Campo Grande Segunda-feira, 20 de Maio de 2024



Cultura Domingo, 11 de Junho de 2023, 14:44 - A | A

Domingo, 11 de Junho de 2023, 14h:44 - A | A

Coluna Cultura

Rita Lee: o valioso legado deixado pela artista

Por Luisa Pereira

Da coluna Entrelinhas da Notícia
Artigo de responsabilidade do autor

Conheça mais sobre a trajetória musical da icônica e insubstituível rainha do rock brasileiro

Divulgação

ColunaCultura

Rita Lee

Compositora, multi-instrumentista e brasileira em essência, Rita Lee deixou um legado intransponível na música e cultura do Brasil. Não apenas por seu título de "Rainha do Rock Brasileiro", mas também por sua influência que está para além da música, adentrando a esfera pessoal de seus apaixonados fãs que se espalham e garantem a manutenção de sua memória.

Rita Lee Jones, ou apenas Rita Lee, como era conhecida, nasceu em 31 de dezembro de 1947, em São Paulo. Na década de 1960, começa a fazer parte da banda Os Mutantes, considerada uma das mais revolucionárias do Brasil, em função de seu som experimental e mistura de gêneros, a fim de trazer inovação ao seu som.

Nesse sentido, Rita Lee não fugiu ao sucesso e, por meio dessa experimentação, incorporou diversos estilos em sua música. Em 1972, no entanto, deixou Os Mutantes e seguiu rumo à carreira solo, sendo bem recebida pela crítica ao lançar diversos álbuns de sucesso, inclusive "Fruto Proibido" (em 1975), marco do rock brasileiro, que contém o aclamado hit “Ovelha Negra”, uma das faixas mais famosas e significativas de sua carreira.

O sucesso de Rita Lee continuou e a exploração de diferentes estilos musicais também, o que atribuía à sua carreira musical um aspecto sempre inovador, bem como atemporal. Após deixar a banda Os Mutantes, em seu primeiro álbum solo, Rita Lee lançou a música chamada "José (Joseph)", um de seus primeiros hits que marcaram o início de sua nova fase.

Dos clássicos de Rita Lee, a colaboração com Gilberto Gil, no ano de 1977, rendeu a famosa faixa "Amor e Sexo", considerada um clássico da música brasileira. Além disso, Rita Lee também compôs diversas de suas próprias canções abordando temas variados, desde o amor até questões políticas, sempre incluindo a originalidade de sua personalidade e autenticidade nas letras.

Para além de seu legado musical, Rita Lee também denotou o tom da chamada contracultura brasileira, desafiando as normas sociais e de gênero impostas, defendendo a liberdade de expressão e dos direitos LGBTQIAP+, o que veio a inspirar diversas pessoas que se utilizaram e utilizam dessa inspiração para lutar contra as diversas formas de opressão.

Além de “Fruto Proibido”, outros álbuns de sucesso que podem ser citados são "Lança Perfume" (1980), "Reza" (1972), "Babilônia" (1978) e "Rita Lee" (1980), este último lançado também em inglês, demarcando a fase internacional da carreira da artista.

Através disso, Rita Lee se apresentou em diversas ocasiões internacionalmente, a exemplo do Festival de Jazz de Montreux, na Suíça, em 1985. Isso sem deixar de estar conectada ao Brasil, recebendo maior reconhecimento no país de origem. Em 1993, recebeu o prêmio "World Music Award", na categoria de "Melhor Venda de Álbuns Brasileiros no Exterior".

A artista também é autora da autobiografia, onde relata suas experiências ao longo de sua vida; “Rita Lee: Uma Autobiografia" foi lançada em 2016, também obtendo sucesso. Em 2012, a artista decidiu se aposentar dos palcos, sem deixar de ser essa figura caricata e icônica. A decisão envolvia o desgaste físico, uma vez que realizou uma variedade considerável de shows ao vivo ao longo de sua carreira.

Dedicou-se à sua vida pessoal e a passar o tempo com seu parceiro, Roberto de Carvalho, com quem teve dois filhos, o músico Beto Lee, primeiro filho, que nasceu em 1977 e também seguiu carreira musical, tal como a mãe, e João Lee, nascido em 1982, segundo filho, que também seguiu os passos da mãe e se envolveu com a indústria da música.

O legado deixado por Rita Lee, portanto, ultrapassa o sentido musical e atinge um nível de importância histórica, dada sua intensa contribuição para a música brasileira. Embora tenha se aposentado dos palcos em 2012, a artista reiterou que estaria deixando os shows, o que não significava de maneira alguma que deixava a música, demonstrando seu apreço pela sua trajetória musical.

Embora também afirmasse que não gostava de se ouvir cantar, fala que soa paradoxal para para a rainha do rock brasileiro, até mesmo um novo nome de registro vocal foi atribuído à cantora, registro denominado “Voz Pequena”, de alcance pequeno, porém afinado, o que também não significava não submeter sua voz a cuidados vocais.

Compreende-se que, mesmo dada a percepção pessoal de Rita Lee, os cuidados com a voz não deixavam de ser necessários, guiados por profissionais formados na faculdade de fonoaudiologia, afinal a parceria entre cantores e fonoaudiólogos é essencial para a manutenção da saúde vocal, maximizando o desempenho do artista.

A consagrada artista sofria de câncer no pulmão desde 2021 e veio a falecer em 8 de maio deste ano, em sua residência, em São Paulo, deixando não apenas amigos e familiares, mas uma legião de fãs engajados em manter vivo o legado da cantora.

Comente esta notícia


Reportagem Especial LEIA MAIS