Durante sessão tumultuada na Câmara Municipal de Campo Grande – com direito a gritos, vaias, xingamentos e ofensas –, realizada nesta terça-feira (26), 20 vereadores rejeitaram a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde, proposta pelos vereadores Zeca do PT e Luiza Ribeiro (PPS) para investigar o desvio de verbas públicas do setor na cidade. Depois da confusão, foi anunciada a criação de uma Comissão Especial, que trabalhará junto a Comissão Permanente de Saúde da Casa, para acompanhar o caso da máfia da saúde, denunciada pela Polícia Federal na última semana e que envolve desvio de dinheiro público pelo Hospital do Câncer e Hospital Universitário.
Sob vaias e protestos, o vereador João Rocha (PSDB) anunciou que a CPI não seria instaurada. Devido à manifestação das centenas de pessoas presentes, o presidente da Casa de Leis, vereador Mario Cesar (PMDB), decidiu suspender a sessão, que ficou parada por cerca de 30 minutos.
No retorno, o líder do prefeito na Câmara, vereador Alex do PT, indicou o nome de quatro parlamentares para fazer parte da Comissão Especial. São eles: Luiza Ribeiro, Zeca do PT, Gilmar da Cruz (PRB) e João Rocha. Os quatro trabalharão em conjunto com a Comissão de Saúde, que é composta pelos vereadores Paulo Siufi (PMDB), Elizeu Dionísio (PSL), Coringa (PSD), Dr. Jamal (PR) e Grazielle Machado (PR).
A explicação dada pela Câmara, para que a CPI não fosse instaurada, é a de que o atendimento no Hospital do Câncer seria prejudicado. Segundo o vereador Alex do PT, o hospital poderia deixar de receber doações e parar o atendimento. Dessa forma, os pacientes seriam prejudicados. Atualmente, de acordo com dados da própria instituição de saúde, cerca de 1.100 pessoas são atendidas pelo hospital.
O relator da Comissão Especial, vereador Elizeu Dionísio, disse que vai encaminhar ofícios ao Ministério Público, a Polícia Federal e a Controladoria Geral da União (CGU) para dar continuidade aos trabalhos da comissão.
A vereadora Luiza Ribeiro contou que não ficou satisfeita com a decisão da Casa. Mas afirmou que vai trabalhar com afinco na questão e “se perceber que os trabalhos da comissão não surtirem efeitos”, voltará com a proposta da CPI, já que a vontade é investigar a utilização de verbas públicas utilizadas em interesses privados.
A decisão para formar a comissão especial surgiu após reunião entre os vereadores e o conselho curador do Hospital do Câncer. A reunião aconteceu nesta terça-feira (26) durante a sessão.
Votaram a favor da CPI da Saúde os vereadores Luiza Ribeiro (PPS), Zeca do PT, Ayrton Araújo (PT), Rose Modesto (PSDB), Cazuza (PP), Chocolate (PP), Eduardo Romero (PT do B), Gilmar da Cruz (PRB) e Paulo Pedra (PDT). Os que votaram contra foram: Coringa (PSD), Dr. Jamal (PR), Chiquinho Teles (PSD), Otávio Trad (PT do B), Delei Pinheiro (PSD), Grazielle Machado (PR), Alceu Bueno (PSL), Herculano Borges (PSC), Paulo Siufi (PMDB), Mario Cesar (PMDB), Carlão (PSB), Flávio César (PT do B), Vanderlei Cabeludo (PMDB), Carla Stephanini (PMDB), Airton Saraiva (DEM), João Rocha (PSDB), Elizeu Dionísio (PSL), Edson Shimabukuro (PTB), Alex do PT e Edil Albuquerque (PMDB).
Protesto
Centenas de pessoas acompanharam a sessão da Casa de Leis nesta terça-feira (26). Com faixas, elas protestaram a decisão da maioria dos vereadores de não instaurar a CPI da Saúde. Por diversos momentos, os manifestantes gritaram, xingaram e vaiaram os parlamentares. Eles também cantaram o Hino Nacional, de mãos dadas, e pediam, incessantemente, a instauração CPI.
O vereador Zeca do PT, que propôs a Comissão Parlamentar de Inquérito junto com a vereadora Luiza Ribeiro, disse que a atitude dos manifestantes foi legítima e democrática. O petista acredita que "as pessoas têm o absoluto direito de opinar e protestar".