O tuiuiú (Jabiru mycteria) foi oficialmente declarado ave símbolo do Pantanal Sul-mato-grossense na última terça-feira (24), por meio da Lei nº 6.432, sancionada pelo governador Eduardo Riedel. A proposta, aprovada em março na Assembleia Legislativa, reconhece a importância ecológica, cultural e turística da ave, reforçando seu papel representativo no bioma pantaneiro. Mesmo antes da oficialização, o tuiuiú já era uma das principais imagens associadas ao Pantanal, presente em lojas de souvenirs e pontos turísticos.
Maior ave voadora do bioma, o tuiuiú pode chegar a 1,6 metro de altura, com envergadura de até 3 metros. Parente da cegonha, é conhecido por voar com o pescoço e as pernas esticadas. A espécie vive de 30 a 40 anos, alimenta-se de peixes, moluscos, pequenos répteis e mamíferos, e cumpre função ecológica importante ao evitar a contaminação das águas por peixes mortos nas secas. No período reprodutivo, aproveita a baixa dos rios para caçar com mais facilidade e alimentar os filhotes.
Um dos comportamentos mais curiosos da espécie é a reutilização dos ninhos, construídos sempre nas árvores mais altas e reforçados ano após ano. Essas estruturas podem atingir até 3 metros de diâmetro, sendo consideradas as maiores já feitas por aves no Pantanal. Porém, o período reprodutivo coincide com a época das queimadas na região, o que coloca os ninhos em risco. Um exemplo ocorreu em 2020, quando um ninho tradicional às margens da BR-262 foi destruído pelo fogo, sendo reconstruído artificialmente com apoio da Embrapa e da Energisa.
A simbologia do tuiuiú já está presente há décadas no imaginário cultural de Mato Grosso do Sul. O monumento “Tuiuiús do Aeroporto”, de Cleir Ávila, instalado em frente ao Aeroporto Internacional de Campo Grande, é um dos principais cartões-postais da capital. Criado há 25 anos, o artista afirma que a obra representa o voo das aeronaves e homenageia a ave como expressão máxima do Pantanal. O monumento está passando por restauração desde abril, após danos causados por um temporal em dezembro de 2023.
A ave também ganhou destaque em outras expressões culturais, como na série "Ordem e Porrada", do ilustrador Gustavo Almeida, que retratou Mato Grosso do Sul como um híbrido de tuiuiú com arara-azul. A imagem foi publicada em 2022 e circulou amplamente nas redes sociais, consolidando ainda mais a identidade visual da espécie como símbolo do Estado.
O reconhecimento legal do tuiuiú como símbolo do Pantanal fortalece sua representatividade e reforça a importância de preservar o bioma e sua biodiversidade. Além de atrair turistas, a ave simboliza a resistência ecológica de uma das regiões mais ricas e ameaçadas do planeta.
