vai criar a nova comissão porque ela preenche todos os requisitos legais previstos pelo regimento interno da Casa.

"Ele vai fazer a leitura, é um homem de palavra. Isso não é problema dele [duas investigações simultâneas]. O que não é bom é o Senado não investigar. Vamos cobrar que ele cumpra o que prometeu", disse o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).

Nova CPI

O requerimento com o pedido de criação da CPI do Senado foi apresentado em fevereiro pela oposição. Na época, porém, houve acordo com os governistas para que somente a comissão mista fosse instalada. Mas a oposição mudou de idéia após a 'blindagem' de aliados ao Palácio do Planalto nas investigações.

A estratégia da oposição, na nova CPI, é recorrer ao plenário do Senado para a aprovação de requerimentos rejeitados pela comissão --já que no plenário DEM e PSDB têm o apoio de parlamentares da base aliada conhecidos pela tradicional 'dissidência' ao Palácio do Planalto.

Das 33 assinaturas do requerimento que solicita a criação da CPI do Senado, nove são de parlamentares que integram a base aliada do governo. A maioria deles, porém, é conhecida pela 'dissidência' às orientações do governo. Por este motivo, a oposição não acredita que haverá uma retirada em massa das assinaturas por orientação do Palácio do Planalto.

Na semana passada, Garibaldi disse que a retirada de assinaturas do requerimento seria uma atitude de "falta de caráter" dos parlamentares. "Se forem retiradas as assinaturas, eu mesmo vou sair de porta em porta e providenciar as assinaturas. Eu não estou aqui para ser acossado pela postura parlamentar, ou não parlamentar, de ninguém", enfatizou na ocasião.

O regimento da Casa Legislativa permite a retirada de assinaturas do requerimento até a meia-noite do dia em que o texto for lido no plenário do Senado.

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