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Agronegócio Sexta-feira, 27 de Junho de 2025, 10:45 - A | A

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Mercado Agrícola

Café segue caro no mercado mesmo com queda no campo

Colheita derruba cotação no produtor, mas preço ao consumidor ainda sobe

Viviane Freitas
Capital News

Mesmo com a colheita em andamento desde março, os consumidores ainda não sentiram alívio no bolso. O preço do café moído subiu 2,86% em junho, segundo o IPCA-15, e acumula alta de 81,6% em 12 meses. No entanto, no campo, o valor do café arábica já recuou 17% desde o pico de fevereiro, segundo dados do Cepea/Esalq-USP. A expectativa de economistas é que o repasse ao consumidor aconteça de forma lenta a partir do segundo semestre.

O analista Fernando Maximiliano, da consultoria StoneX, explica que o intervalo entre a colheita e a chegada do café torrado às prateleiras leva tempo. “É preciso colher, secar, beneficiar, enviar à indústria e, só depois, embalar e distribuir”, afirmou. Carlos Cogo, da Cogo Inteligência em Agronegócio, reforça: “A queda para o consumidor será gradual, mas só em 2026 podemos esperar valores mais baixos nos supermercados”.

A redução das cotações no campo tem relação com o avanço da colheita brasileira e com a expectativa de recuperação da produção em países do Sudeste Asiático, como Vietnã e Indonésia. A safra de robusta, irrigada e menos afetada pelo clima, deve crescer 28% no Brasil, enquanto a de arábica pode cair 6,6% por causa da seca. Além disso, o consumo interno recuou, pressionado pelos altos preços ao consumidor.

A disparada de preços no início do ano se deu por uma combinação de fatores: exportações brasileiras acima de 50 milhões de sacas, estoques reduzidos, problemas logísticos no Mar Vermelho por conta da guerra no Oriente Médio e antecipação de compras da Europa antes da aplicação de uma nova lei contra importações de áreas desmatadas. Agora, com estoques baixos e preços futuros mais baixos que os atuais, a indústria vem evitando armazenar o produto, o que também retarda o alívio para o consumidor.

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