O tráfico de pessoas é um crime silencioso que usa a internet como ferramenta de aliciamento, controle e exploração das vítimas. Entre 2022 e 2024, o canal denuncie.org.br registrou 2.976 denúncias de links com conteúdo suspeito, um aumento de 152% em comparação com o triênio anterior. “O tráfico de pessoas é cruel, bilionário e destrói vidas”, afirmou o deputado Gerson Claro (PP), autor da lei que instituiu o Dia Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas em Mato Grosso do Sul.
A defensora pública Thaisa Raquel Defante alerta para os perigos do uso da internet sem supervisão. “Você não deixaria seu filho andar sozinho à noite, mas e na internet? É igual ou até pior”, disse. Ela explica que aliciadores exploram vulnerabilidades emocionais ou sociais, principalmente de jovens e adolescentes, por meio de promessas de oportunidades falsas. “O agenciamento é customizado e atinge as pessoas nas suas fragilidades”, completou.
Dados do Ministério da Justiça mostram que as redes sociais são o principal meio de aliciamento para fins de exploração sexual, enquanto o tráfico para trabalho análogo à escravidão usa a internet como segunda estratégia mais comum. Em 2024, 278 páginas com conteúdo relacionado ao tráfico foram removidas após denúncias ao MPF.
Mato Grosso do Sul agora conta com o Núcleo Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (NETP/MS), coordenado pela Defensoria Pública. A unidade tem como missão implementar ações de prevenção, repressão e atendimento às vítimas em todo o estado. “O enfrentamento precisa atuar nesses três eixos para ser efetivo”, ressaltou a defensora Thaisa.
A orientação é clara: qualquer suspeita deve ser denunciada de forma anônima. “Se tiver desconfiança, denuncie pelo Disque 100, Disque 180 ou pelo site denuncie.org.br”, reforça Thaisa Defante. O Ministério da Justiça também disponibiliza materiais informativos, incluindo uma edição especial da Turma da Mônica Jovem, para alertar crianças e adolescentes sobre os riscos do tráfico.