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Política Quinta-feira, 15 de Maio de 2025, 13:58 - A | A

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Tema de audiência

Déficit de R$ 13 milhões agrava crise da Santa Casa de Campo Grande

Hospital opera acima do limite e sem recursos suficientes

Viviane Freitas
Capital News

Diante de um déficit mensal de R$ 13 milhões e da responsabilidade por mais da metade dos atendimentos de alta complexidade do SUS em Mato Grosso do Sul, a Santa Casa de Campo Grande foi tema de uma audiência pública na Câmara Municipal na última quarta-feira (14). Participaram do debate vereadores, representantes do Ministério Público, gestores de saúde e membros da sociedade civil, todos preocupados com a situação crítica do hospital.

O encontro revelou um cenário preocupante: falta de leitos, contratos sem reajustes, repasses insuficientes e dificuldades no diálogo entre o poder público e as unidades hospitalares. Hoje, a Santa Casa absorve 62% das internações de alta complexidade em MS e 70% em Campo Grande, mas sem receber recursos compatíveis com essa demanda crescente. “Somos o destino dos casos mais graves — e mais caros. Isso precisa ser reconhecido contratualmente”, declarou João Carlos Marchezan, diretor de Negócios da instituição.

A presidente da Santa Casa, Alir Terra Lima, reforçou o papel central do hospital em atendimentos especializados, como o de pacientes queimados. “Se a Santa Casa parar, para onde vai esse paciente? A resposta é: para lugar nenhum. Por isso, precisamos de políticas urgentes e estruturais”, alertou. Ela destacou ainda que o hospital atua com produção acima do teto do SUS, acumulando prejuízos mensais com procedimentos que não são ressarcidos.

Durante a audiência, o vereador Dr. Lívio criticou o subfinanciamento crônico do hospital e apontou uma defasagem de R$ 213 milhões no contrato com a prefeitura, considerando a inflação e a produção além do teto. “Não estamos pedindo favor, mas o pagamento justo por um serviço que já foi prestado. A saúde pública de Campo Grande está em frangalhos”, afirmou. Ele também mencionou desvios no Fundo Municipal de Saúde, sob investigação do Tribunal de Contas.

A superintendente da Sesau, Ana Paula Borges, reconheceu as limitações nos repasses. “Estamos em processo de auditoria dos atendimentos realizados pela Santa Casa, com acompanhamento do Denasus e do Ministério Público”, disse. Já o representante do governo estadual, Antonio Lastória, destacou a necessidade de ação conjunta: “A União não pode ficar fora dessa equação. O trauma sozinho precisaria de R$ 6 milhões para operar. O repasse atual é de R$ 1 milhão”.

Por fim, a promotora de Justiça Daniela Costa alertou que uma eventual paralisação do hospital traria consequências diretas à população. “Estamos cobrando transparência, legalidade e prioridade no atendimento. O momento é grave, mas ainda é possível reagir”, concluiu. Como medida emergencial, o Ministério Público intermediou a liberação de R$ 25 milhões junto ao governo estadual, mas todos os participantes reforçaram a urgência de soluções definitivas.

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