O senador Waldemir Moka (PMDB) defendeu o plantio de cana-de-açúcar no Pantanal. Ele expôs a opinião ontem (26) durante audiência pública da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária, que discutiu o PLS 626/2011, do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), que libera áreas de cerrado e campos gerais na Amazônia Legal para o cultivo de cana.
A liberação do cultivo de cana na Amazônia e no Pantanal também recebeu o apoio dos senadores Sérgio Souza (PMDB-PR) e Ivo Cassol (PP-RO), mas o senador Delcídio Amaral (PT-MS) recomendou cautela e apontou o risco de a medida resultar em uma barreira ambiental ao etanol brasileiro.
Defendendo o fim da restrição do plantio no Pantanal, Moka afirmou em entrevista à Agência Senado que os agricultores da região praticam formas sustentáveis de exploração dos recursos - o que seria comprovado pelo fato de 78% do bioma ainda estar preservado.
Para ele, o zoneamento agroecológico feito pelo Governo do Estado permite saber onde é seguro plantar cana-de-açúcar, mesmo na BAP (Bacia do Alto Paraguai), região do Pantanal, explicou a assessoria do parlamentar. O congressista está no interior de Mato Grosso do Sul e os celulares dele e do motorista estão fora de área de serviço.
O macrozoneamento ecológico-econômico levou seis meses para ficar pronto e contou com o apoio de 53 entidades, incluindo Ministério do Meio-Ambiente, da Agricultura e Pecuária, Embrapa e Ongs de proteção ambiental.
Ainda na audiência ontem, Cid Jorge Caldas, representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, informou que um estudo, realizado em 2008, indicou a existência de 64 milhões de hectares aptos para a cultura de cana-de-açúcar.
Há anos, a vinda de indústria e o plantio de cana-de-açúcar tem dividido opiniões em Mato Grosso do Sul. Em 2005, o ambientalista Francisco Anselmo Gomes de Barros, o Franselmo, chegou a atear fogo contra o próprio corpo em uma tentativa desesperada, mas que deu resultado, de tentar impedir o Governo do Estado de mudar a legislação que protegia o Pantanal.
O problema do plantio e instalações de usina de álcool nas áreas permeáveis é que um acidente com o vinhoto, um subproduto da produção do álcool, carregado de metais pesados, poderia prejudicar o ecossistema pantaneiro. Agrotóxicos usados na monocultura de cana-de-açúcar também poderiam causar poluição na bacia, que funciona como o ralo de uma banheira, atraindo todo corpo d'água para o Pantanal.
O site Capital News tentou entrevistar representantes da Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária) e da organização não governamental Ecoa – Ecologia em Ação, mas em razão do feriado não encontrou ninguém para falar sobre o assunto.