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Fronteira do Negócio Sábado, 04 de Outubro de 2025, 14:47 - A | A

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Coluna Fronteira do Negócio

Quais os desafios de logística para uma grande empresa?

Por Luisa Pereira

Da coluna Fronteira do Negócio
Artigo de responsabilidade do autor

Os desafios para empresas com alto faturamento e grande quantidade de funcionários no setor da logística são muitos. Alguns pontos como infraestrutura, mão de obra qualificada, inovação podem contornar os obstáculos e garantir sucesso nas entregas

Em 2025, o setor logístico brasileiro segue sendo vital para a economia, respondendo por aproximadamente 12 % do PIB, o que equivale a mais de R$ 1,2 trilhão em movimentação de cargas, e movimentando cerca de 750 milhões de toneladas via transporte rodoviário, segundo estimativas do Banco Mundial e da Confederação Nacional do Transporte.

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O cenário, embora com números robustos, revela desafios que grandes empresas precisam enfrentar para operar com eficiência, segurança e competitividade.

Infraestrutura deficiente e custos crescentes

A malha rodoviária permanece como protagonista no transporte de cargas, mas enfrenta limitações como manutenção deficiente e infraestrutura inadequada. Essas condições elevam custos operacionais, aumentam o tempo de entrega e afetam negativamente a confiabilidade dos serviços.

Enquanto isso, a malha ferroviária ainda não atende à demanda nacional na medida certa. Sua expansão poderia aliviar pressões sobre as estradas e melhorar o desempenho logístico, especialmente em percursos de longa distância. O modal aquaviário, por sua vez, também apresenta potencial significativo, com a navegação interior crescendo mais de 110% entre 2014 e 2023, mas ainda depende de investimentos e dragagens para garantir fluxo e eficiência.

A esses gargalos estruturais somam-se as pressões econômicas. Em 2025, a Selic pode alcançar níveis acima de 14%, cenário que impõe cautela nos investimentos. A inflação elevada faz os custos com combustível, insumos e manutenção crescerem, especialmente em um ambiente de câmbio volátil e pressões externas. Essa combinação cria um ambiente desafiador para empresas que dependem de transporte diário em larga escala.

Escassez de mão de obra qualificada

Outro ponto crítico é a busca por profissionais com habilidades adequadas. A escassez de mão de obra qualificada exige que empresas invistam em treinamento contínuo ou busquem terceirização estratégica para manter operações resilientes e inovadoras.

Essa carência não se limita apenas a motoristas, mas também atinge gestores, analistas de dados e profissionais especializados em tecnologia aplicada à logística. O resultado é a dificuldade em implementar mudanças estratégicas de forma ágil, o que pode comprometer a competitividade no médio prazo.

Demanda por rapidez e inovação constante

O crescimento do e-commerce exige entregas mais rápidas e precisas. Grandes empresas precisam adaptar operações logísticas para atender ao consumidor moderno. Soluções como TMS, centros de micro-fulfillment e inteligência artificial na previsão de demanda ganham relevância.

Alexandre Trevisan, CEO da uMov.me, afirma: “roteirização inteligente, controle de entregas em tempo real e gestão da jornada do motorista já são práticas centrais para operações mais seguras e eficientes. Nesse cenário, a inteligência artificial atua como aliada ao processar grandes volumes de dados, revelar padrões ocultos e sugerir ajustes imediatos. Aplicada corretamente, permite decisões em tempo de execução, reduz custos, aumenta a confiabilidade e traz transparência para toda a cadeia logística”.

Incrementar modais sustentáveis, investir em digitalização, automação e integrar IoT e análise de dados são caminhos apontados como prioritários para reduzir custos e elevar eficiência. Esses avanços são particularmente relevantes em cadeias complexas, em que atrasos ou falhas podem comprometer toda a operação.

Conjuntura estratégica e infraestrutura com suporte técnico

O lançamento do Atlas CNT do Transporte 2025 trouxe um panorama atualizado e detalhado da infraestrutura logística nacional, incluindo análises por modal com recorte regional e recursos em 3D, que auxiliam decisões estratégicas de empresas e órgãos públicos. Esse tipo de ferramenta é fundamental para planejar rotas, identificar gargalos e mapear oportunidades de investimentos em infraestrutura.

Empresas que integram esse tipo de análise às suas operações conseguem maior previsibilidade de custos e melhor desempenho na escolha de fornecedores e parceiros. Isso também ajuda a criar planos de contingência diante de riscos climáticos, econômicos ou regulatórios.

Caminhos para contornar obstáculos

Diante de desafios tão significativos, as grandes empresas precisam adotar estratégias combinadas: diversificação de modais, investimentos em tecnologia, parcerias público-privadas, modernização da frota e aprimoramento do capital humano por meio de treinamentos.

Ferramentas como ERP avançado, sistemas de visibilidade e automação de ponta a ponta com o uso de aplicativo de logística conectam operação, gestão e parceiros, tornando a cadeia mais transparente, robusta e responsiva. Esse conjunto de soluções digitais permite que a tomada de decisão seja feita de forma mais ágil e baseada em dados concretos, reduzindo desperdícios e ampliando a capacidade de resposta.

No cenário atual, superar as deficiências da infraestrutura física e lidar com variáveis econômicas exige gestão ágil, visão estratégica e adoção de tecnologias que garantam maior controle e adaptabilidade operacional. Esse equilíbrio entre inovação e planejamento prepara as empresas para operar com mais solidez e competitividade num setor em constante transformação.

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