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Coluna Geração Agora

Tarifas internacionais aumentam pressão sobre o varejo e podem impulsionar nova onda de inadimplência no Brasil

Por Alan Santana

Da coluna Geração Agora
Artigo de responsabilidade do autor

Medida dos EUA afeta exportações brasileiras, encarece produtos e pode agravar atrasos nos pagamentos

Reprodução/Freepik

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Em vigor desde 6 de agosto, a tarifa de 50% imposta pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros já começa a impactar a economia. Mesmo com algumas isenções, diversos segmentos, incluindo o varejo, precisam lidar com a taxação.

Como o Brasil exporta uma ampla variedade de itens para o mercado norte-americano, especialistas alertam para possíveis impactos. No setor de calçados, por exemplo, a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) estima que até 20 mil empregos possam ser perdidos.

Diante desse cenário, a inadimplência, que já apresentou alta no mês passado, tende a crescer. O tarifaço pressiona os juros e encarece o crédito, elevando os custos do varejo e reduzindo o poder de compra da população.

Impactos das tarifas no varejo nacional

Segundo maior parceiro comercial do Brasil, os Estados Unidos importam diversos produtos brasileiros. Por isso, as tarifas de 50% anunciadas por Donald Trump afetam diferentes setores.

Embora o debate costume se concentrar em itens estratégicos, como carne, café e suco de laranja, o varejo também sofre. Para a Abicalçados, 80% dos lojistas do setor calçadista serão impactados.

De acordo com Haroldo Ferreira, presidente da associação, as exportações podem cair até 9%. Inicialmente, a previsão é de perda de oito mil empregos, podendo chegar a 20 mil em um cenário mais adverso.

O mercado norte-americano é o principal destino internacional dos calçados brasileiros e vinha apresentando resultados positivos. No último semestre, foram enviados 5,8 milhões de pares, alta de 13% em relação a 2024.

Além disso, a situação pode se agravar caso o Brasil adote tarifas recíprocas, hipótese discutida pelo governo. Para Fabrício Tonegutti, da Mix Fiscal Inteligência Tributária, as importações de produtos dos EUA poderiam cair até 30%, segundo declarou à revista SuperVarejo.

Tarifaço pode aumentar inadimplência no Brasil

Além de afetar as exportações, a medida norte-americana pode, de forma indireta, elevar a inadimplência no varejo. Isso porque a perda de renda e a redução do consumo tendem a levar consumidores a adiar pagamentos.

A alta do dólar encarece insumos e pressiona preços. Além disso, com juros elevados, o crédito fica mais caro, dificultando renegociações e aumentando atrasos tanto entre consumidores quanto entre lojistas.

Segundo o Índice de Inadimplência do Meu Crediário, 9,45% dos brasileiros estavam inadimplentes em julho. O resultado é superior ao registrado no mesmo período do ano anterior, indicando um patamar ainda elevado.

No recorte regional, o Sudeste lidera com 10,58%, seguido de perto pelo Norte (10,53%). O Centro-Oeste apresenta o menor índice (8,55%), enquanto Nordeste (9,82%) e Sul (8,92%) ocupam posições intermediárias.

Entre os segmentos varejistas, roupas e calçados concentram a maior inadimplência, com 11,25% dos consumidores endividados. Diante desse quadro, é preciso cautela para mitigar os efeitos da nova tarifa.

De modo geral, a inadimplência já está em nível alto e deve sentir ainda mais os reflexos da taxação dos EUA. Para lojistas, a recomendação é investir em negociação de dívidas, análise rigorosa de crédito e estratégias de fidelização para evitar que a pressão se transforme em crise interna.

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