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Fronteira do Negócio Segunda-feira, 08 de Dezembro de 2025, 11:57 - A | A

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Coluna Fronteira do Negócio

Cresce a migração para o trabalho independente no país

Por Alan Santana

Da coluna Fronteira do Negócio
Artigo de responsabilidade do autor

O avanço do empreendedorismo individual acompanha o aumento das formalizações de novos CNPJs, refletindo a mudança no perfil profissional e o interesse crescente por modelos mais flexíveis de atuação

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O movimento de transição do emprego tradicional para atividades autônomas ganhou intensidade nos últimos anos. Dados do Governo Federal mostram que mais de 1,4 milhão de CNPJs foram abertos apenas no primeiro trimestre de 2025, e aproximadamente 78% correspondem a microempreendedores individuais, evidenciando como a formalização de profissionais independentes passou a ocupar papel central na economia brasileira.
Nos últimos anos, o mercado de trabalho brasileiro tem passado por uma reconfiguração marcada pela busca de maior autonomia profissional e pela ampliação das formas de atuação independentes.

A transição do regime CLT para o modelo de pessoa jurídica deixou de ser um movimento restrito a setores específicos e passou a abranger profissionais das mais diversas áreas, especialmente os que prestam serviços digitais ou consultivos.

CLT x PJ: o que muda na prática

No regime tradicional regulado pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o empregado conta com direitos garantidos como:

• Férias remuneradas.
• Décimo terceiro salário.
• Aviso prévio.
• Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
• Contribuição ao INSS.

A empresa fica responsável pelo recolhimento de encargos sociais e pelo cumprimento da responsabilidade de manter a jornada máxima semanal do trabalhador de 44 horas.

Já no modelo em que o profissional atua como pessoa jurídica, ele conquista autonomia para definir sua carga horária, local de trabalho e a forma de entrega, negociando diretamente seus honorários e emitindo notas fiscais, mas também assume obrigações como pagamento de tributos, honorários contábeis e tem a ausência de benefícios assegurados pela CLT.

Como estruturar uma transição segura para o modelo PJ

Para que a migração do regime CLT para o PJ seja realizada com segurança, o profissional precisa antes de tudo estruturar uma organização financeira eficiente, contemplando a constituição de reserva de emergência para garantir liquidez em períodos de menor faturamento e uma precificação adequada dos seus serviços para compensar a perda dos benefícios típicos da CLT.

Em seguida, abrir a empresa, escolhendo o tipo jurídico apropriado e o código CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) que melhor se adequa à atividade, bem como contar com o apoio de contador para assessoramento contábil e tributário.

Cumpridas essas etapas, é necessário formalizar o CNPJ, definir o regime tributário mais vantajoso (geralmente o MEI) e estabelecer a emissão de notas fiscais juntamente com um controle de fluxo de caixa que permita acompanhar entradas e saídas.

Como observa o professor da FECAP Marcelo Treff, doutor em Ciências Sociais, em publicação no blog da universidade, “a migração de CLT para PJ exige planejamento e análise individual porque cada formato tem seu risco e suas oportunidades”.

Benefícios, previdência e estrutura de trabalho

A consolidação do trabalho em formato de pessoa jurídica implica uma nova forma de planejar a vida financeira e profissional, em que a segurança antes garantida pela carteira assinada precisa ser reconstruída com outras ferramentas.

Em vez de depender do depósito regular do FGTS ou do pagamento do 13º salário, o novo empreendedor passa a definir suas próprias estratégias de proteção, como a criação de uma poupança de longo prazo e o investimento em previdência privada.

A estruturação da nova rotina também inclui cuidados com saúde e bem-estar, como por exemplo a adesão à um plano de saúde PJ, e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional passam a depender de escolhas individuais, sustentadas por organização e constância.

Como o escritório virtual sustenta o profissional autônomo

Com a consolidação do trabalho remoto e a expansão dos serviços digitais, o escritório virtual passou a representar uma alternativa para quem atua como pessoa jurídica.

A modalidade permite registrar um endereço fiscal em regiões empresariais valorizadas, receber correspondências e manter um canal de atendimento formal, elementos que acabam reforçando a credibilidade da empresa e simplificando o processo de formalização.

O avanço da adoção desse modelo tem relação com a redução de custos fixos, já que elimina despesas de aluguel, energia elétrica e manutenção de um espaço físico, além de ampliar a mobilidade de profissionais que trabalham em regime híbrido ou totalmente remoto.

O formato tem sido adotado por consultores autônomos, profissionais de marketing, programadores e pequenas agências de tecnologia, que enxergam no escritório virtual uma forma de manter a estrutura profissional mesmo sem uma sede própria.

A ampliação desse formato também reflete um amadurecimento do ecossistema empreendedor, que passou a valorizar soluções mais eficientes para manter a formalidade e a organização administrativa.

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