Há aspectos psicológicos do pós-guerra que são pouco tratados na literatura e no cinema. Trabalhar nesse espectro emocional é justamente esse o grande mérito do filme “The Aftermath”, baseado em romance de Rhidian Brook a partir da história da própria família. Acertos e erros durante período são trabalhados com habilidade e densidade.
Unesp

Oscar D'Ambrosio
Dirigida por James Kent e com a esplendorosa atuação de Keira Knightley no papel de esposa de um militar inglês que atua em Hamburgo, Alemanha, a obra foca como os primeiros anos após a Segunda Guerra foram muito duros para os sobreviventes, em um processo lento e traumático de cicatrizar feridas existentes e abrir novas.
Keira interpreta as ambiguidades de uma mulher que perdeu o filho, ainda criança, em um bombardeio na Inglaterra, e que, anos depois, passa a morar, na cidade alemã, em uma bela casa requisitada pelos Aliados, em posição de superioridade, mas com a incômoda companhia dos até então donos da residência, um arquiteto viúvo e uma filha que se opõe ao domínio inglês e americano.
Incapaz de lidar com a perda do filho, o casal britânico corre o risco de sucumbir. Ele não consegue conviver mais proximamente da esposa, que lhe recorda o menino tragicamente falecido; ela sente a falta do marido, tanto durante o processo de luto como no aspecto sexual. Em meio a isso tudo, as idas e vindas das emoções se realizam com dor e poucas alegrias.
*Oscar D’Ambrosio
Jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
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