Ter ou não ter filhos? Eis a questão. Essa é a pergunta que muitos casais com ou sem filhos fazem a partir dos mais variados contextos conjugais. Seja como for, o caminho para isso passa pela escolha de um método contraceptivo.
Entre as inúmeras técnicas de controle da natalidade disponíveis, uma das mais conhecidas é a vasectomia. No entanto, muitos homens, por medo, dúvidas ou desinformação, desconsideram essa possibilidade.
A vasectomia é uma cirurgia simples que leva de 15 a 20 minutos e não há necessidade de internação. O procedimento pode ser feita pelo Sistema Único de Saúde (SUS) gratuitamente.
Desde 2022 uma lei federal reduziu para 21 anos a idade mínima de homens e mulheres para a esterilização voluntária e acabou com a exigência do consentimento do cônjuge para realização da laqueadura e vasectomia. Para esclarecer os mitos e verdades em torno deste tema, o Capital News conversou com o urologista Dr. Danilo Galante.
Formado em medicina pela Universidade Federal de São Paulo, Galante tem especialização em Urologia pela UNESP é Pós-graduado em Cirurgia Robótica pelo Hospital Oswaldo Cruz – SP, tem doutorado na USP além de Fellow Observer of Johns Hopkins School of Medicine Brady Urological Institute Laparoscopic and Robotic Urologic Surgery.
O médico também é membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia e Instrutor do ATLS (Advanced Trauma Life Support), atua em áreas diversificadas como Cálculos Urinários; Infertilidade (incluindo Reversão de Vasectomia), Disfunção Sexual e Cirurgia Robótica.
1. Capital News: Como funciona o procedimento de vasectomia e serve para que? É doloroso?
A vasectomia é uma das principais cirurgias de urologia, segura, e pode ser realizada em consultório
Dr. Danilo Galante: A vasectomia é uma das principais cirurgias de urologia, segura, e pode ser realizada em consultório. A cirurgia é feita com anestesia local, com pequeno corte no escroto. Dura cerca de 30 minutos e o paciente pode voltar para casa andando ou até mesmo dirigindo.
2. Capital News: A cirurgia é reversível?
Dr. Danilo Galante: É um procedimento reversível, porém é importante que o homem tenha certeza quando decide por operar, uma vez que o sucesso da reversão pode variar muito com o tempo.
3. Capital News: O homem corre o risco de ficar impotente? Por quê?
Dr. Danilo Galante: Não. O homem fica estéril e não infértil porque ainda produzirá espermatozoide.
4. Capital News: É possível a mulher engravidar após a cirurgia?
Anderson Oliveira/Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas
É um procedimento reversível, porém é importante que o homem tenha certeza quando decide por operar, alerta
Dr. Danilo Galante: Sim, uma vez que logo após a cirurgia, ainda existem espermatozóides no líquido seminal. Estes somem depois de, aproximadamente, 20 ejaculações.
5. Capital News: E no que se refere a libido, interfere?
Dr. Danilo Galante: A cirurgia não causa impotência sexual e nem perda de libido.
6. Capital News: O organismo continua produzindo espermatozóides?
Dr. Danilo Galante: Sim, imediatamente após a cirurgia, ainda existem espermatozóides no líquido seminal, que sumiram após aproximadamente 20 ejaculações. Após esse número de ejaculações é recomendado ao paciente que realize um espermograma. Exame com ausência de espermatozoides indica sucesso na cirurgia;
7. Capital News: Quem deve fazer vasectomia? Existe uma idade ideal para fazer essa cirurgia?
Não há uma idade máxima para a cirurgia
Dr. Danilo Galante: Pela lei de planejamento familiar brasileira o homem precisa ter ao menos 21 anos ou 2 filhos. Não há uma idade máxima para a cirurgia. Não é necessária a assinatura do cônjuge (mudou na nova lei).
8. Capital News: O que deve ser levado em conta na hora de fazer esse procedimento?
Dr. Danilo Galante: A vontade ou a necessidade de se tornar estéril, mas não infértil.
9. Capital News: Existe relação entre a cirurgia e o câncer de próstata?
Dr. Danilo Galante: Não existe relação da vasectomia com a qualquer tipo de câncer
10. Capital News: A ejaculação fica comprometida?
Dr. Danilo Galante: Não, de forma alguma.
11. Capital News: Previne doenças sexualmente transmissíveis
Dr. Danilo Galante: Muita gente se submete a este procedimento para deixar de usar preservativo com intenção de não engravidar a parceira, mas para evitar as ISTs está completamente errado. Não previne nada.