Um dia, ela resolveu que tinha crescido e quis sair por aí, ventando maluquices, dançando com o tempo. Ela só tinha vinte e poucos anos. Sonhou com aquela liberdade, com desejos realizados e até tinha a chave de casa. Agora era ela quem pagava o aluguel e as contas do mês.
No mercado, se sentia ainda mais dona de si escolhendo marcas de produtos de limpeza e papel higiênico. Achava o máximo esse poder de escolha, recém saída da faculdade, com um emprego bacana, morando fora, entrando e saindo quando quisesse.
Ela se atropelou. Não soube lidar com toda aquela liberdade de cintura fina, cabelo enorme e sorriso sonhador!
Ela não soube pegar leve na velocidade. Não soube bebericar a vida …
Não, ela empoderou-se de sentimentos e bebeu tudo de uma só vez. Tomou um verdadeiro porre do viver.
Passou pela humilhação de ser considerada louca, julgada inconsequente, irresponsável … Por que? Se apaixonou demais, o que pra ela, cheia de hipérboles, era apenas um pleonasmo, mas se viu obrigada a parar.
Algum crime?
Não! Ela só tinha 21 anos e esperava … Gostava tanto da vida que resolveu dar vida a outra vida.
Não, isso não foi resolvido assim. Na verdade ela não percebeu, não se deu conta, não entendeu e de repente…
Ela sobreviveu muito bem a tudo isso e ainda hoje coleciona histórias de uma vida cheia de amores e cores.
Estavam errados sobre ela. Vinte e poucos anos se passaram desde que ela fez vinte. Ela continua ávida de amor e ainda toma o porre do viver.