Sexta-feira, 17 de Maio de 2024



ENTREVISTA Quarta-feira, 08 de Setembro de 2010, 07:07 - A | A

Quarta-feira, 08 de Setembro de 2010, 07h:07 - A | A

Senado: Capital News entrevista Jorge Batista

Marcelo Eduardo – (www.capitalnews.com.br)

Jorge Batista é o candidato a senador pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Tem 53 anos. Nasceu em Dourados (cidade distante 228 quilômetros ao sul de Campo Grande). Viveu ali a infância.

Aprendeu os princípios da política com o pai, militante do antigo Partido Comunista do Brasil (PCB), perseguido pela ditadura militar.

Conta que, quando criança, seu pai não conseguia enxergar algumas letras pequenas nos jornais cariocas – maioria esquerdista – e pedia ajuda. Assim, começou a ler as primeiras histórias de luta para o fim do regime militar no Brasil e em demais países.

Aos 18 anos foi para o Exército. Serviu por quatro anos. Neste ínterim, fez até o segundo ano do curso universitário de Letras. Começou a trabalhar na construção civil.
Foi trabalhar em Campo Grande depois em uma empreiteira. Precisou deixar a faculdade.

A empresa se transferiu para São Paulo (SP). Lá, casou e teve 3 filhas.

Todavia, a empresa retornou a Campo Grande. Jorge mudou-se para a Vila Ieda e venceu eleições seguidas para presidente de bairro.

Jorge atua desde os 17 anos em militância política. Foi do PCB e do PPS antes de vincular-se ao PSOL, há dois anos.

Conta que pensou sempre na Educação das filhas. A mais velha é tenente do Exército. A do meio ocupa a mesma patente, mas no Corpo de Bombeiros, e a caçula é estudante de Medicina. Jorge se separou e teve mais um filho, Jorge Arcanjo, de 2 anos.

Seu slogan é “senador vizinho”, porque diz ser da época em que os vizinhos se respeitavam e confiavam uns nos outros.

Confira a entrevista, concedida por Jorge Batista à nossa equipe na sede do Capital News

Capital News: Como o senhor pode contribuir para Mato Grosso do Sul sendo senador?

Jorge Batista: Para mim contribuir para o Estado seria algo importantíssimo porque seria um senador que mudaria a história de Mato Grosso do Sul. Até hoje, o Mato Grosso do Sul não teve um senador que representou os humildes, o pequeno empresário, o trabalhador do campo, o trabalhador da cidade. Então, eu como senador, vou ser o “senador vizinho”. Aquele que representa o vizinho da esquerda e o vizinho da direita. E amigo do povo humilde. Não vou fazer distinção de prefeituras. Todos os municípios para mim são importantes, como Campo Grande.

Capital News: O senhor é de partido da oposição ao governo Federal. Dependendo do resultado da eleição presidencial, se ganhar a candidata da situação, como será sua postura? O que vem ocorrendo, na administração federal, de errado e o senhor protesta, e o que vem sendo feito de bom que o senhor acredita que possa ser mantido?

Jorge Batista: Como senador da República, tudo o que o governo Federal fizer de errado, vamos combater de forma implacável. Primeira coisa: corrupção. Nós não aceitamos isto de forma alguma. Em qualquer circunstância, tanto faz senador, deputado federal, estadual... É uma marca do PSOL, ser contra a corrupção. Não somos contra o governo Federal. Somos contra a corrupção que tem implantada no governo Federal. É isto que o PSOL não aceita e nenhum candidato do PSOL aceita. È a doutrina do PSOL. Aquele que é corrupto está fora do PSOL. E tem que ficar fora de qualquer quadro político. E nós temos que lutar, enquanto partido socialista, para expulsar da política brasileira este pessoal da política brasileira.

Capital News: Como devem ficar as questões envolvendo o pré-sal, na opinião do senhor? Principalmente no que se refere à divisão dos recursos financeiros oriundos de sua exploração.

Jorge Batista: Isso não é nem como senador. É como qualquer brasileiro. Você que paga um tenente da Marinha. Você que paga, não é só o Rio de Janeiro, não é o Espírito Santo. Todos os Estados brasileiro têm direitos iguais. O nosso país não feito pelo Rio de Janeiro. O nosso país não é feito por Santa Catarina.

Você já pensou: “E se lá, o trabalhador ganhasse um salário mínimo de R$ 2 mil e nós aqui ganhássemos R$ 500?”

O problema do pré-sal é um problema caótico. A pessoa que ficar do lado do Rio de Janeiro, de São Paulo, eu acho que não é brasileiro. Porque está na nossa constituição: “Direitos iguais.”

Não está o favorecimento de São Paulo e do Rio de Janeiro. São Paulo e do Rio de Janeiro são únicos donos da Petrobras? Não são. Mato Grosso do Sul é dono da Petrobras. Mato Grosso é dono da Petrobras. Goiás é dono da Petrobras. Rondônia é dono da Petrobras.

Todos os soldados que estão na Marinha, que vigiam nossas águas são brasileiros, não são estrangeiros. O que eles [Estado costeiros] querem é levar a maior fatia do bolo e deixar o Estado de Mato Grosso do Sul de fora.

Eu sou a favor da distribuição de renda. O mesmo valor que o Rio de Janeiro tem, o Mato Grosso do Sul tem que ter no pré-sal. E o País não é só do Rio. O País é nosso.

Eu, como senador da República, vou lutar incansavelmente por Mato Grosso do Sul ter os mesmo direitos.

Direitos iguais. Está na constituição. A constituição não dá direito de São Paulo ou do Rio serem melhores que Mato Grosso do Sul.

Agora, como a Petrobras está instalada no Estado do Rio de Janeiro, ela tem que abrir uma linha de crédito para o Rio de Janeiro pavimentar rodovia, para comprar navios. Já que Mato Grosso do Sul vai ficar com o lucro, lá, as despesas a Petrobras tem que assumir. Ela é a terceira maior empresa de petróleo do mundo.

Agora, querer deixar Mato Grosso do Sul de fora por causa de meia dúzia de políticos? O mesmo valor que o senador de Mato Grosso do Sul é o mesmo valor que o senador do Rio de Janeiro tem. Está na constituição.

Eu, como senador vou lutar de forma implacável para o município lá de Caracol, de Corguinho, tenha o mesmo direito que o município de Barra Mansa no Rio de Janeiro, que está em volta da sede da Petrobras, tem.

Capital News: Sempre que colocada em discussão, a questão da Previdência Social causa debate ferrenho. Uns dizem que é preciso mudança na idade para se aposentar, por exemplo, querem aumentá-la. O senhor, pensa de que forma? Acredita que é preciso uma reforma previdenciária? Se sim, de que jeito?

Jorge Batista: A reforma previdenciária é necessária. É algo que o Brasil não deve adiar mais. A Previdência Social está que nem uma bola de neve, só vai crescendo a dívida. Agora, o jovem quando chegar à idade de se aposentar... e se não tiver dinheiro? Você trabalhou todos aqueles abos e, aí, na hora de receber, o governo vem e diz: “Olha, não posso te pagar.” Seria um absurdo.

Quanto a aumentar a idade para se aposentar, eu sou contra. A estimativa de vida do brasileiro é entre 65 anos a 70 anos. Depois de morto, você vai receber o quê? Não tem condição de aumentar a idade.

Como senador, eu vou lutar para ter uma reforma da Previdência. Com dinheiro bem aplicado. Não pegar o dinheiro da Previdência Social e ficar gastando com farra. O dinheiro da Previdência é o dinheiro para o povo aposentado. Você contribuiu, você tem direito.

Hoje, a lei diz que a pessoa chegou a 65 anos tem direito a aposentadoria. Eu acho justo. Porque teve muito companheiro, muitas senhoras e muitos senhores que trabalharam a vida toda e nunca foram registrados. Hoje, acho que elas têm o direito de se aposentarem com salário mínimo. O salário mínimo não é “aquela coisa”, deveria ser mais alto, mas, dá para o brasileiro sobreviver.

Esta é uma luta que eu como senador não vou fazer promessa, vou colocar emenda de lei para garantir direito ao cidadão. Porque neste país só garante direito se for lei.

Vou lhe dar um exemplo, quando o José Flagelli [governador do antigo Mato Grosso Uno de 1970 a 1974] colocou projeto de lei que tornava proibido pescar [na piracema]. Na época, morava na beira do Pantanal e o povo que a gente conhecia na beirada do sítio, dizia: “Mas, nós vamos morrer de fome? Como eu vou sobreviver, se sou um homem que vive da pesca?” Aí, meu finado pai, disse, na piracema, você pesca até coma mão. O povo se revoltou: “Isso não pode acontecer no Mato Grosso – que naquela época era só Mato Grosso. O que aconteceu? Futuramente, estes pescadores têm salário quando vem a piracema. Têm as cestas básicas.

E hoje, se nós temos peixes no nosso Pantanal, nesses rios nossos, é graças a esta lei. Que foi copiada pelo mundo inteiro.

E se fosse uma promessa, não tinha valido. Porque teve gente contra. Político daqui do Mato Grosso do Sul [do sul do Mato Grosso], que falava 24 horas contra isso. E, hoje, é exemplo para o mundo. E é uma lei sul-mato-grossense, que é orgulho para o sul-mato-grossense.
Então, só projeto de lei que será respeitado neste país.

Capital News: E quanto à jornada de trabalho dos brasileiros? Como o senhor pensa que deva ser? Tem como aumentar o salário e diminuir a quantidade de horas trabalhadas por mês?

Jorge Batista: Diminuir ou aumentar a jornada de trabalho seria mais para o sindicato [discutir], as categorias de classes, não de políticos. Porque, vamos supor, tem uma categoria que me apoiou na minha campanha. Aí, eu vou lá e digo: “Vocês só vão trabalhar 5 horas e vão receber um salário mais alto [refere-se a questão de comprometimento indevido que possa vir a surgir].”

Então, todos os sindicatos deveriam se unir e fazer uma jornada de trabalho que servisse para todos os trabalhadores brasileiros. E estes sindicatos chegassem ao Senado e à Câmara Federal e dissessem: “Esta é a nossa decisão.”

Eu acho que nem deputado federal, nenhum senador, nenhum político seria contra o trabalhador.

E, jamais, eu seria a favor de diminuir o salário de qualquer trabalhador brasileiro. O nosso salário já é baixíssimo e se diminuir seria um desastre.

Agora, salário igual não existe. O salário tem que ser aumentado, mas, sobre a jornada de trabalho, deveria ser decidido pelos sindicatos. Se vão trabalhar tantas horas e receber tanto. Eu acho que caberia ao sindicato de classe, de todas as categorias, do metalúrgico, do eletricista, do pedreiro, da empregada doméstica...

Hoje, a jornada de trabalho é muito cansativa. Estão certas as categorias. Vou dizer como exemplo a área de Saúde. Um médico trabalha 24 horas. Ele é um ser humano. Ele atende cinco a seis postos em um dia. Ele sai lá do Rosa Pedrossian [Hospital Regional de Campo Grande] vai para o consultório, do consultório para outro posto. Então, este médico tinha que ser bem remunerado e ter descanso.

Então, cada categoria tem que discutir. Nós não podemos pegar a categoria do garçom e comparar com a do médico, pegar a categoria do metalúrgico comparar com outra. Cada categoria tem que ter a sua jornada de trabalho.

Outro exemplo, a categoria do caminhoneiro. Você acha justo um caminhoneiro sair de Mato Grosso do Sul e só ir descansar no Rio de Janeiro? E se ele não faz isso, é mandado embora.

Então, acho que cada categoria deve discutir sua jornada de trabalho.

A lei seria a seguinte: a categoria, o sindicato decidiu, o Supremo Tribunal Federal ia estudar e ia acatar aquela decisão.

Capital News: Muito se diz que o brasileiro é um dos contribuintes que mais pagam impostos no mundo. Existe um projeto do senhor, ou pensa em formular um, para minimizar a carga tributária?

Jorge Batista: No Senado é Federal. Se eu chegar ao Senado é colocar uma lei que trata sobre tributos estaduais, eu vou estar invadindo outro estado. Agora, o governo Federal tem que parar de colocar imposto para cima do brasileiro. A vida do governo Federal é colocar imposto, mais imposto e mais imposto. Só em cima sabe de quem? Do trabalhador. Receber Imposto de Renda que vai de reverter dali um ano.

Sobre mercadorias como alimentos e de construção civil, eu sou do partido de oposição, mas, é um bom exemplo do Lula. Baixou os impostos da construção civil, gerou emprego. Baixou o imposto de alguns empregos, barateou o preço, para o pobre ter direito a comer.

No socialismo, não é para ter imposto sobre alimentos.

Outra questão, o imposto absurdo na água e na luz. Você R$ 10 de luz e R$ 80 de impostos.

E quem usa mais água e luz é a pessoa humildade. Porque estas pessoas que moram em condomínios têm poço, não paga água, a luz deles vem como contribuição para todo o mundo e eles rateiam o custo e fica barato. Agora, o pobre, aquele que mora lá na periferia, que tem uma casinha que tem um padrão, é ele que paga a conta do rico. Um bico de luz coitadinho e, às vezes, nem geladeira tem.

Capital News: O senhor pensa que é preciso uma reforma política? Se sim, de que forma?

Jorge Batista: Ela não é nem precisa, ela é obrigatória. É obrigatória no Brasil hoje. Vou te dar um exemplo: a perseguição que eu venho sofrendo no partido. Porque um cidadão sozinho é cruel com os companheiros e se senti dono do partido. Com a reforma política teria o financiamento público de campanha. Eu teria gravado na TV se fosse assim. Então, a reforma política tem que ser bem distribuída por este País e é obrigatória.

O Tribunal Regional Eleitoral vem aplicando a lei. Vem dando o direito para um deputado estadual humilde se eleger. Vem dando direito para um humilde e preto como eu chegar a se candidatar. Se fosse pela antiga legislação, nem candidato eu era. Mas, o TRE está usando leis estaduais, nós temos que ter uma lei federal que dá o direito. Eu acho que quem tem que conduzir as eleições são os tribunais regionais eleitorais. Aqui no Mato Grosso do Sul, é um exemplo a participação do Tribunal. Porque se não fosse o Tribunal Regional eu não era candidato. Por um cidadão se sentir dono do partido e dizer: “Olha, você ‘tá’ fora. Você ‘tá’ fora e você ‘tá’ fora?” Sendo que você passou em todas as convenções do partido. Desde o começo, pela pré-convenção, convenção, se tivesse coligação abrir mão da tentativa do mandato. Para, quando chega ao final, o cidadão diz que você não é mais candidato. Faz pré-julgamento. Onde que um cara que não é magistrado, não é formado, não é juiz, não fez um curso para isso, tem o direito de julgar um cidadão? Isso é um absurdo. Isso chega a ser degradante para um país como o nosso que está em desenvolvimento: não ter uma reforma política descente neste país.

Você vê, o cara se elege hoje, amanhã tem outro partido. Isso é um absurdo. O cara tirar o dinheiro do partido e se eleger e ir para outro partido. No meu caso, não recebi um centavo sequer do PSOL. Fui totalmente excluído. E se eu sou eleito, que obrigação eu tenho com este partido? Que é o partido do meu coração. Porque eu fui sempre de esquerda radical. Eu não tenho obrigação nenhuma. Eu só tenho obrigação porque tenho caráter e ética política.

A reforma política tem que ser discutida, debatida por todos os senadores. Não por meia dúzia de marajás. Meia dúzia de caras corruptos que vendem siglas dos partidos.

Vou te dar outro exemplo de como não tem lei para os partidos políticos neste país. Na Prefeitura de Campo Grande, o prefeito, que é um só, pegou todos os partidos políticos e jogou do lado dele. Então, se você não quiser, você é resto.

Então, tinha que ter uma ordem judicial dizendo que se você não vai concorrer, você também não vai ficar lá vendendo sua sigla.

Capital News: Acredito que se encaixa na reforma política também. Hoje... um candidato que, por exemplo, é prefeito e quer ser governador não precisa findar o cargo. O mesmo com o de senador para uma tentativa ao governo de Estado. Ele não cumpriria o mandato total no cargo anterior e deixaria a função ao vice, que muitas vezes os eleitores não acompanham muito e nem votaram pensando nele. O senhor pensa que isso deve continuar, ou deva mudar, se houver uma reforma política?

Jorge Batista: Esse é um problema gravíssimo e absurdo. Você, cidadão, deu um voto para eu ficar 8 anos como senador. Aí, no meio do caminho, eu saio. Então, aquele cidadão que votou em mim, não tem valor. Acho que o voto é sagrado. Se você colocou o prefeito para ele administrar a Prefeitura por 4 anos, são 4 anos. Se colocou o governador por 4 anos, são 4 anos. Se colocou o vereador, o mesmo. Nós temos exemplos, vereadores com 2 anos estão saindo candidatos a deputados estaduais. Estão usando o mandato. Porque ele não tem coragem de encarar o eleitor e falar: “Eu sou candidato a deputado estadual.” Ele chega e fala: “Eu sou vereador e agora quero ser deputado”; ou “Eu sou prefeito e agora quero ser senador”.

E outra coisa, a eleição é dia 3 de outubro e, no dia 10, eles retornam aos cargos. De novo. Você vê que absurdo.

Outra coisa na reforma política e a questão do governador não se afastar do cargo [André Puccinelli concorre à reeleição]. Isso é um absurdo. Sentado fazendo política, assinando documentos estaduais e fazendo política. Como está acontecendo no Estado, intimidando funcionário público. ‘Ou você trabalha para mim, ou você está fora’.
Isso não pode acontecer no nosso país mais. Nós não podemos aceitar isso.

Se você quer ser candidato a governador, você se afasta do seu cargo e não retorna mais. Você quer candidato a senador e é prefeito, acabou seu mandato, você não assina mais nada. Naquela repartição, você só retorna daqui a 4 anos se você conseguir se eleger.

Você é vereador, não é mais, seus 2 anos [restantes] acabaram.

Hoje [na forma atual da legislação], dia 10 de outubro, ele retorna com terno e gravata ganhando um salário que é dinheiro nosso.

Eles estão fazendo política, andando com carro oficial fazendo política, e ganhando salário. Isso chega a ser desagradável em um exemplo, você chega lá fora, nos Estados Unidos, e o cara já olha quando você fala que é brasileiro pensando que você é corrupto.

Capital News: Como o senhor avalia as coligações políticas em Mato Grosso do Sul nestas eleições? As disputas internas nos partidos em que detentores de cargos eletivos que não se candidatam apoiam nomes de adversários, por exemplo? Isso não pode gerar certo conflito na mente dos eleitores?

Jorge Batista: Além de fazer uma confusão danada na cabeça do eleitor faz ele fazer uma pergunta: “Com quem que você está?” A pergunta do eleitor é esta. Isso aí é os partidos grandes dizerem que só eles existem. Os outros não existem para os partidos grandes. Existem siglas.

O partido grande chega e diz: “O PPP... O PPPC.... O PPPPC está com o PMDB. O PCPCPC está com o PT.” Não existe o PSOL para eles. Sabe como o pessoal me diz? Diz: “Você é louco.” Louco de enfrentar um pessoal que tem dez partidos rodeando eles. Aí, o que você tem para responder? Nada. Você fica totalmente anulado.
Você achar que é Deus. Chegar à sociedade e dizer fulano e fulano é isso. Sou contra este tipo de coisa de acusar os outros.

Se nós não tivermos uma reforma política urgente, vai acontecer o que está acontecendo. Vão vir as eleições municipais e vão acontecer as mesmas coisas. Um partido diz a um candidato que lhe dá mil reais, aí vem outro e diz que dá R$ 1,5 mil. Aí, começa o leilão. Aí, só os poderosos sem candidato. Aí entra aquela música bonita, clipes especiais, o cara tem um longo tempo na televisão. E aquele do PSOL vai ter segundos: “Eu vim...” pá, acabou. Agora, faz uma coligação grande, o candidato vem, beija criança, abraça senhor de idade. Acho errado, deveria ser proibido, um senador, um prefeito saírem abraçando todo o mundo. Dizendo que ele é o salvador da Pátria. Não é verdade. Ele tinha que chegar com propostas de campanha pedir o voto dele.

Mas, eu digo que a Justiça está andando. Há um tempo atrás, você ganhava dentadura, camiseta, boné, chaveiro, sapato, tijolo, cimento. Hoje, a Justiça proíbe. Os tribunais regionais dizem que a eleição tem que ter este seguimento.

O partido pequeno pede o incentivo daquele que vem lá do bairro. Antigamente, era difícil sair candidato. Hoje, o partido pequeno não acha candidato. Porque, se você falar que vai sair sozinho [o PSOL não se coligou com nenhum partido este ano], não fica um candidato: “Não, eu quero ficar junto com o PMDB, com o PSDB, porque lá tem dinheiro. Eu vou querer ficar com você que é um pobretão?” É o que a gente ouve.

Eu como sou da executiva do partido escuto isso: “Mas o quê, você acha que eu sou louco para colocar dinheiro do meu bolso para pedir voto?”

Então, a política nossa é assim você pergunta: “Você vota em mim?” A í te perguntam: “O que você vai me dar?”

A reforma política tem que mudar na mente do eleitor. Ele tem que chegar e perguntar para o candidato: “Qual é a sua proposta?” Seria muito mais bonito.

Capital News: Qual a opinião do senhor sobre o Projeto Ficha Limpa?

Jorge Batista: A ficha limpa é necessária para o político. Você já pensou vou na redação deste jornal começar a carregar computador, carregar ar condicionado e, amanhã, você chega aqui na maior cara de pau e diz: “Não, eu não fiz isso.” Não é por aí.

Quem tem que julgar é a Justiça. Ela que tem que dizer: “Olha, você não é candidato porque você tem isso aqui. Me explica isso aqui?”

E outra coisa, o povo está tirando proveito do Ficha Limpa [quer dizer deturpando, tirando proveito por interesses]. Chega lá na Justiça e diz: “Fulano é isso e isso.”

Tem que deixar a cargo da Justiça. O TRE tem agido como grande, com ética, com profissionalismo. Se você visse quanta negativas você tira para ser candidato. São milhares, Sai tudo, tudo, tudo da sua vida. Agora, o adversária vai lá e fala: “Fulano é ficha suja.”

Eu tive este problema. O presidente do partido me chamou de ficha suja porque ele queria tomar o meu lugar. O que acontece? Eu envolvido numa confusão do enteado meu fui parar no BO e saiu meu nome. E ele [o presidente] falou: “Não, você não serve, você é ficha suja.” Para poder se apossar da minha vaga ao Senado, sendo que eu estava registrado lá [no TRE]. Ele não participou de nenhuma convenção. Inclusive, tem declarações dele nos jornais eletrônicos, nos jornais, nas rádios e na TV. Eu fui lá tirei a certidão de objetivo em pé. Não tem nada. Tem o BO que eu participei. Eu apresentei para a executiva do partido. Mas, se fosse para passar para a mídia, para o eleitor, o eleitor ia se perguntar: “Como que ele quer ser senador se tem ficha suja?” Como eu vou ser ficha suja se eu nunca sentei na cadeira de um órgão público? Nunca sequer entrei numa delegacia para dar queixa contra uma pessoa. Se fosse um cara que tivesse assumido um cargo público estadual, municipal, se fosse um agente de saúde – esse profissional excelente que trabalha no sol quente indo de casa em casa batendo palma. Eu fui a vida inteira pedreiro. Rebocar parede na construção civil, fazer trabalho de eletricista, trabalhar no sol quente para fazer telhado. Isso que eu fui. Agora, um homem desse é ficha suja?

E tenho 50 anos de história em partido de esquerda. Desde os meus 17 anos participei do PCB [Partido Comunista do Brasil], que foi proibido [a ditadura considerava crime organizar-se a partidos contrários ao regime militar]. Participei das Diretas Já [série de manifestações que solicitavam eleições e não indicações para escolha de líderes políticos]. Fui preso pelo AI-5 [Ato institucional número 5, série de medidas dos ditadores para diminuir a liberdade dos brasileiros]. Meu partido passou a ser PPS. Fiquei mais 9 anos no PPS. Como o PPS perdeu o rumo do socialismo, eu passei para o PSOL há 2 anos. Fui convidado por uma pessoa excelente que chama Nilson Valente – que só não saiu candidato porque o presidente do partido não deixou, mas, se não ganhasse a eleição teria grande quantidade de votos – o Anísio Guató, de Corumbá – que também foi perseguido pelo partido –, Marcos Bocato, de Três Lagoas.

Se o eleitor não prestar bem a atenção e ver o currículo do candidato vai pensar que o cara é ficha suja. E o homem é um trabalhador. É fácil. Então o Ficha Limpa tem que estar na mão do Tribunal Regional Eleitoral que vai pegar todo o currículo do candidato. E se você não for candidato vai ser porque a Justiça falou que você não é candidato, não é porque o presidente do partido falou que você é preto e feito e não é candidato é ficha suja.

Porque, no Brasil, quem tem dois “Ps”, é difícil. O preto e o pobre.

Capital News: Com relação ao aborto, que é um assunto que vem sendo tratado de forma mais aberto ultimamente, qual sua opinião? Como o senhor se portaria no Senado se surgisse um projeto visando a liberação do aborto além da que já é defendida em lei atualmente?

Jorge Batista: Nem fala isso para mim porque eu fico sentido de falar de tirar uma vida. Só de você falar que eu vou discutir essa lei eu já passo mal. Sabe por quê? Porque ninguém na face da terra tem o direito de tirar a vida de um ser humano. E uma criança quando é gerada. Um mês de vida ou dez dias, já é um ser humano.
Vou te dar um exemplo de pessoas históricas que não tiveram mãe, que não tiveram pai e hoje está bem de vida.

Sou totalmente contra. Sou um católico. Tenho muita fé em Nossa Senhora. Que é mãe de todos os brasileiros e, só de me falarem [em aborto], me deixa triste. Eu respeito estes movimentos a favor do aborto. Mas, será que esta pessoa que está ali [no movimento] gostaria que fosse assassinado? Essa pessoa que está tentando liberar o aborto.

Agora, um aborto para pessoa com doença degenerativa, já não é aborto. Porque você não vai gerar. Você vai ter problema com saúde. Aí, a Medicina vai dizer que tem que abortar. Aí, não seria um assassinato.

Dizem [os que defendem aborto]: “Está gerando agora, não é nada.” É. É um ser humano. Eu que sou pai pela quarta vez. Você pegar, colocar a mão na barriga da sua esposa e ver a criancinha batendo, que felicidade.

Quantas mães não tiveram esta oportunidade? Às vezes, o marido, por ser jovem, ser o filho de um pai ausente. Mas, a mãe, pode passar 10, 20, 30, 40 anos, se ela abortar hoje, daqui 40 anos, ela vai falar: “Perdi um filho.” Ela não vai dizer que abortou. Ela vai dizer: “Perdi um filho na minha mocidade.”

Sou contra. Jamais gostaria nem de discutir. Porque eu vou passar mal.

Além de ser assunto corriqueiro é polemico. Eu sou totalmente contra. Eu, se for senador, vou ter que discutir este assunto porque sou representante do povo. E eu vou dar meu voto contra. Porque se eu recuar, vou dar direito de ganhar [da proposta vencer]. Aquele aborto que a Medicina dizer que não tem condição porque a mãe corre risco e o filho corre risco, eu sou favorável. E esta lei já existe, então, não precisa mexer.

Capital News: Outro tema que surgiu com força, principalmente após decisão da nação vizinha, a Argentina, é o casamento gay? Qual sua opinião sobre essa situação que já é aceita em alguns países? Como o senhor se portaria no Senado se surgisse um projeto visando à liberação do casamento gay?

Jorge Batista: Esse é um assunto polemico. A religião fala que jamais um homem pode casar com outro home. Só que, os tempos mudaram. Hoje, temos o computador. O homem já até vai chegar em Marte. Mesmo sendo um assunto polemico, eu não sou contra. Eu acho que você tendo uma convivência e você é feliz, parabéns. Não adianta nada ser infeliz na vida. Eu acho que a felicidade e o amor estão acima de qualquer lei. Então, é um assunto polêmico. Que causa polemica com as igrejas, mas, eu não sou contra. [Lugar] Onde tem amor, tem convivência, tem um lar, tem uma família, tem que ser respeitado a qualquer custo.

Uma família de homossexuais que vive bem, você tem que respeitar. Porque você vê que tem família [homossexual] que cria filho. São dois homens que adotam uma criança e essa criança [cresce] é bem sucedida na sociedade. O que nós não podemos aceitar, é coisa errada. Agora, você vê um homem vivendo com outro, uma mulher vivendo com outra, mas, vivem bem, vivem felizes, para quê que se vai mexer? Por que o Estado vai interferir em uma coisa que está certa, está correta? Só porque é preconceito? Acho que é preconceito. É mesma coisa que você chegar, olhar para mim e dizer: “Mas, este preto não pode dar entrevista aqui.” Seria errado. Para a Igreja Católica. Para as igrejas protestantes... são todas contra. Eu sou católico, mas, isso aí eu abro mão. Eu abro mão pela felicidade. Se você [um homossexual] vive bem, porque eu vou dizer para você que você está errado? Errado talvez seja algu´me que tenha problema na família dele e quer descontar em quem está bem.

Se chegasse um projeto no Congresso para liberar o casamento gay, eu ia discutir com meus companheiros e não dava nenhum voto contra. Sou totalmente a favor, desde que você viva bem. E eu acho que quem vive bem tem que viver legalizado.

Capital News: Como deve ser o tratamento do Brasil com relação à Segurança Pública? Se o senhor for senador, pretende formular projetos nesta área? De que tipo?

Jorge Batista: Temos um projeto que deve ser votado urgente para Mato Grosso do Sul. Sobre a nossa fronteira. Nós temos uma imensa área de fronteira descoberta. Nós temos que aprovar projeto de lei para o Exército tomar conta [das fronteiras]. Para a Polícia Federal ter em cada município da fronteira uma secretaria. Armada, com helicóptero, com carro de combate, e com barreiras nas estradas. Não esta polícia que vem de Brasília, a Guarda Nacional, que o cidadão nem conhece onde ficam as travessias da fronteira. Nós precisamos ter soldados nossos aqui bem armados e bem equipados.

Outra coisa que eu vejo, a Polícia Rodoviária Federal que está fazendo o papel desta polícia [Força Nacional]. A Polícia Rodoviária Federal foi constituída não para pegar bandido, para pegar contrabando. Foi para cuidar das nossas rodovias.

E você vê nos jornais, toda a semana, são quatro, cinco ou seis mortes que aparecem nos jornais. Então, esta obrigação [quanto à segurança pública], tem que ser um projeto de lei. O Exército nosso que estavam ali na fronteira para combater os comunistas para não entrarem na época da Ditadura, hoje, por que não combatem os traficantes? Por que não combatem os traficantes?

Lembrei agora do pré-sal. Se fosse assim [os Estados litorâneos querendo receber sem repassar aos demais Estados], então, nós tínhamos que cobrar deles para eles nos pagarem por essa travessia por aqui [de drogas, via fronteira com Paraguai e Bolívia, com entorpecentes que são encaminhados aos Estados vizinhos]. Porque eles não ajudam.

[retoma o assunto] Vamos colocar policial armado. Não vamos colocar um soldado com 38 enferrujado para lutar contra um fuzil AR-15. Temos que colocar policiais armados, até com metralhadora, com helicóptero, com avião. Esse seria um projeto nosso, do PSOL.

Você mesmo, pode pegar seu carro. Eu, esses dias, andei pelo sul. Não teve um guarda que me parou. Agora, você já pensou se ali vai passando uma pessoa de má conduta, com o carro roubado, iria tranquilamente para o Paraguai. Ou com droga.

Eu fiquei observando isso fazendo campanha pela fronteira. E o povo da fronteira é um povo excelente. Povo trabalhador, não tem nada a ver com narcotráfico. Quem faz o narcotráfico lá, são pessoas de fora, não são eles.

E você vai no Paraguai, o pessoal fala para você: “Eu não roubei o carro no Brasil. Eles trouxeram o carro aqui.” Você vai dizer o quê? Ele deve pensar: “Se eu pago R$ 200, R$ 500 num carro, problema meu, trouxeram aqui para me vender. Meu país aceita porque amanhã eu emplaco ele.” Não igual ao nosso país que exige nota fiscal, de fabricação, número de série. No Paraguai, se levar seu carro hoje, amanhã você emplaca. Então, nós é que temos que colocar lei no nosso país, não no país dos outros, e nem jogar a bomba para eles, dizendo que o Paraguai é culpado e que a Bolívia é culpada. Não. Eles não são culpados. Nós que somos culpados. Nós é que temos que cercar nossa fronteira. Não cercar como Israel, com muro, mas, cercar com leis.

Capital News: Pensa em projetos para a área de Esporte, Cultura e Lazer?

Jorge Batista: Além de pensar, eu já tenho um projeto importantíssimo tanto para o esporte, para a cultura e para o lazer. Vou lhe dar um exemplo citando os usineiros que chegaram em Mato Grosso do Sul. Tirando da nossa terra milhões [de reais]. Você conhece algum time de futebol que é patrocinado por usineiro? Não existe. Você conhece algum atleta de Mato Grosso do Sul que corre patrocinado por usineiro? Não existe. Você conhece alguma peça de teatro patrocinada por esses usineiros? Não existe.

O álcool mais caro do Brasil sai das nossas usinas. Então, nós temos que cobrar deles: “Olha, vai patrocinar o Operário. Vai patrocinar o Cene, ou o Comercial.” É que eu sou operariano e queria que eles patrocinassem o Operário [brinca com o fato de ter citado o time primeiro].

Ou patrocinar algum time de Dourados porque eles estão lá em Dourados, de MAracaju, de Laguna Carapã, Rio Brilhante, que são onde tem usinas.

Agora, agora só ficar na mão dos governos estadual e municipal – dinheiro nosso? E os incentivos fiscais?

O governo tinha que falar assim: “Você vai vir para Mato Grosso do Sul vai destinar ‘tanto’ para o esporte, ‘tanto’ para acultura.”

A cultura, o lazer e o esporte [refere-se ao dinheiro para investimentos nestas áreas] tem que vir da iniciativa privada. O patrocínio do Corinthians, do Santos, você vê aquela marca ali na camisa. Trouxeram o Robinho para cá [Brasil] com patrocínio. Trouxeram o Ronaldo para o Corinthians. O Corinthians não paga um centavo para ele, só o patrocinador [paga].

E quem é que patrocina o coitado do nosso jogador aqui? Eu conheço jogador aqui que trabalha por marmitex. É do nosso time, que representa o nosso Estado. Vai lá para fora jogar. E joga muito bem. Eu tenho acompanhado os times de Mato Grosso do Sul jogando fora e eu digo: “Não acredito que aquele cidadão ta sentado em cima de uma pilha de tijolo comendo marmitex!”

Sei que as empresas não patrocinam. Nós precisamos colocar lei para os Estados. Você lembra do Operário quando jogava aqui? O Comercial? Eram 45 mil pessoas no Morenão. Mas, tinha incentivo, tinha patrocínio.

E a cultura e o lazer sem incentivo não vão para frente. No nosso Estado, não vai. É humilhante você ver nossos atletas. São heróis. Aquela medalha quando ele ganha, que vai no peito, deveria ser de meio quilo de ouro. Essas pessoas são heróicas. Porque correr sem incentivo. Você ir, por exemplo, lá para Minas, dormir num hotel de quinta categoria, ir para São Paulo, ver os adversários chegarem de avião, e você chegando lá de ônibus veio. É triste. E ainda entrar em campo ou ir para a rua correr e se sair bem.
Agora, cadê o incentivo. O Estado [Poder Público] tem que intervir. Porque se for só com dinheiro do Estado, vai isso para aquilo, quando chega para esporte, cultura e lazer, quando vai dividir o bolo, só sobraram farelos.

Capital News: Com relação à Educação. O que o senhor pensa? Principalmente quanto às universidades.

Jorge Batista: A universidade federal ultimamente não ficou para preto e pobre; ficou só para o rico. Então, tem que ter uma reforma dentro das universidades federais e estaduais. Aquele estudante que sai de escola pública tem preferência nas universidades federais e estaduais.

Não que o filho do rico não tenha direito. Ele tem os mesmos direitos que o pobre, o preto ou o índio. Só que ele tem condição de pagar e o outro não tem.

Por exemplo, você quer se formar em jornalismo. Imagina você concorrer com 30 ou 40 burgueses. Você que saiu de uma escolhinha lá na periferia. Lá, os professores são descentes, são lutadores também, mas, você fica totalmente perdido. Porque você não vai conseguir concorrer com quem estudou em uma escola particular. Com quem teve computador, teve aula via satélite. Coisas que você lá [escola pública] não tinha. Então, isso tem que ser revisto.

Agora, vaga nas universidades para pretos. Não é nem uma vaga, é uma dívida que a sociedade tem com o cidadão preto e com o índio. Porque, há 500 anos, foram jogados. Por que hoje não tem um preto general, não tem um preto médico? Porque não teve universidade. Eu sou favorável à cota.

Não estou dizendo que o filho do rico não tenha que estudar em universidade federal. Tem que estudar sim. Porque ele tem direitos iguais. Mas, tem que ter duas seleções. Por exemplo, temos 100 vagas para médicos, 30 são para aqueles que têm condições [econômicas de conseguir melhores estudos] e 70 para aqueles que vêm de escolas públicas, que são humildes.

Capital News: Mato Grosso do Sul é o Estado que possui a segunda maior população indígena do País. Atualmente passa por alguns conflitos entre fazendeiros e índios por conta das demarcações de terras indígenas. O que o senhor pensa da conjuntura atual nesta área e como será sua atuação no Senado mediante isto, se eleito for?

Jorge Batista: Eu como tenho um pouco de descendência de índio, no Senado eu vou lutar pelos índios. Mas, pelos os índios organizados. Não é você pegar meia dúzia de índios e ir invadir fazenda dos outros. Eu, como senador, iria lá na aldeia conversar com eles. Perguntar: “Do que vocês estão precisando?” Eles vão dizer isso, isso e isso. Vamos chegar ao governo Estadual para ver o que pode ser feito [pedirá ajuda ao governo Estadual no diálogo].

O índio é abandonado aqui em Mato Grosso do Sul. Você vê na imprensa: “O índio invadiu fazenda.” Mentira. O índio invadiu porque necessita. Ele necessita da terra.

Mas, nós não podemos aceitar que meia dúzia de índios brigue com o cacique e peguem suas coisas e corram para a beira de uma BR ou, então, para a fazenda de uma pessoa. Não.

Este conflito é quase a mesma coisa dos sem-terra. Quando se ouvia falar nos sem-terra se falava que eram baderneiros, tocador de violão. Só que não é verdade. O meu tio está assentado. Está produzindo. Sabe quando tempo ele ficou debaixo de um barraco na BR? Cinco anos. Mas, eu te levo lá hoje, na casa dele tem porco, tem galinha, ele planta... Agora, comprou um carro. Agora, aqui em Campo Grande, ele era um excluído. Trabalhava de servente de pedreiro. Ficou no barraco de lona.

Quando eu vejo uma pessoa falar “sem-terra é ‘isso’”, penso, não é verdade. Ali [no movimento] têm pessoas sérias que precisam de terra. E tanta terra que temos neste estado. Aqui tem latifundiário que tem 45 mil hectares de terra. E tem os coitados sem nada.

Tem um assentamento indo para Três Lagoas, aqui em Ribas do Rio Pardo, que se chama Assentamento Estrela. Eles foram assentados agora [há pouco tempo]. Tive uma reunião lá. Você vê a felicidade naquele povo. É um fazendo a casa, outro furando um poço. Outro capinando. Lá, a terra é meio fraca, tem só braquiária. O cara vai capinando braquiária neste ‘solão’ quente. E ainda diz: “Olha, seo Jorge. Eu vou plantar aqui.” E sabe, era de uma felicidade. Então, aquilo ali eu vejo como orgulho.

Quanto ao índio. Você já pensou um Estado rico, rico, rico, com índio morrendo de fome? Com uma criança morrendo desnutrida, sem comida? Que governante [Poder Público]? Onde ele está? A responsabilidade não é só do governo estadual ou do governo municipal. É do vereador, do deputado estadual, do deputado federal, do senador da República. Nós temos uma das maiores populações indígenas [reafirmando que a população deste grupo precisa de atenção].

Tem outra coisa... Quando eu fui pequeno, a mamãe falava que não tinha bom leite e eu mamava numa índia que era nossa vizinha. Você vê a amizade que o índio tem. Ou tinha, não é? [indaga, em tom de parecer referir-se que o índio foi abandonado pelo não-índio]. Porque hoje, o cara vê um índio, já vê de cara feia: “Não. Esse índio vai é invadir minha terra.” Não é verdade. São pessoas trabalhadoras, religiosas.

Inclusive, eu visitei a casa deles agora [aldeias da região sul]. São pessoas humildes, mas, você chega à casa deles, o que tem você almoça, você janta. Vêm te abraçar.

Na estrada, era longe. E ele [índio que o recebeu] sai lá da casinha dele e vai com você até lá na estrada. E você fica envergonhado porque você está com o carro. Você está com o carro e pensa “poxa” poderíamos ir de carro. Mas, aí ele diz:” Não, eu vou te levar na estrada.” E você vai com ele conversando devagarinho e pede para outra pessoa levar o carro [o índio não aceitou a carona]. Isso, é por causa da satisfação que o índio te recebe [o índio queria dar toda a atenção a ele e, caminhar e conversar até a saída dele da aldeia, era a forma de demosngtrar seu respeito a ele].

Esse é o povo sul-mato-grossense. Não esses que falam: “Eu estou aqui para ajudar usineiro. Estou aqui para ajudar os mineradores de Corumbá.”

Temos que representar a população humilde, o índio, o trabalhador. Porque o índio é um trabalhador. Você vai ali às aldeias de Dourados – sou nascido próximo – e dá uma olhada para ver o que ele está plantando. Vê a casinha onde ele está morando, uma casa de palha.

Temos que dar condições ao índio para ele fazer casas, ter água encanada. Dar máquinas, dar sementes para ele plantar. Porque estas terras eram deles. Se o fazendeiro do lado tem raiva que ele invadi a fazenda, chega e conversa. São povos humildes, mas, capacitados para chegar no fazendeiro [conversar com o fazendeiro].

A terra vem diminuindo e a população indígena vem aumentando, não vem diminuindo. Há 50 anos, eram menos índios. E as terras não tinha donos.

Como era? Nosso sítio era demarcado, mas, ali atravessava um para cá, outra para lá. Um pescava no córrego do outro, o outro no córrego do um. Hoje, não. Hoje se você passa dentro de uma plantação de soja, a três quilômetros o cara já está te vendo. Aí, ele fala aquele índio está querendo roubar alguma coisa. E não é verdade. Porque, antigamente, o índio matava um porco, ele levava um pedaço para você. Ele matava um animal silvestre, ele cortava e levava um pedaço de carne para você. O branco e o índio eram vizinhos. Por isso que o meu solgan de candidato a senador é “o senador vizinho”. Porque eu sou daquela época em que o vizinho respeitava o outro.

Antigamente, ali na região de Dourados – e nós morávamos perto da aldeia – a mãe cortava um porco ou uma vaca, ela já cortava um pedaço para o vizinho. “Esse é para o vizinho, este para a vizinha, este para fulano...” E assim era recíproco.

Era bonito. Agora, hoje, não. Hoje, eu vejo o índio chegar a um lugar, um mercado, e ser discriminado. “Não, não vou vender para este cara porque é índio.” Você já pensou que tristeza para um ser humano?

Capital News: Quanto ao setor agrário. Como o senhor vê formas de um senador auxiliar neste setor. O senhor buscaria olhar mais para o pequeno ou para o grande produtor?

Jorge Batista: O pequeno produtor em primeiro lugar. Isto, indiscutível. É o pequeno produtor quer alimenta o nosso país. Hoje, se nós temos o arroz, o feijão, o milho, na mesa, é por causa do pequeno produtor, não do grande produtor.

Você vai nestes assentamentos e vê o que eles estão produzindo. Pequeno produtor com 6 hectares de terra. Estão produzindo hortaliças, alimentos para ele mesmo e para vender.

A agricultura solidária seria um projeto para qualquer político, não precisa ser do PSOL, do nosso país, qualquer representante da sociedade apoiar.

O grande produtor não vai ficar de fora. Mas, o grande produtor é aquele que tem condição. Vou lhe dar um exemplo do rei da soja, o governador do Mato Grosso [Blairo Magi]. O governador tem uma frota de aviões. Sabe quanto custa um avião? Não dá nem para falar.

Agora, pensa um cara que tem 8 hectares de terra e não tem um trator. Lavora na enxada ou num destes tratorzinhos manual. Passar veneno com mata-mata.

O grande produtor exporta. O alimento [que ele produz] não fica no nosso país. Agora, aquele arroz, aquele feijão que são produzidos pelo pequeno produtor que vão para a nossa mesa. O trigo que o pequeno produtor produz é que vai para o nosso pão. Quem planta trigo não planta mais que 30 ou 40 hectares de terra.

Esses são os pequenos produtores. Não são os que tem suas roças onde precisa de avião para passar veneno. Um avião só para levantar voo precisa de dois quilômetros de pista. O pequeno produtor não teria nem espaço para a pista.

No nosso país, se temos o pão, o arroz e o feijão, o leite – nossa alimentação básica – são por conta dos pequenos agricultores.

Veja Minas Gerais e Paraná, só têm pequenos produtores. Minas Gerais se produz leite e queijo só com pequenos produtores. Já no Centro-Oeste, temos grandes produtores, com suas grandes lavouras de soja.

Não sou contra o grande produtor, mas, os incentivos fiscais do governo estadual e do governo federal tinham que ser concentrados no pequeno agricultor. O pequeno agricultor e o pequeno pecuarista, que traz o leite, que traz a carne. Hoje, os frigoríficos cortar boi dos grandes.

Capital News: Por fim, por que o eleitor deve votar no senhor e não nos concorrentes?

Jorge Batista: Eu falo que temos excelentes concorrentes ao Senado em Mato Grosso do Sul. Pessoas respeitadas, pessoas que já tiveram e têm cargo público, já passou pela aprovação dos eleitores.

Então, o que eu peço? Que você [eleitor] escolha um dos quatro que estão aí e votam. Mas, o segundo voto, vote em mim. O 500. Porque eu sou uma pessoa humilde.

Fiz até o segundo ano de faculdade de Letras e parei porque não tive mais condições. Mas, eu sou uma pessoa muito bem instruída. Tenho uma longa bagagem de movimentos sociais. Fui presidente de associação de bairro por nove vezes.

Quero pedir para o eleitor de Mato Grosso do Sul, preto, índio, branco, trabalhador, agricultor, empresário, um voto de confiança.

Pode escolher um dos nossos candidatos ao Senado. Mas, o segundo voto, peço para o 500.

Dê esta oportunidade para eu representar o povo sul-mato-grossense no Senado e eu garanto que vou representar com muito orgulho e muito respeito o voto de qualquer eleitor que me der esta confiança.

Eu tenho vontade de ser senador da República para representar todo sul-mato-grossense. Mas, meu objetivo é representar o pequeno agricultor, a pessoa mais humilde, ao trabalhador.

O que tem cerca de dez empregados [também é trabalhador] tem, às vezes, que trabalhar mais que o empregado. Sabe porquê? Porque você tem a responsabilidade de pagar o salário deles no fim do mês. Tem a responsabilidade de pagar os encargos fiscais. O que tem o supermercado lá nas Moreninhas e tem dez empregados, é um trabalhador.

É um trabalhador de coração. Além de ele ser trabalhador, ainda tem a responsabilidade de cuidar dos outros dez trabalhadores.

Então, quando a gente fala trabalhador, é o pequeno empresário ou [igual] aquele que trabalha no caixa, na limpeza.

Vou lhe dar alguns exemplos. O meu primeiro suplente tem uma oficina mecânica, que é o seo Bira. A minha segunda suplente, dona Maria Helena, é faxineira diarista. E eu os tenho eles com muito orgulho. É a única diarista do Brasil que é faxineira. Geralmente eles pegam um milionário para dar dinheiro. A minha chapa não. São só pessoas humildes. A dona Maria Helena é do serviço de limpeza.

E eu queria dizer que votassem no 500. Vote no seu candidato de preferência. Porque nós podemos votar duas vezes para senador e com votos diferentes, não podemos votar em um candidato só. Peço para votar no companheiro Delcídio, no companheiro Moka, no companheiro Murilo, no companheiro Dagoberto. Mas, aí, no segundo voto, fala que vai votar para o Jorge Batista, 500, o senador vizinho.

Capital News: Há algo que o senhor queira acrescentar que acredite ter faltado nesta conversa?

Jorge Batista: Eu como senador tenho um objetivo: salvar o Pantanal das garras destes usineiros. Eles vêm plantar cana-de-açúcar e se chegar a plantar em volta do Pantanal, não precisa nem ser lá dentro, seria uma mortandade de animais. Um desastre.

E os animais que escaparem do fogo, não escapam das máquinas que os trituram. Os animais silvestres vão migrar para os canaviais achando que ali estarão protegidos, mas, ali que está a morte. Os pássaros irão ir chocar nos canaviais, vão botar fogo e nenhum se salva. Eu tive oportunidade de ver bando de pássaros morrendo queimados.
Acho que não só eu como candidato tenho que levantar esta bandeira, mas todos os ambientalistas.

Aquela morte do Fraucelmo não pode ficar em vão [ambientalista que ateou fogo no próprio corpo em praça pública e morreu]. A pessoa chegar a colocar fogo no próprio corpo para saber a dor que os animais sentiam e acaba vindo a óbito. Ele quis mostrar o exemplo de um animal queimado. Você já pensou queimar a sua pele a dor que você sente?

Milhares de pássaros e animais silvestres [sofreriam]. Eu já vi tamanduá bandeira andar peladinho e vivo ainda, andando pelo canavial. Porque eles não botam fogo só de um lado do canavial, eles botam em círculo. E quem está lá dentro não tem como sair.

Esses usineiros já vieram expulsos de Pernambuco para cá. Outros Estados estão expulsando eles. E eles querem se implantar no Pantanal. Teve aquele episódio do governador falar do ministro. Precisou o ministro sair lá de Brasília para dizer “não” aqui. Será que não vamos ter políticos aqui que possam levantar também esta bandeira e não só eu e o PSOL? Eu quero contar com outros companheiros de Mato Grosso do Sul. Com entidades que defendem o Pantanal. Que defendem não só o Pantanal, mas qualquer palmo de terra do Mato Grosso do Sul. E não só do Mato Grosso do Sul, do Brasil.

Quem gostaria de ver um animal silvestre queimado? Acho que o mundo inteiro não gostaria.

Mas, aí você me diz: “Você fala do usineiro, usineiro é ‘isso’.” Mas, tem que ter um planejamento. Tem que ter a época para a choca dos pássaros, para a procriação dos animais. Então, tem que ter um estudo ambiental muito grande em cima disso aí.

Eu sou totalmente contra usina de álcool no Pantanal. É um projeto de lei.

E outro projeto de lei que nós não tocamos no assunto ainda é para o cidadão que tem de 45 a 65 anos de idade. Que está excluído da sociedade. Se eu estivesse desempregado, eu tenho 53 anos, se eu chegar a ir preencher uma ficha [para emprego], nem para entrevista me chamam. Sabe porquê? Sou velho [os empregadores pensam assim, quer dizer].

“Aqui não tem vaga. Vaga aqui é só para até 35 anos.”

Eu vou te dar o exemplo dos frigoríficos de Mato Grosso do Sul que não empregam uma pessoa que tenha mais de 35 anos. Não contratam. Essa é a média.

Eu vejo isso com uma tristeza muito grande. Então, isso não é promessa de campanha, é projeto de lei: em uma empresa que tenha pelo menos dez empregados, ela tem que ter, no mínimo, 20% para pessoa de 45 anos ou mais. Tanto faz para o senhor ou para a senhora. Para a vizinha e para o vizinho. Este é um projeto de lei. Outra bandeira que vou defender.

Você já pensou, eu [refere-se a qualquer cidadão] que já criei minhas filhas, agora, vou criar neto e, desempregado. Que desespero.

Por exemplo eu mesmo. Não vou dizer que sou um jovem porque não sou, mas, eu consigo trabalhar oito horas por dia em qualquer empresa. Se você chegar em mim e falar: “Olha aquele prédio – porque eu sou mestre de obra – é para levantar um igual.” Eu pego das 6 da manhã às 7 da noite ali. Subo escada e desço escada. Não vou competir com um garotão, uma garotona, mas, sou um senhor que tem gás para trabalhar.

E, hoje, estão sendo excluídos estes cidadãos da sociedade e não são aposentados.

Aquele que é aposentado, benção a Deus, mas, são bem poucos.

É um projeto de lei, não é promessa de campanha. Eu, como senador, vou chegar em todos os companheiros no Senado e perguntar: “Será que na sua cidade, no seu Estado, não tem ninguém com esta idade.” Claro, eu tenho certeza que tem.

Capital News: Deixe uma mensagem para o internauta do Capital News, por favor?

Jorge Batista: Para todos os internautas do Capital News, aqueles que lerem, ouvirem ou verem o Jorge Batista falando, vocês podem pensar que ele ‘extrapola’ um pouco. Mas, eu quero ser senador com amor. Não quero ser senador para me aparecer. Nem para ficar rico.

Eu tenho projetos de lei e queria que vocês [internautas] analisassem o que eu falei.

Veja de onde eu vim, onde eu trabalho.

Quero deixar uma mensagem de muito amor, de muito carinho a todos os internautas. E pedir que, se você conhecer outro [eleitor], passe a mensagem para votar no 500. Como segunda opção.

O Capital News é um jornal que tem boa aceitação no mercado. Leia e fale assim: “Vou passar para outro que eu li a entrevista com o candidato a senador Jorge Batista. O senador vizinho.”

Eu estou de coração aberto.

E no Senado, eu tenho certeza que não envergonho nem o internauta, nem o trabalhador, nem o índio, nem o preto. E nenhum cidadão sul-mato-grossense. Eu acho que, como senador, eu serei o senador amigo do vizinho, da vizinha.

Outra questão é quanto ao jovem, que eu posso falar agora. Uma mensagem aos jovens.

O jovem aqui no nosso Estado [e no Brasil refere-se] tem quase o mesmo problema do senhor de idade. Sabe porquê? Porque dizem para ele: “Você não tem experiência.” Agora pergunto: “Se nasce com experiência?” Não nasce.

Quem tem que resolver isso aí? O governo Federal e o governo estadual.

Quando o jovem sair do segundo grau, o ensino médio, tem que já ter uma profissão.

Lá da escola pública, ele já tem que sair com curso em informática, enfermagem, agricultura.. Mas, não acontece isso. O jovem hoje sai de lá com o certificado na mão e, se ele quiser que vá procurar uma escola técnica. E tem outra coisa, não tem do governo, tem que pagar.

Agora, você pensa: seu pai desempregado, sua mãe trabalhando de diarista, você tem que pôr alimento na casa, você tem que pagar água e luz, pagar esgoto – que agora é um fortuna... E outra coisa, o transporte. Será que todos têm condições de fazer uma escola técnica? Não.

Isso é obrigação do governo, que tem que formar os nosso jovens. Tem que sair da escola e, por exemplo, ir trabalhar num banco, ter noção de trabalhar no caixa.

Vejo essa Mirim. Pode ver, todo jovem que é da Mirim está empregado. Mas, pouquíssimos conseguem chegar à Mirim. Você tem que provar que é pobre dos pobres para poder passar. Não é só chegar lá e falar que quer fazer um estágio na Mirim. Tem que provar que é pobre, pobre e depois ainda concorrer com outros que também são humildes, humildes.

Eu acho que o jovem tinha que sair capacitado da escola, tanto faz pública, particular, federal ou estadual.

Aí, você ia chegar numa empresa e ia te perguntar se tinha prática em telemarketing você ia dizer “tenho”.

Hoje, coitados dos jovens. Sabe onde vejo muitos? Na construção civil. Porque não teve oportunidade e está lá. Acredito que 80% dos serventes da construção civil são jovens, que não tiveram oportunidade, para, por exemplo, ter aula com computador. Não teve formação.

Então, que o jovem já saia com o segundo grau, o ensino médio, técnico e não o comum. Por que outros países fazem?

E nós precisamos muito destes jovens. Na construção civil mesmo. Mas, ele poderia pegar um projeto de edificações e ver. Ou, atuar na segurança do trabalho. Não podia ser um jovem de 17 anos, de 18 anos, trabalhando nisso? Aí, dentro da construção civil [assim], ele ia tomar gosto e ser um engenheiro, um engenheiro eletricista.

Vejo que ocorre igualzinho como com o cidadão entre 45 anos e 65 anos: o jovem é um cidadão excluído.

E isso que eu falo serve para os internautas. Porque a maior parte dos internautas é jovens. E crianças de 7 anos hoje são muito boas no computador porque estão aprendendo na escola agora. E se tivessem outros cursos?

Você vai nos cybers e vê criança de 8 anos e você pergunta onde ela aprendeu a mexer em computador, ela diz que é na escola. E porque não tem um laboratório para formar técnicos de laboratório, por exemplo? Por que não tem um laboratório de fotografia para formar fotógrafos? De conserto de computador? De eletrônica de rádio e TV? Ou uma oficina para formar atores de teatro?

Confira as entrevistas completas clicando nas fotografias ou nos textos sobre o candidato

Dagoberto Nogueira (PDT)Dagoberto Nogueira Filho é o candidato do Partido Democrático Trabalhista (PDT) ao Senado em 2010. Nascido em São José do Rio Preto (SP), em Mato Grosso do Sul, já foi deputado estadual e secretário de Estado e atualmente é deputado federal...

Delcídio do Amaral (PT)
Delcídio do Amaral é o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) ao Senado este ano. Nascido em Corumbá, foi ministro e busca a reeleição...

 

Waldemir Moka (PMDB)Waldemir Moka representa o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) no pleito deste ano. Vereador de Campo Grande por três mandatos, deputado estadual e deputado federal também por três mandatos, agora pretende ser senador...


Por: Marcelo Eduardo – (www.capitalnews.com.br)

 

 Veja também:

 ENTREVISTAS - 17/09/2010 - 14:21
  Senado: Confira as propostas de Dagoberto, Delcídio e Moka

 ENTREVISTAS - 17/09/2010 - 14:12
  Senado: Capital News entrevista Waldemir Moka

 ENTREVISTAS - 17/09/2010 - 14:03
  Senado: Capital News entrevista Delcídio do Amaral

 15/09/2010 - 09:10
  Confirmada saída do PSOL da disputa ao Senado

 08/09/2010 - 07:23
  Capital News entrevista candidatos ao Senado

 ENTREVISTAS - 08/09/2010 - 07:12
  Senado: Capital News entrevista Dagoberto

 ENTREVISTAS - 08/09/2010 - 07:07
  Senado: Capital News entrevista Jorge Batista

 

O site Capital News está com seu perfil no Twitter para teste
confira em: http//www.twitter.com/CapitalNews

O site Capital News está com seu perfil no Facebook para teste
confira em: http://www.facebook.com/CapitalNews

O site Capital News está com seu perfil no Google Buzz para teste
confira em: http://www.google.com/profiles/redescapitalnews

Comente esta notícia


Reportagem Especial LEIA MAIS