Mudanças nos hábitos alimentares, incentivo à atividade física e atenção à saúde mental são apontados como pilares para frear o avanço da doença no país
A obesidade é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença global. No Brasil projeta-se um cenário preocupante: de acordo com o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), com as tendências atuais, o país pode atingir cerca de 30% da população adulta com obesidade em 2035, no entanto, através de estratégias bem definidas, essa incidência pode ser reduzida em até 25%.
Nas últimas décadas, o aumento da obesidade é um dos principais desafios de saúde pública no país. Segundo o Atlas Mundial da Obesidade, quase 70% da população brasileira está acima do peso e um em cada três é obeso. Entre as crianças, em apenas quatro décadas, o número de obesas aumentou dez vezes. Os hábitos alimentares cada vez mais ultraprocessados e a redução das atividades físicas cotidianas criaram um ambiente propício ao ganho de peso e ao surgimento de doenças crônicas associadas.
O estudo “Perfil nutricional e presença de ingredientes críticos em alimentos ultraprocessados no Brasil”, pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), aponta que 98% dos ultraprocessados vendidos no país contém ingredientes nocivos à saúde. A pesquisa analisou 10 mil produtos disponíveis em grandes redes de supermercados e mostra que pelo menos 97,1% deles apresentam pelo menos um componente em excesso, como sódio, gorduras, açúcares livres ou produtos para intensificar cor, sabor e textura.
Diante desse cenário, fica claro que combater a obesidade exige mudanças de comportamento, políticas públicas eficientes, seguras e novas formas de enxergar a relação com a comida e o corpo.
Tirar o foco da perda de peso
Muitos programas e mensagens de saúde colocam o peso corporal como o objetivo principal, porém há crescente consenso de que o foco deve ser a saúde e a qualidade de vida, não apenas o número na balança. O Manual de Atenção às Pessoas com Sobrepeso e Obesidade do Sistema Único de Saúde (SUS) indica que a perda de peso pode ser um resultado, mas não o único objetivo da intervenção.
Direcionar o foco para hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada, atividade física regular e bem-estar mental, torna possível criar condições para ganhos contínuos, invés de buscar “dietas milagrosas”. O tratamento deve favorecer os comportamentos positivos permanentes, sem a culpa ou pressão desmedida sobre o indivíduo.
Adotar uma alimentação adequada e saudável
A recomendação é priorizar alimentos in natura ou menos processados, como frutas, verduras, legumes, leguminosas e evitar alimentos ricos em calorias vazias, o Guia Alimentar para a População Brasileira reforça essa indicação. Um padrão alimentar saudável melhora diversos fatores de risco, entre eles pressão arterial, glicemia e colesterol, independentemente de uma grande perda de peso.
Para algumas pessoas, ainda que a meta seja modesta ou gradual, já existem benefícios concretos à saúde. Se o objetivo é fortalecer a alimentação, suplementos como o Whey Protein podem ser aliados, desde que usados com orientação adequada. Eles complementam a dieta, mas não substituem refeições balanceadas.
Praticar atividade física regularmente
Movimento não se limita em “queimar calorias”: é essencial para saúde cardiovascular, metabólica, equilíbrio emocional e longevidade. De acordo com uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas, a falta de atividade física é uma das variáveis mais associadas à obesidade. Indica-se encontrar modalidades de exercício que gosta e consiga incorporar à rotina, seja caminhada rápida, bicicleta, esporte de lazer ou musculação, para que a prática virar um hábito, não sacrifício.
Acolher e cuidar do lado emocional
A obesidade envolve também fatores emocionais, sociais e psicológicos. Cuidar da saúde mental significa criar redes de apoio, tratamento com nutricionistas, psicólogos, educadores físicos, além de políticas públicas que promovam a autoestima. No acolhimento espera-se que a pessoa se sinta protagonista de sua jornada.
Quando o sistema de saúde adota essa visão integral, que reconhece determinantes além das questões genéticas e metabólicas, é possível reduzir não apenas a incidência de novos casos, mas o avanço da doença em pessoas já afetadas, preservando qualidade de vida.
Conclusão
O Brasil conseguiria evitar cerca de 1 em cada 4 casos de obesidade projetados para 2035 ao aplicar quatro estratégias integradas: mudar o foco do peso para a saúde, melhorar a alimentação, incentivar a atividade física e acolher a dimensão emocional. O estudo do IESS mostra que políticas integradas podem reverter projeções alarmantes.




