O ex-senador Jorge Bornhausen (DEM) esteve na Capital na manhã desta quarta-feira, 2 de julho, em evento realizado na ACIG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande). Ele atualmente coordena entidade nos mesmos moldes em São Paulo (SP).
Na cerimônia de hoje, a ACICG lançou oficialmente seu Cops (Conselho Político Social), que visa auxiliar os governos com relação à criação de políticas públicas nas mais diversas áreas.
Bornhausen todavia foi indagado sobre diversos assuntos. Além de expor opiniões sobre a crise no Senado – Casa que já ocupou cumprindo mandato por Santa Catarina – e mostrou-se contrário à atuação da Funai (Fundação Nacional do Índio) no Brasil, principalmente em Mato Grosso do Sul.
Senado
O ex-presidente da República e atual presidente do Senado, José Sarney, tem situação incômoda na principal cadeira da Casa de Leis, após várias denúncias com relação aos chamados atos secretos – em que pessoas seriam contratadas de forma indiscriminada. Esta situação teria ficado insustentável após matéria publicada no jornal “O Estado de São Paulo”, de veiculação nacional, sobre o possível envolvimento de um neto de Sarney em empréstimos na instituição.
“Não sou mais senador e não sou partido. A minha avaliação é externa, como cidadão. Acho que a crise do Senado não é boa para a democracia e enfraquece uma instituição importante. As pessoas também não devem ser julgadas por atos isolados, mas pelo percurso de toda a sua vida pública [referindo-se a Sarney], e entendo que o principal está desfocado: que é a CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito] da Petrobras, que é uma caixa preta que se aperta para toda a sociedade. Só no setor de comunicação, a Petrobras tem 1050 funcionários. Eu acredito que nenhum jornal em todo o Brasil tem este tamanho. Fora os 700 advogados que eles contratam sem licitação.”
Sobre o afastamento de Sarney
“O que o regimento admite é a licença ou a renúncia, como ato de vontade pessoal. Então, isso não depende da vontade dos outros e sim do presidente da Casa. Ele que deve examinar, com espírito publico, o que é melhor.
Vejo certo exagero na crise. Há problema no Senado e no Congresso? Há. Houve falta de cuidado ético? Houve. Agora, eu acho que isso não deve enfraquecer o papel das Casas. Entendo que esta pressão distrai a sociedade e tira o foco dos casos mais sérios que devem ser tratados, como o caso da Petrobras.
O Tribunal de Contas [da União] já trouxe uma série de contratos irregulares e superpreços. Queremos a Petrobras eficiente e não cabide de empregos, um centro de emprego político-partidários.”
Atos secretos
“Todo ato administrativo tem que ser público. Isso tem que ser revisto e todo ato tem que ser analisado porque eles são passíveis de anulação.”
Indagado sobre a situação de Delcídio, que teria acolhido em emprego uma parente de Sarney, Bornhousen diz que “a grande maioria dos senadores não tinha conhecimento dos atos. Não sei quem é beneficiário. Se o ato não foi publicado tem que ser analisado.”
Não posso te dizer porque não conheço o caso. Não quero responsabilizar a, b ou c. Sou amigo do senador Delcídio. Tem que estudar se a falta de publicidade pode gerar anulação. Isso é um estudo de natureza jurídica”, completa.
Crise nos diversos poderes
“Não ‘tão havendo cuidado na questão ética. É preciso um controle mais efetivo e fiscalização do Estado. Não podemos continuar a ter o cidadão a serviço do Estado, mas o Estado a serviço do cidadão. Por isso surgem estas distorções.”
Eleições 2010
“Acho que nossa posição [DEM] é muito clara. Há uma coligação com PSDB e PPS. Mas não é exclusiva. Quem quiser procurar uma nova linha de conduta para a política do Brasil pode se juntar a nós.”
Quanto aos possíveis candidatos à Presidência da República, Bornhausen diz que “vários nomes que podem fazer este debate. Mas ver quem tem melhores condições de apoio da sociedade. Preparo sim, mas muitas vezes se tem preparo, mas não tem votos. O PSDB vai indicar, na coligação, o candidato à presidência. As pesquisas vão mostra o caminho.”
Funai e agronegócios
“Acho que aqui é um estado de grande futuro e tem tido um grande desenvolvimento. Tem uma política agressiva em busca de novas empresas”, diz Bornhousen.
Porém, Borhousen diz que Mato Grosso do Sul cresce no cenário nacional, mas chama por três vezes o Estado de Mato Grosso. “Vi aqui conterrâneos meus de Santa Catarina que viram em Mato Grosso terras férteis. O estado do Mato Grosso é exemplo. E Campo Grande é arrumada com equilíbrio social. Em vez de buscar exemplos nos grandes centros, podemos levar exemplos daqui para os grande centros.”
Por isso acho que estes exageros atrapalham o futuro do Estado. A questão indígena é muito simples. Estão querendo criar aqui reservas que são maiores que a metade do estado. Evidentemente que isso tira dali pessoas que estão produzindo, gerando emprego. Não se conduz dessa forma. Mesmo porque não há população indígena para poder ocupar este espaço e produzir. Então, tem que ter racionalidade. Não é uma questão de minoria é uma questão de estabelecer uma prioridade de crescimento.
Há como se acomodar os índios no Brasil perfeitamente sem cometer este exagero.
A Funai é um órgão que nunca prestou grande serviço ao País. Sempre foi centro de confusão, em vez de ser centro de ação. E, como não tem muito o que fazer, fica inventando área nobre. Há casos por exemplo, de importação de índios. Em Santa Catarina, meu Estado, vejo índios de fora importados para ocupar espaço. Isso não é uma coisa séria. Temos que nos preocupar com a geração de emprego dos índios também, e não tirar dos outros.
No Brasil se há exagero em tudo. Exagero de não dar atendimento aos índios ou exagero de querer dar aos índios aquilo q eles não podem tomar conta. Temos que ter o bom senso prevalecendo.”