A Embrapa Agropecuária Oeste, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, sedia hoje (20) e amanhã (21), no município de Dourados, o 2º Seminário de Agroecologia de Mato Grosso do Sul. A abertura do evento conta com a conferência “Agroecologia: Nova Ciência para Apoiar a Transição à Agricultura Sustentável”, proferida por Francisco Roberto Caporal, da Associação Brasileira de Agroecologia e Secretaria de Agricultura Familiar (Ministério do Desenvolvimento Agrário), de Brasília.
Entre os temas a serem tratados no seminário está a “conversão agroecológica”. Segundo o pesquisador e presidente da comissão organizadora do evento, Milton Parron Padovan, o processo de mudança do modelo de agricultura convencional - predominantemente praticado pelos agricultores - para a adoção de princípios agroecológicos não se viabiliza apenas com a troca de insumos nos sistemas de produção, ou seja, deixar de usar insumos químicos (adubos químicos e agrotóxicos, por exemplo) para usar os orgânicos, biológicos ou afins.
De acordo com ele, o processo é bem mais amplo. “Inicialmente, faz-se necessária a conscientização da real situação da agricultura convencional, como os resultados econômicos predominantemente desfavoráveis aos agricultores de pequenas propriedades, os elevados níveis de destruição ambiental (biodiversidade, o solo e os recursos hídricos), a desvalorização da cultura das famílias de agricultores tradicionais, o elevado êxodo rural e as perspectivas para o futuro”, explica Padovan.
Etapas
O pesquisador acrescenta que outra etapa fundamental do processo é a conscientização de que a agroecologia é capaz de proporcionar melhorias na qualidade de vida da família, através de processos de produção mais harmônicos com o meio ambiente, com maiores possibilidades de garantir a segurança alimentar, assim como a geração de renda, pois um dos princípios básicos é a diversificação de cultivos e criações.
“É lógico que essa mudança não ocorre de um dia para o outro. Trata-se de uma reeducação quanto à maneira de ver e lidar com a propriedade rural e, consequentemente, na prática da agricultura”, comenta. Ele diz que a mudança de postura e da forma de agir é sempre difícil, pois gera “insegurança e incertezas”.
Entre as práticas que resultam em benefícios ao complexo sistema solo estão: manutenção do solo coberto o ano todo – cobertura viva (plantas) e morta (palhadas); oferta permanente de “materiais orgânicos” ao solo (adubação verde diversificada; aproveitamento de palhadas, estercos de bovinos, aves, ovinos, caprinos, suínos, eqüinos, bicho da seda; compostos orgânicos produzidos na propriedade, e húmus de minhocas); diversificação de cultivos e criações; rotação de culturas; sistema agroflorestal e sistema silvipastoril.
“É importante saber que um sistema de produção agroecológico nunca está completamente pronto. Quando alcança um bom nível de equilíbrio, encerra-se a fase mais crítica. No entanto, inicia-se a fase de manutenção e ajustes menores, que dura para sempre, tendo na natureza a grande referência que sempre deu certo”, conclui Padovan.
Seminário
O 2º Seminário de Agroecologia de Mato Grosso do Sul é uma realização da Embrapa Agropecuária Oeste, Embrapa Gado de Corte, Embrapa Pantanal, Superintendência Federal de Agricultura (SFA/MS), Associação de Produtores Orgânicos de Mato Grosso do Sul (Apoms), Secretaria de Estado da Produção (Seprotur), Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer), governo de MS, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e Governo Federal. O evento é promovido pela Associação Brasileira de Agroecologia e Comissão Estadual de Produção Orgânica de Mato Grosso do Sul (Ceporg/MS). O apoio é do Sebrae e da Prefeitura de Dourados.