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Educação e Carreira Domingo, 01 de Agosto de 2021, 12:23 - A | A

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Coluna Educação e Carreira

Como as criptomoedas estão mudando o negócio dos bancos digitais

Por Débora Ramos

Da coluna Educação e Carreira
Artigo de responsabilidade do autor

Blockchains abrem novas frentes – mas também desafios – para mercado de fintechs

iStock

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Afinal, o que uma fintech tem a ver com uma criptomoeda? Se formos pensar na natureza de ambas, que têm DNA na internet, tudo. Mas, analisando bem, são dois modelos de negócio digital bem diferentes em suas raízes.

A fintech usa a tecnologia aplicada a finanças, à gestão do dinheiro, enquanto a criptomoeda é uma tecnologia em si mesma. As criptomoedas têm qualidades semelhantes às do dinheiro e, embora ainda não sejam amplamente reconhecidas e aceitas como meio de troca, ajudam a movimentar valores e gerar retornos de diversas formas.
 
É neste ponto que as fintechs e as criptomoedas convergem. Recentemente, vimos o movimento de um importante player do mercado de fintechs anunciando sua entrada no mundo das criptos, o que causou alvoroço. Por trás disso, reconhecemos a busca por mais conhecimento em fatores-chave de sucesso no disputado mercado financeiro, como segurança das informações, redes blockchain, tokens, contratos inteligentes e tudo mais o que as moedas digitais, como Ethereum e Bitcoin, representam.

Em um cenário de Open Banking próximo, o universo financeiro está sedento para dominar mais a fundo esses temas para criar produtos e serviços ainda mais inovadores.

Crescimento de mãos dadas
No Brasil e no mundo, os "queridinhos" do setor das fintechs vêm se aproximando cada dia mais das criptos, propondo uma avenida emocionante a especialistas e consumidores. No Japão, por exemplo, a MUFG, a maior empresa bancária do país, está desenvolvendo seu próprio token criptográfico, para uso em um aplicativo de pagamento de smartphone.

Se é inegável dizer que o desenvolvimento da criptografia afeta a forma como as finanças são tratadas, podemos também afirmar que hoje não é mais disruptivo pensar em um modelo de banco digital, que usa fortemente as novas tecnologias para alcançar e aumentar suas bases de clientes. É preciso mais.
 
O mercado de fintechs tem alguns motivos básicos para fazer suas incursões na criptoesfera.

1. Otimização de tempo e custo
No setor bancário e contábil, é essencial ter um registro preciso das transações, de como o dinheiro foi depositado no banco, de onde se originou, como está sendo usado e para onde vai depois. Quando você faz isso usando a tecnologia blockchain, o processo de gravação de transações se torna bem mais simples e eficiente.

2. Proteção contra fraude e eliminação de terceiros das transações
Uma blockchain é descentralizada, o que significa que ninguém tem controle da cadeia, ou seja, não pode ser alterada de forma alguma. Embora ainda haja uma pequena possibilidade de hackear uma blockchain, ocorrências disso permanecem raras. Desde que o Bitcoin foi estabelecido, em 2008, como a primeira criptomoeda e blockchain do mundo, a cadeia nunca foi hackeada, devido à sua estrutura descentralizada. Trata-se de um atrativo enorme em termos de segurança para as fintechs que trabalham de forma totalmente online, além da possibilidade de contornar os métodos tradicionais de prevenção de fraude, que exigem várias partes para validar as transações.

3. A gestão do dinheiro nas mãos do cliente
Aqui entra a parte mais desafiante e tentadora ao mesmo tempo para as fintechs. Quem compra Bitcoin, Ethereum ou qualquer outra moeda pode optar por manter sua moeda em suas próprias carteiras digitais. Os titulares de carteiras têm uma chave privada, necessária para enviar e gastar sua criptografia, e um endereço público, que lhes permite receber pagamentos de terceiros. Aqueles que possuem as chaves são os únicos proprietários dessa moeda. Ao contrário da moeda tradicional, não existe um banco com o dinheiro.

É aí que reside o verdadeiro valor da blockchain para as fintechs. O próprio cliente administra sua própria riqueza. Porém há um risco envolvido em reter dinheiro dessa maneira: se o cliente esquecer sua chave privada ou se ela for roubada, não haverá como obter o dinheiro de volta, porque ele é o único responsável. E, se as pessoas realmente começarem a assumir a propriedade e a responsabilidade por sua própria riqueza, isso poderá tirar uma grande fatia do bolo dos bancos. Como tornar isso algo a favor das fintechs é a pergunta que todos se fazem.

No momento, é certo é que – desafiando a ideia tradicional do estabelecimento bancário – as blockchains podem transformar muito a dinâmica dos bancos digitais e sua relação com os consumidores.

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