A CPI do Transporte Público ouviu na última segunda-feira (16) o ex-presidente do Consórcio Guaicurus, João Resende, e o atual diretor jurídico-administrativo, Leonardo Dias Marcello. Ambos admitiram o descumprimento de cláusulas do contrato, como a renovação da frota de ônibus, e culparam a Prefeitura de Campo Grande por não garantir o equilíbrio financeiro previsto. Segundo eles, essa situação impediu novos investimentos no sistema de transporte coletivo.
João Resende, que esteve à frente do Consórcio desde 2012 até janeiro de 2025, afirmou que a renovação da frota deixou de acontecer porque o município não atualizou os valores contratuais. “A Prefeitura de Campo Grande está protelando essa questão do reequilíbrio e colocou o Consórcio em uma situação caótica. Hoje, o sistema opera com prejuízo claro e evidente”, disse. Ele também criticou a exigência da Agereg para substituir 98 ônibus: “Não temos dinheiro para assumir prestação de novos ônibus. Estamos em uma situação vexatória”.
Questionado sobre a possibilidade de rompimento do contrato, Resende afirmou que ainda acredita em uma solução. “Temos esperança de que a Prefeitura vá honrar o contrato. Além disso, temos investimento pesado no sistema, e há legislações que versam sobre quebra contratual”, justificou. A declaração foi feita durante a primeira fase da oitiva, que contou com perguntas dos vereadores.
Na segunda parte da sessão, Leonardo Dias Marcello reforçou a fala de Resende e apontou que o maior entrave é a falta de reajuste nos valores pagos. “O que a gente mais quer é uma tarifa que remunere o Consórcio nas premissas que foram postas na licitação. Se o município quiser que a gente faça investimento em frota com ar-condicionado, que a gente assuma terminal, nós estamos dispostos. Só que, pra isso acontecer, a gente precisa avaliar a situação do lado empresarial”, afirmou.
Durante a reunião, a CPI apresentou um balanço com 616 denúncias já catalogadas sobre problemas no transporte público. A fase final das oitivas será realizada na quarta-feira (18), com os depoimentos de Themis de Oliveira, atual diretor-presidente do Consórcio Guaicurus, e Paulo Constantino, sócio-proprietário do grupo.