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Polícia Sábado, 30 de Novembro de 2024, 10:29 - A | A

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Resgate

Mais 15 trabalhadores são resgatados de condições degradantes em fazenda de Mato Grosso do Sul

Trabalhadores, entre os quais um adolescente, viviam em alojamentos precários, feitos de lona, com piso de chão batido e expostos às intempéries

Viviane Freitas
Capital News

Na terça-feira (26), 15 trabalhadores, incluindo um adolescente, foram resgatados de condições degradantes em uma fazenda na zona rural de Corumbá (MS). A ação foi conduzida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT-MS), em parceria com o Ministério do Trabalho e Emprego, a Polícia Federal, o MPU e a Polícia Militar Ambiental. O resgate destaca a gravidade da situação, com o jovem sendo exposto às mesmas condições subumanas que os adultos.

Esta operação é a segunda ação do MPT-MS em menos de uma semana. No final de novembro, 31 trabalhadores indígenas paraguaios, incluindo quatro adolescentes, foram resgatados em condições análogas à escravidão em duas propriedades rurais, envolvendo tráfico humano. As vítimas estavam sendo forçadas a trabalhar na colheita de mandioca, com suas condições de vida e trabalho degradantes e insalubres.

Os trabalhadores resgatados em Corumbá estavam realizando atividades de cercamento em uma fazenda, onde viviam em alojamentos improvisados com lonas e piso de chão batido. A água que consumiam era imprópria, turva e armazenada de maneira insalubre. Não havia banheiros ou qualquer estrutura mínima para higiene, obrigando-os a realizar suas necessidades no mato. A falta de privacidade era evidente, com os banhos sendo tomados ao lado dos barracos.

Além das condições precárias, os trabalhadores enfrentavam riscos à saúde e segurança. Sem Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), operavam motosserras e realizavam outras atividades perigosas sem treinamento. As refeições eram feitas ao ar livre, em condições insalubres. Os relatos de um trabalhador resgatado indicam que a água turva que consumiam causou episódios de diarreia entre os membros do grupo.

Após o resgate, o proprietário da fazenda e o gerente foram convocados para uma audiência extrajudicial, realizada em 28 de novembro. Durante a audiência, foi acordado um total de R$ 850 mil em danos morais para os trabalhadores, além de R$ 123.156,61 em verbas rescisórias. As vítimas também terão seus registros de trabalho regularizados, e o acordo impôs obrigações para melhorar as condições de trabalho, como fornecer EPIs, garantir alimentação adequada e realizar exames médicos obrigatórios.

A presença de um adolescente nas condições descritas na fazenda agravou ainda mais o cenário, evidenciando a vulnerabilidade de crianças e adolescentes em situações de trabalho escravo. O acordo firmado durante a audiência garantiu a reparação financeira para as vítimas, e o procurador do MPT, Paulo Douglas Almeida de Moraes, destacou a importância de combater essa cultura de exploração, que ainda persiste em algumas regiões, apesar dos avanços na legislação trabalhista. O MPT-MS segue comprometido em erradicar essas práticas desumanas e em garantir justiça para as vítimas de trabalho escravo contemporâneo.

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