A pecuária pantaneira, praticada há mais de 300 anos, receberá atenção redobrada com o novo Plano de Fortalecimento das Cadeias Pecuárias do Pantanal, elaborado pelo Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc). O plano traz um diagnóstico detalhado do setor e propõe estratégias para tornar a produção mais sustentável e integrada às políticas de conservação ambiental.
O estudo foi apresentado à equipe técnica da Semadesc, incluindo o secretário Jaime Verruck, o secretário-adjunto Arthur Falcette e os secretários-executivos Rogério Beretta (Desenvolvimento) e Ricardo Senna (Ciência e Tecnologia). Os consultores Marcelo Rondon de Barros e Janielly Barros foram responsáveis pela elaboração do material.
A bovinocultura de corte, que representa 22,7% do rebanho estadual com mais de 4,2 milhões de cabeças, é a principal atividade econômica da região e movimentou mais de R$ 5 bilhões em 2024 apenas com a comercialização de bezerros e bois. O plano propõe a criação de selos de origem, ampliação da habilitação de frigoríficos para exportação, rastreabilidade do couro e pagamento por serviços ambientais (PSA) como ferramentas de valorização da produção.
“Temos agora um plano de desenvolvimento com inúmeras ações relativas à região. A ideia com este diagnóstico é olharmos a região sob um olhar diferente de cada um dos pantanais”, destacou Jaime Verruck. Segundo ele, “hoje, 45% dos animais abatidos estão em programas do governo estadual, como o Precoce MS ou a Pecuária Sustentável. Isso mostra que estamos no caminho certo, de desenvolvimento com sustentabilidade”.
Além da bovinocultura, o diagnóstico também abrangeu cadeias produtivas como apicultura, piscicultura, ovinocultura, equideocultura e criação de jacarés, em 11 sub-regiões do Pantanal — inclusive áreas do Mato Grosso e do Pantanal do Paraguai.
A ovinocultura, embora tenha registrado queda no rebanho, voltou a crescer em abates e faturamento, impulsionada pela valorização da raça pantaneira. O plano propõe medidas como o reconhecimento genético da raça, combate à informalidade e protocolos de produção sustentável.
Na apicultura e meliponicultura, destaca-se o registro da Indicação Geográfica do Mel do Pantanal, embora ainda existam desafios logísticos e de informalidade. A proposta inclui mais assistência técnica, capacitação de produtores, estudos sobre espécies nativas e seguros específicos para o setor.
Com relação à piscicultura, limitada por legislação ambiental e fatores naturais, o plano propõe investimentos em genética e manejo sustentável para torná-la mais viável. A criação de jacarés, por sua vez, ganha força com sistemas de produção como headstarting, voltados à geração de renda para pequenos produtores, além de certificações e ampliação de mercados.
A equideocultura, fundamental para a operação de fazendas pantaneiras, será incentivada com ações voltadas à valorização da raça pantaneira e registro correto dos animais.
O plano também aponta a necessidade de melhorias em logística (estradas, portos e acesso fluvial), modernização das inspeções sanitárias e integração de políticas públicas para garantir equilíbrio entre produção e conservação. Foram utilizados dados de órgãos como IBGE, Iagro, Agraer e Senar.
“A ampliação das ações da Semadesc nas cadeias pecuárias é essencial para fortalecer a economia do Pantanal. O diagnóstico traz um olhar diferenciado para cada região, considerando suas características específicas”, completou Verruck.
O estudo também serve de base para o avanço de políticas como o Pacto do Pantanal e o PSA, promovendo uma pecuária que respeita os limites do bioma e garante renda para quem vive dele.