Os desafios para empresas com alto faturamento e grande quantidade de funcionários no setor da logística são muitos. Alguns pontos como infraestrutura, mão de obra qualificada, inovação podem contornar os obstáculos e garantir sucesso nas entregas
Em 2025, o setor logístico brasileiro segue sendo vital para a economia, respondendo por aproximadamente 12 % do PIB, o que equivale a mais de R$ 1,2 trilhão em movimentação de cargas, e movimentando cerca de 750 milhões de toneladas via transporte rodoviário, segundo estimativas do Banco Mundial e da Confederação Nacional do Transporte.
O cenário, embora com números robustos, revela desafios que grandes empresas precisam enfrentar para operar com eficiência, segurança e competitividade.
Infraestrutura deficiente e custos crescentes
A malha rodoviária permanece como protagonista no transporte de cargas, mas enfrenta limitações como manutenção deficiente e infraestrutura inadequada. Essas condições elevam custos operacionais, aumentam o tempo de entrega e afetam negativamente a confiabilidade dos serviços.
Enquanto isso, a malha ferroviária ainda não atende à demanda nacional na medida certa. Sua expansão poderia aliviar pressões sobre as estradas e melhorar o desempenho logístico, especialmente em percursos de longa distância. O modal aquaviário, por sua vez, também apresenta potencial significativo, com a navegação interior crescendo mais de 110% entre 2014 e 2023, mas ainda depende de investimentos e dragagens para garantir fluxo e eficiência.
A esses gargalos estruturais somam-se as pressões econômicas. Em 2025, a Selic pode alcançar níveis acima de 14%, cenário que impõe cautela nos investimentos. A inflação elevada faz os custos com combustível, insumos e manutenção crescerem, especialmente em um ambiente de câmbio volátil e pressões externas. Essa combinação cria um ambiente desafiador para empresas que dependem de transporte diário em larga escala.
Escassez de mão de obra qualificada
Outro ponto crítico é a busca por profissionais com habilidades adequadas. A escassez de mão de obra qualificada exige que empresas invistam em treinamento contínuo ou busquem terceirização estratégica para manter operações resilientes e inovadoras.
Essa carência não se limita apenas a motoristas, mas também atinge gestores, analistas de dados e profissionais especializados em tecnologia aplicada à logística. O resultado é a dificuldade em implementar mudanças estratégicas de forma ágil, o que pode comprometer a competitividade no médio prazo.
Demanda por rapidez e inovação constante
O crescimento do e-commerce exige entregas mais rápidas e precisas. Grandes empresas precisam adaptar operações logísticas para atender ao consumidor moderno. Soluções como TMS, centros de micro-fulfillment e inteligência artificial na previsão de demanda ganham relevância.
Alexandre Trevisan, CEO da uMov.me, afirma: “roteirização inteligente, controle de entregas em tempo real e gestão da jornada do motorista já são práticas centrais para operações mais seguras e eficientes. Nesse cenário, a inteligência artificial atua como aliada ao processar grandes volumes de dados, revelar padrões ocultos e sugerir ajustes imediatos. Aplicada corretamente, permite decisões em tempo de execução, reduz custos, aumenta a confiabilidade e traz transparência para toda a cadeia logística”.
Incrementar modais sustentáveis, investir em digitalização, automação e integrar IoT e análise de dados são caminhos apontados como prioritários para reduzir custos e elevar eficiência. Esses avanços são particularmente relevantes em cadeias complexas, em que atrasos ou falhas podem comprometer toda a operação.
Conjuntura estratégica e infraestrutura com suporte técnico
O lançamento do Atlas CNT do Transporte 2025 trouxe um panorama atualizado e detalhado da infraestrutura logística nacional, incluindo análises por modal com recorte regional e recursos em 3D, que auxiliam decisões estratégicas de empresas e órgãos públicos. Esse tipo de ferramenta é fundamental para planejar rotas, identificar gargalos e mapear oportunidades de investimentos em infraestrutura.
Empresas que integram esse tipo de análise às suas operações conseguem maior previsibilidade de custos e melhor desempenho na escolha de fornecedores e parceiros. Isso também ajuda a criar planos de contingência diante de riscos climáticos, econômicos ou regulatórios.
Caminhos para contornar obstáculos
Diante de desafios tão significativos, as grandes empresas precisam adotar estratégias combinadas: diversificação de modais, investimentos em tecnologia, parcerias público-privadas, modernização da frota e aprimoramento do capital humano por meio de treinamentos.
Ferramentas como ERP avançado, sistemas de visibilidade e automação de ponta a ponta com o uso de aplicativo de logística conectam operação, gestão e parceiros, tornando a cadeia mais transparente, robusta e responsiva. Esse conjunto de soluções digitais permite que a tomada de decisão seja feita de forma mais ágil e baseada em dados concretos, reduzindo desperdícios e ampliando a capacidade de resposta.
No cenário atual, superar as deficiências da infraestrutura física e lidar com variáveis econômicas exige gestão ágil, visão estratégica e adoção de tecnologias que garantam maior controle e adaptabilidade operacional. Esse equilíbrio entre inovação e planejamento prepara as empresas para operar com mais solidez e competitividade num setor em constante transformação.