A Câmara Municipal de Campo Grande promoveu, no último sábado (27), uma audiência pública sobre moradia indígena em contexto urbano, voltada às famílias do povo Kadiwéu que vivem na capital. O encontro, conduzido pela vereadora Luiza Ribeiro (PT), reuniu lideranças indígenas, representantes do poder público e movimentos sociais para debater soluções que respeitem a identidade cultural e a forma coletiva de viver dessas comunidades.
Atualmente, mais de 50 famílias Kadiwéu residem espalhadas por diversas regiões da cidade, muitas delas dividindo moradias alugadas. A representante das mulheres Kadiwéu, Vilma Ferraz, explicou a principal reivindicação do grupo: “Nosso foco é conquistar um terreno que abrigue todas as famílias, criando uma aldeia urbana. A maioria quer continuar em Campo Grande para garantir trabalho e educação aos filhos.”
Durante a audiência, foi apresentada uma proposta de projeto habitacional coletivo com 50 casas, estruturadas no modelo de agrovila urbana, unindo moradia, renda e sustentabilidade. A liderança Luiz Fernando Matchua destacou o desejo de manter os costumes e ofícios tradicionais. “Queremos um modelo que nos permita trabalhar com a nossa matéria-prima ancestral, preservar o ofício herdado dos nossos pais e viver com dignidade”, afirmou.
A cacique Kadiwéu reforçou a importância da cultura como forma de resistência e pediu que o futuro conjunto habitacional respeite o modo de vida coletivo. A proposta inclui um condomínio com muro apenas externo, garantindo a convivência entre famílias e evitando cobranças de IPTU, devido ao caráter comunitário do espaço.
A vereadora Luiza Ribeiro ressaltou que o evento marca um avanço importante. “A Câmara inaugura hoje um momento histórico de escuta e construção coletiva sobre o direito à moradia indígena em contexto urbano. Também defendemos a criação de uma coordenação específica voltada aos povos indígenas que vivem nas cidades”, disse.
O debate contou com representantes da Funai, Agehab, Prefeitura de Campo Grande, Conselho de Direitos Indígenas e Pastoral Indigenista, além de apoiadores da causa. A audiência encerrou com o compromisso de novas discussões em novembro, dando continuidade à formulação de políticas públicas que garantam moradia digna e respeito à cultura indígena em Campo Grande.
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