As lavouras de milho em Mato Grosso do Sul apresentam condições favoráveis em cerca de 44% da área cultivada, conforme levantamento do Projeto SIGA-MS, da Associação dos Produtores de Soja de MS (Aprosoja/MS). Dados até 16 de maio apontam que nas regiões nordeste, norte, oeste e sudoeste, entre 78,6% e 95,9% das áreas estavam em boas condições, com índices baixos de lavouras em situação regular (até 13,7%) e ruim (até 7,7%).
Segundo o coordenador técnico da Aprosoja/MS, Gabriel Balta, a manutenção desse desempenho depende de precipitações regulares nas próximas semanas. “A continuidade do bom desempenho depende da ocorrência de chuvas nos próximos 15 a 30 dias, essenciais para o encerramento adequado do ciclo produtivo”, afirmou.
Por outro lado, nas regiões centro, sudeste, sul-fronteira e sul, que representam 56% da área cultivada, o cenário é menos otimista. Nelas, até 18,5% das lavouras estão em condição ruim, enquanto até 26,8% são classificadas como regulares. As lavouras em boas condições nessas áreas não ultrapassam 74,9%. A principal causa da piora é a escassez de chuvas nos últimos 15 dias, com acumulados entre 6 mm e 40 mm, abaixo dos níveis observados nas demais regiões.
Alerta de geada agrava preocupações
O risco climático deve se intensificar nos próximos dias. Um alerta meteorológico emitido pelo Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de MS (Cemtec/MS) aponta a chegada de uma massa de ar polar entre 27 de maio e 5 de junho, com temperaturas mínimas previstas entre 5 °C e 9 °C. O fenômeno pode ser acompanhado de chuvas e tempestades com raios, com acumulados acima de 40 mm, especialmente entre os dias 27 e 28. Há também risco de geada localizada, principalmente em municípios de fronteira com topografia acentuada e solo úmido.
A Aprosoja/MS avalia que a possível ocorrência de geadas durante esse período pode atingir lavouras em estágios críticos como VT, R1, R2 e R3, que juntos representam mais de 60% da área cultivada no Estado.
“Estes estágios são altamente sensíveis a baixas temperaturas. A ocorrência de geadas, mesmo que leves e localizadas, pode comprometer a polinização, enchimento de grãos, causar abortamento e, consequentemente, reduzir o potencial produtivo de forma significativa”, alerta a entidade.
O risco é ainda maior nas regiões centro-sul e sul-fronteira, onde o déficit hídrico já limitava o desenvolvimento das plantas, tornando as lavouras ainda mais vulneráveis ao frio intenso.
Monitoramento e planejamento como resposta
Apesar das incertezas, a expectativa da Aprosoja/MS é que os impactos não sejam severos. A entidade reforça a importância do monitoramento constante das lavouras, do uso de dados fenológicos e climáticos integrados e do escalonamento de plantio em safras futuras para evitar coincidências entre fases sensíveis do milho e eventos climáticos extremos.