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Fronteira do Negócio Sábado, 18 de Outubro de 2025, 15:48 - A | A

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Coluna Fronteira do Negócio

Quando o crescimento derruba o site: o desafio da escalabilidade

Por Luisa Pereira

Da coluna Fronteira do Negócio
Artigo de responsabilidade do autor

Tráfego em alta pode comprometer sistemas digitais sem planejamento robusto de arquitetura, monitoramento e infraestrutura

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O crescimento de um negócio digital é motivo de celebração, mas também pode se tornar um problema quando a infraestrutura não acompanha a demanda. Para desenvolvedores, agências digitais e profissionais de tecnologia, a escalabilidade é hoje um dos maiores desafios. De acordo com a consultoria Gartner, interrupções de sistemas causadas por falhas de capacidade podem custar, em média, até 300 mil dólares por hora em grandes empresas, evidenciando como a falta de preparo impacta diretamente a operação e a reputação.

A escalabilidade, em termos técnicos, é a capacidade de um sistema suportar aumentos de tráfego ou de usuários sem perda de desempenho. Essa adaptação depende de múltiplos fatores: arquitetura de software, infraestrutura de servidores, monitoramento contínuo e boas práticas de desenvolvimento. Segundo o relatório “Future of Digital Infrastructure” da IDC, 65% das organizações globais já colocam escalabilidade como prioridade na estratégia de TI até 2026, reforçando que a questão deixou de ser apenas técnica e passou a ser estratégica.

Entre os impactos mais visíveis da falta de escalabilidade estão a lentidão no carregamento de páginas, quedas no sistema e falhas em integrações críticas, como meios de pagamento. Um e-commerce que enfrenta instabilidade em datas como Black Friday, por exemplo, pode perder não apenas vendas imediatas, mas também a confiança de seus clientes. Um estudo da Deloitte mostra que 70% dos consumidores desistem de uma compra online quando a página demora mais de três segundos para carregar.

Nesse contexto, a infraestrutura em nuvem surge como uma das principais aliadas. Diferentemente de ambientes estáticos, o modelo em nuvem permite alocar recursos de forma dinâmica, de acordo com o volume de acessos.

Outro ponto crucial é o papel da arquitetura de software. Sistemas monolíticos tendem a sofrer mais com gargalos, enquanto arquiteturas baseadas em microsserviços permitem maior flexibilidade. Segundo a McKinsey, organizações que migraram para esse modelo relatam ganhos de até 30% em performance e redução de falhas em ambientes de alta demanda. Para desenvolvedores, isso significa pensar desde cedo em modularidade, testes contínuos e integração eficiente entre serviços.

Monitoramento e observabilidade completam o tripé da escalabilidade. Não basta aumentar servidores: é preciso acompanhar métricas em tempo real, prever gargalos e ajustar recursos antes que a falha aconteça. Ferramentas de APM (Application Performance Monitoring) estão em expansão justamente porque permitem identificar padrões de consumo e atuar proativamente. De acordo com a Forrester, 58% das empresas que adotaram monitoramento avançado reduziram o tempo médio de resposta a incidentes em até 40%.

A discussão também passa pela relação entre escalabilidade e experiência do usuário. É preciso ter uma base técnica, como a hospedagem de sites eficiente, para suportar o aumento de tráfego gerado por estratégias como campanhas de marketing e SEO. Para agências digitais, em especial, a responsabilidade é dupla: garantir a performance dos projetos entregues e proteger a própria reputação junto aos clientes.

Em 2025, com o aumento exponencial de serviços digitais no Brasil, de e-commerces a plataformas de streaming e edtechs, a escalabilidade deixa de ser um tema restrito a grandes corporações e passa a ser prioridade até para negócios emergentes. O desafio é encontrar o equilíbrio entre custo, desempenho e previsibilidade. Como reforça a Accenture em relatório recente, empresas que conseguem escalar de forma consistente não apenas crescem mais rápido, mas também constroem relações de confiança duradouras com seus usuários.

No fim, o crescimento só se transforma em sucesso quando a tecnologia é capaz de sustentá-lo. A escalabilidade é menos sobre evitar quedas momentâneas e mais sobre garantir continuidade, confiabilidade e experiência. Para profissionais tech e agências digitais, o desafio é claro: crescer não pode significar correr o risco de ver o site, ou o negócio inteiro, sair do ar.

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