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Coluna Geração Agora

Indústria aposta em métodos de conservação para frear emissões causadas pelo desperdício de alimentos

Por Alan Santana

Da coluna Geração Agora
Artigo de responsabilidade do autor

Tecnologias de preservação avançam e ajudam a reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa atribuídas ao descarte de alimentos

Reprodução/Freepik

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O mês de novembro está sendo marcado pela realização da COP30 em Belém, evento que coloca em discussão as mudanças climáticas e as ações necessárias para proteger o futuro do planeta. Entre os temas centrais está a emissão de gases do efeito estufa (GEE), e o desperdício de alimentos aparece como um dos principais responsáveis por esse cenário.

Atualmente, o descarte de alimentos é responsável por até 10% das emissões globais de GEE. Para efeito de comparação, o impacto é cinco vezes maior do que o provocado pelo setor da aviação.

Todos os anos, cerca de um bilhão de toneladas de resíduos alimentares são gerados no mundo, o que reforça a urgência de soluções eficientes. Entre elas, os métodos de conservação ganham cada vez mais destaque.

Desperdício de alimentos impacta diretamente o meio ambiente

Cada alimento descartado representa energia, recursos naturais e processos produtivos utilizados sem retorno. Quando chegam aos aterros, esses resíduos entram em decomposição anaeróbica e liberam metano, gás com potencial de aquecimento global até 80 vezes maior que o CO₂.

Além disso, o impacto ambiental começa ainda na produção, com emissões geradas durante o cultivo, transporte, refrigeração e armazenamento de alimentos que não serão consumidos.

O Brasil está entre os países mais afetados por esse cenário. Segundo o World Resources Institute (WRI), o país ocupa a décima posição no ranking mundial de desperdício de alimentos.

Somente no setor de restaurantes, até 10% dos itens comprados são descartados antes do consumo. No total, mais de 40 mil toneladas são jogadas fora anualmente.

Métodos de conservação ganham força na indústria

Na indústria de alimentos, os métodos de conservação são essenciais para prolongar a vida útil dos produtos e reduzir perdas. Essas técnicas atuam como barreiras contra fatores que aceleram a deterioração, garantindo maior segurança e qualidade.

Com os avanços tecnológicos, esses processos vêm se tornando mais eficientes. Segundo o portal Food Connection, os principais métodos de conservação de alimentos utilizados incluem:

• Refrigeração: mantém os alimentos entre 0°C e 10°C, reduz a ação de microorganismos e preserva textura e sabor por dias ou semanas. Indicada para carnes frescas, laticínios e frutas.

• Congelamento: armazena os alimentos abaixo de -18°C, interrompendo quase totalmente o desenvolvimento microbiano. Permite conservação por meses com bom valor nutricional.

• Pasteurização: realiza aquecimento rápido de líquidos para eliminar bactérias sem alterar a qualidade. Utilizada em leite, sucos e cervejas.

• Esterilização: utiliza temperaturas acima de 100°C para eliminar todos os micro-organismos, inclusive esporos. Comum em alimentos embalados como sopas e leite UHT.

• Liofilização: remove água por congelamento e sublimação, mantendo textura e nutrientes. Aplicada em café solúvel, frutas e alimentos para expedições.

• Desidratação: reduz a umidade por meio de calor e dificulta a proliferação de microorganismos. É uma alternativa econômica, usada em frutas secas, vegetais e carnes.

Existem ainda outras técnicas complementares, aplicadas conforme o tipo de alimento e o objetivo do processo produtivo.

Tecnologia é aliada para reduzir perdas

A tecnologia tem papel estratégico na redução do desperdício, ao prolongar a vida útil dos alimentos e minimizar riscos no armazenamento e no transporte. Sistemas digitais permitem o controle automático de temperatura e umidade, prevenindo perdas antes que ocorram.

Com o uso de inteligência artificial, empresas conseguem prever a demanda e definir o método de conservação mais adequado para cada produto. Soluções como refrigeração controlada e embalagens ativas passaram a ser aplicadas com maior precisão, evitando vencimentos antecipados e excesso de produção.

O mercado global de tecnologia alimentar, estimado em US$ 210,9 bilhões em 2024, deve alcançar US$ 460 bilhões até 2034, com crescimento anual superior a 8,2%.

Ao otimizar os processos de conservação, o setor reduz os impactos ambientais associados ao descarte de alimentos e contribui para práticas mais sustentáveis, alinhadas às metas globais de redução de emissões que ganharam destaque durante a COP30.

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