Um mês após a divulgação dos primeiros casos de intoxicação por metanol em bebidas adulteradas, autoridades de saúde e segurança pública de vários estados intensificaram ações de fiscalização, testagem e monitoramento. Desde 26 de setembro, quando o alerta foi emitido pelo Ciatox de Campinas (SP), já foram confirmados 58 casos e 15 mortes, segundo o último boletim divulgado na sexta-feira (24).
As investigações apontam que a falsificação de bebidas alcoólicas utilizou álcool combustível adulterado com metanol, identificado posteriormente em postos de combustíveis na Grande São Paulo. O produto contaminado foi o ponto de origem provável da crise, que também afetou Paraná, Pernambuco, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.
As primeiras medidas incluíram a criação de hospitais de referência e o reforço nos Centros de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox), que assumiram a linha de frente na detecção dos casos. A vigilância sanitária e as polícias civis atuaram em pontos de venda e distribuição de bebidas, recolhendo amostras para análise.
Em 7 de outubro, o governo federal criou um comitê interinstitucional para coordenar as ações e distribuiu etanol farmacêutico e o antídoto fomepizol aos hospitais-pólo. Já no dia 8, o Instituto de Criminalística de São Paulo confirmou que o metanol encontrado em garrafas analisadas havia sido adicionado artificialmente, em concentrações muito acima das possíveis por destilação natural.
“O primeiro ciclo foi fechado. Vamos continuar as diligências para identificar a origem de todas as bebidas adulteradas no estado”, afirmou o delegado-geral da Polícia Civil, Artur Dian, após a localização dos dois postos de combustíveis que venderam o produto contaminado.
A integração entre Ciatox Campinas e o Laboratório de Toxicologia da USP permitiu acelerar as análises e reduzir o impacto no comércio — segundo a Abrasel, o consumo em bares e restaurantes caiu cerca de 5% em setembro.
Enquanto isso, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) desenvolveu um “nariz eletrônico”, equipamento que detecta a presença de metanol a partir de uma única gota de bebida. “O nariz eletrônico transforma aromas em dados, e a inteligência artificial aprende a reconhecer a assinatura do cheiro de cada amostra”, explicou o professor Leandro Almeida, do Centro de Informática da UFPE.
Além das investigações criminais, o tema chegou ao Poder Legislativo. Em São Paulo, uma CPI sobre bebidas adulteradas inicia os trabalhos nesta terça-feira (28). Já na Câmara dos Deputados, pode ser votado o Projeto de Lei 2307/07, que torna crime hediondo a adulteração de alimentos e bebidas.
O balanço nacional aponta ainda 50 casos em investigação, 635 notificações descartadas e nove mortes sob análise — quatro em Pernambuco, duas no Paraná, uma em Minas Gerais, uma em Mato Grosso do Sul e uma em São Paulo.
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