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ENTREVISTA Segunda-feira, 08 de Setembro de 2008, 10:15 - A | A

Segunda-feira, 08 de Setembro de 2008, 10h:15 - A | A

Exclusivo: Pedro Teruel é o segundo candidato à prefeitura entrevistado pelo Capital News

Lucia Morel e Jefferson Gonçalves - Capital News (www.capitalnews.com.br)

O Candidato à prefeitura de Campo Grande pelo PT, Pedro Teruel, é o segundo entrevistado do Capital News. Buscando levar ao leitor campo-grandense as propostas de todos os candidatos, o site está disponibilizando uma entrevista por semana, até o dia das eleições, com todos os prefeitáveis. O primeiro entrevistado foi o atual prefeito, Nelson Trad Filho (PMDB).

Nesta entrevista, Teruel destaca as ações que pretende desenvolver caso seja eleito prefeito da Capital e destaca dois projetos que pretende implantar na cidade: as creches para atendimento de crianças de 0 a 6 anos que funcionem à noite e durante as férias e também o cinturão verde, que seria a utilização de terrenos ociosos em Campo Grande para a formação de hortas comunitárias e mesmo para a produção em grande escala de hortifruti, tornando a Capital competitiva no cenário nacional nesse setor.

Além disso, o candidato se mostra preocupado com questões como saúde, segurança e transporte e elenca suas medidas para solucionar os problemas referentes a essas áreas.

O candidato promete ainda voltar com programas sociais e cancelar as dívidas ativas e pendências da população junto à prefeitura. “Vamos rever a questão tributária, as multas, suspender todas a indústria de multas, dívida ativa vai suspender tudo”, afirma e comenta também porque alguns partidos que eram aliados do PT nas eleições anteriores não fazem mais parte da coligação.

Confira abaixo a entrevista na íntegra.

Capital News:  Porque o Sr. quer ser prefeito da nossa Capital?
Pedro Teruel: Eu fui vereador em Campo Grande, há bastante tempo. Como vereador eu fui a pessoa que cobrou do poder executivo a existência do Plano Diretor da cidade. E naquele mandato, em 92, nós cobramos aquele Plano Diretor. E no Plano Diretor a Câmara incluiu 46 dispositivos e desses, 42 foram de minha autoria. Sobre a questão ambiental, a função social da propriedade, as regionais administrativas, os conselhos comunitários regionais, foi proposta minha. E teve também outra legislação como vereador, que é o programa renda mínima, hoje chamado de renda básica cidadão, que é idealizado pelo senador Suplicy e que eu criei em âmbito municipal. Casa abrigo para mulheres vítimas de violência, teve uma série de coleta seletiva e reciclagem do lixo, são todas leis que foram criadas por mim enquanto vereador e essas leis, em sua maioria, não foram implantadas. E se tivessem sido implantadas, a qualidade de vida da população de Campo Grande ia ser bem melhor. Então, o fato de eu ter colocado meu nome à disposição do partido para ser prefeito de Campo Grande é que, como prefeito de Campo Grande eu vou ter condições de implantar uma série de medidas que somente a administração municipal pode fazer e não tem feito. Então, eu sou candidato a prefeito para implementar uma grande parte do plano diretor, para implementar uma boa parte de leis que já existem , mas que já existem e não estão sendo implementadas. Está aí o lixão com centenas, 500, 600 pessoas catando lixo a noite inteira. Tem aí favelas na periferia. Então, pra você resolver uma série de problemas que a cidade enfrenta só sendo prefeito. Eu não vi outra forma de resolver tantos problemas na saúde, na segurança, que o município pode e deve participar dessa questão de segurança. Então eu sou candidato a prefeito porque somente como prefeito eu tenho condições de resolver uma série de problemas que só como prefeito eu posso resolver. E como um vereador, um deputado sozinho não tem toda essa possibilidade de ter um orçamento na cidade pra poder priorizar as questões e priorizar a questão social, que é o maior problema da cidade, nos bairros. Os bairros da cidade enfrentam problemas seríssimos. Então, nós estamos sendo prefeitos pra solucionar os problemas dos bairros.

Capital News:  Quais os três maiores problemas da Capital e quais são as suas propostas para melhorar essas áreas?
Pedro Teruel: São muitos problemas, mas nós vamos elencar como primeiro problemas a questão da saúde. E por que que é um problema? Por que é um problema que só a administração municipal pode resolver. E pode resolver! Faltam médicos nos postos de saúde, falta profissionais, falta qualificação pros profissionais atenderem com mais eficácia e com mais carinho as pessoas. O atendimento humanizado passa por um tratamento humanizado do servidor público. Se a prefeitura não trata de forma humanizada o servidor público, isso acaba refletindo no cidadão que acaba sendo atendido por esse servidor. Então, humanizar a relação da prefeitura com o servidor público, dando a oportunidade de ter um trabalho com satisfação pra que eles transmitam isso no atendimento. E outra é a questão das filas e das demoras. A fila e a demora custam mais pro município do que se ele for eficiente no atendimento. Se esse atendimento for rápido nos primeiros sintomas da doença e se a procura do paciente por atendimento for eficiente ele não precisa voltar ao posto de saúde. Nós temos casos de pessoas que já foram várias vezes ao posto porque não foram bem tratadas. Isso onera mais a prefeitura. A prefeitura gasta mais se demora pra atender. Então, temos também meses e meses que passam para sair o resultado de um exame e quando sai o exame a doença já agravou e se agrava já passa para a média e alta complexidade num assunto que poderia ter sido tratado na baixa complexidade.
Outra coisa é o PSF (Programa Saúde da Família): não está funcionando em Campo Grande! Tem apenas 63 equipes do PSF que é preventivo, que evita a pessoa ficar doente, isso é economia pro município. Nós vamos elevar esse quadro pra 150 no mínimo, que possa atender 70% da população. Hoje, atinge apenas 27% e ainda de forma questionável porque as famílias têm reclamado que não têm recebido a visita. É um programa em que o governo federal é parceiro e é um programa que evita a pessoa de adoecer e se ela não adoecer ela não sofre e o município não gasta.
Aumentar o Centro de Especialidades Médicas, temos um apenas, com filas que eu já falei. E demora meses. Tem pessoas que demoram meses para serem atendidas, levam três, quatro meses para receberem o resultado de um exame. Nós aumentaremos pras três o número de Centros de Especialidades Médicas regionalizados para que as pessoas possam mais rapidamente obter esse atendimento. Saúde é uma obrigação do poder público e o poder público não está cumprindo com sua obrigação.
Mas e aí você pode perguntar: e orçamento pra isso? E eu sempre ouvi técnicos e especialistas e me somo nessa linha de raciocínio que a questão de problemas de um município não é falta de orçamento, é falta de prioridade, falta de decisão política. Quando se decide que vai resolver um problema, você prioriza esse problema e resolve. Daí, claro, e o orçamento? O orçamento se tira de outro lugar, tira de um lugar que não seja tão grave ou que não tenha problemas para se investir em um que tenha problemas.
Um outro problema é a questão da segurança. Campo Grande é considerada uma das mais violentas do Brasil. Violência no trânsito e violência nos bairros, violência de todo tipo, assaltos. A cada três horas, as estatísticas que nos passaram os órgãos públicos, é de que a cada três horas tem um assalto em Campo Grande. Então você imagina: enquanto a gente conversa aqui, alguém está sendo assaltado. Quase todo dia tem um ônibus assaltado. Então aqui o problema de segurança é bastante sério. Então se a gente quiser reordenar a cidade pro futuro, pro aumento de veículos que vem tendo, experimentando a todo ano o aumento de população e de veículos, pra reduzir o número de acidentes e não é multando que você reduz esse número de acidentes, é você prevenindo. Não é você deixar que a população transgridas as regras do trânsito pra você multar, é você fazer um trabalho pra que ela não seja multada, então assim, pra que ela não transgrida essas leis. Senão a indústria da multa acaba sendo uma indústria de mortes também. Ao mesmo tempo que a prefeitura se preocupa só em multar e cobrar multa e fazer disso uma receita da prefeitura ela não está evitando que os pontos onde se gera mais multas sejam eliminados. Então nós vamos eliminar os pontos onde há multas para não haver mais multas. O objetivo nosso é que ninguém seja multado porque ninguém vai transgredir, ninguém vai dirigir de forma perigosa porque vai estar bem sinalizado e vai estar bem monitorado. Essa é uma questão. Um segundo ponto é a criação da secretaria municipal de segurança pública e defesa social. Porque o problema da cidade não é só tirar das ruas a pessoa que transgrediu, e colocar na cadeia e encerrou o assunto. É fazer um trabalho de mapeamento na cidade e cada pessoa que cometeu uma irregularidade, essa pessoa paga pelo que fez, é julgado e punido, mas a prefeitura vai analisar a origem dessa transgressão. Quem é a pessoa? Onde é que mora? Quais são os antecedentes? Por que que se envolveu no crime? E ter uma atuação forte da prefeitura na região e com os amigos dessa pessoa, porque se uma pessoa está cometendo algum delito é porque deve haver também algum amigo na eminência de seguir o exemplo. Então assim, você prende uma pessoa, mas ainda tem meia dúzia que ainda não cometeu nenhum delito, mas que pode vir a cometer se a prefeitura não tiver uma ação. Em Diadema há ações desse tipo e nós vamos implantar aqui,imediatamente, com relação a segurança. Diadema era uma cidade violenta e reduziu em 70% o índice de violência lá, somado todos, desde furto até assalto, roubo, coisas desse tipo. E também ter uma guarda municipal com treinamento de polícia pra estar com rondas motorizadas nos bairros.
Em terceiro lugar posso priorizar a questão do transporte coletivo. A prefeitura, na nossa visão, tem que garantir transporte coletivo pra toda população. Não é garantir ônibus e embarcam no ônibus aqueles que cabem no ônibus e os que não cabem ficam na rua. Então, nos horários, que é de manhã de ida pro trabalho, ao meio-dia, que é o horário do almoço e à tarde, os ônibus que estão circulando são insuficientes em quantidade para transportar os moradores de Campo Grande que precisam se deslocar. Ou, quando transporta, o morador chega atrasado no emprego, chega atrasado na aula, ou sai da aula e demora uma hora, uma hora e meia pra chegar em casa, porque o ônibus passa lotado, então, isso aí é uma transgressão ao direito do usuário do transporte. Então, se em determinadas linhas o ônibus está passando lotado tem que passar dois ônibus juntos: o que não coube em um entra no outro.
Readmitir os cobradores, porque eles são um importante auxiliar do usuário. O cobrador não está lá só pra dar despesa pro dono da empresa, o cobrador está lá pra aliviar a carga de trabalho do motorista e está lá também pra cuidar da pessoa subir no ônibus, descer, cuidar a porta, cadeirantes, ou dar orientação, onde é que pára, então, tem um trabalho importante do cobrador. Então, nós vamos manter os cobradores, além de valorizar os motoristas e cobradores, porque valorizados eles atendem melhor a população. E se, você melhorar a qualidade do ônibus, você diminui a quantidade de acidentes de trânsito, porque tem muitas pessoas que podem deixar o carro em casa e vir pro centro, pro trabalho de ônibus se tiver boa qualidade. Agora, quando o ônibus tem péssima qualidade, super lotado, cobra caro, não respeita o usuário, ele prefere pegar o carro dele e vir no carro dele porque ele tem certeza da hora que ele vai chegar. E segurança dentro dos ônibus, que todos os dias a gente tem um ônibus assaltado, então,segurança nos ônibus sim! Nós vamos colocar segurança nos ônibus.
Os programas sociais também voltarão, porque tem favelas em Campo Grande. E você me pediu três problemas, eu estou dando quatro. Os programas sociais são extremamente importantes porque tem gente sofrendo dentro de Campo Grande e a prefeitura não pode permitir, não pode deixar que pessoas dentro de Campo Grande sofram e o prefeito é responsável por todos que estão dentro da cidade e tem muita gente em favela, morando em barraco e muita gente passando fome. Então, programas sociais são prioridades nossas, até quem sabe do mesmo nível das outras.

Capital News: Para administrar uma cidade é preciso ter apoio dos vereadores e para isso é necessária a construção de uma base política na Câmara. Como montar essa base política para dar sustentação na sua administração? E quantos vereadores a sua chapa ou coligação pretende eleger?
Pedro Teruel: Eu já fui vereador, já estou no terceiro mandato de deputado estadual e eu tenho certeza que eu conseguirei formar uma base de sustentação suficiente pra tocar os projetos necessários pra administrar a prefeitura dentro de um quesito de respeito ao parlamento. Dar autonomia ao parlamento e enviar pra lá propostas que atendam os anseios da população, que não sejam propostas que vão punir a população e então eu vou ter a maioria votando ao meu lado. Por exemplo, a questão de tributação, multa e taxas elevadas pra serem pagas por famílias de baixa renda o prefeito precisa de outra forma pra ter maioria pra aprovar propostas que prejudicam uma parcela da população. Agora, se o prefeito, enviar para a Câmara propostas de melhorias na cidade é claro que tem certas pessoas que vão se sentir prejudicadas com a proposta. Mas, se a maioria da população estiver sendo beneficiada e apenas uma parcela é que não quer, que não gosta, certamente eu terei quantidade de votos suficientes. E claro que o prefeito pode utilizar os vereadores como interlocutores entre o poder executivo e a população, porque os vereadores têm atributos de fiscalização e podem ajudar a prefeitura fiscalizando as coisas que estão erradas e denunciando, bem como indicar pontos de sofrimento da população. Então o vereador pode indicar: em tal lugar tem uma favela e então esse vereador vai estar sendo útil pra aquela comunidade, está ajudando a prefeitura e vai estar votando com o prefeito. Então, uma prefeitura que atende as reivindicações comunitárias, sociais, dos vereadores certamente terá maioria na Câmara. Será dessa forma a minha relação com a Câmara e pretendemos eleger de cinco a seis vereadores.

Capital News: Como o senhor pretende gerar empregos aqui na Capital?
Pedro Teruel: A primeira coisa que se faz para uma cidade crescer é investir no conhecimento. Assim, não é muito recomendado você utilizar exemplos distantes, mas os países asiáticos são os que tiveram maior crescimento e evolução no mundo nos últimos anos. E eles não fizeram nenhuma coisa fora do normal: investiram no conhecimento, ou seja, qualificaram a sua população. Acreditou no ser humano, no homem, na mulher, no jovem. As nossas administrações têm falhado nisso. E a prefeitura se limita sempre e aqui não vai uma crítica, mas uma constatação, que ela tem se limitado a fazer o cotidiano de uma prefeitura comum: é limpar a rua, asfaltar ali, é fazer obra não sei onde, botar placa aqui, reformar escola, é construir posto de saúde, fica nesse imediato e não há nenhum planejamento na prefeitura e nós temos como proposta um planejamento de médio e longo prazo de transformar Campo Grande na cidade do conhecimento e da tecnologia. Eu sou fruto do conhecimento e da tecnologia. Sou engenheiro e graças ao meu conhecimento tenho condições de administrar bem Campo Grande. Então, eu quero que todos os habitantes de Campo Grande tenham a oportunidade de serem qualificados profissionalmente fazendo as escolas da rede municipal funcionarem à noite. À noite as nossas escolas ficam ociosas, então assim, nós já temos a estrutura física, o que falta é vontade política de investimento no ser humano. Se Campo Grande tiver uma população de alto grau de conhecimento, que tenha envolvimento com a questão tecnológica, nós vamos conseguir ter mais indústrias e mais empresas instaladas em Campo Grande. Então, quem quer conhecimento deve fazê-lo através dos moradores. As prefeituras anteriores e a atual têm feito o trabalho do arroz com o feijão: eu dou aula pro ensino fundamental, médio então eu forneço o pacote normal da educação e acabou. Não! Nós vamos além disso.
E a nossa administração na prefeitura também vai ampliar os mirins. Campo Grande conta com um instituto no centro, nós pretendemos colocar um em cada região. Campo Grande tem seis regiões e terá um instituto em cada, porque é muito bom e o que é bom tem que ser ampliado e tem que atingir mais pessoas. E envolver os jovens no primeiro emprego e os jovens em estágio também é proposta nossa, com cursos profissionalizantes, o cursinho popular pra que possa entrar na faculdade e também bolsa universitária e universidade pública gratuita municipal em parceria com o governo federal. E temos essa proposta porque a maioria dos jovens não tem conhecimento não é porque eles não querem conhecimento, é porque eles não têm oportunidade. E por isso que eu defendo que nós temos que criar igualdade de oportunidades para todos. Não quer dizer que todo mundo vai ser médico ou que todo mundo vai ser engenheiro ou piloto de avião, não! Você cria a oportunidade pra que aquele que quiser ser, possa ser, independente do poder econômico que a família dele possui. Porque hoje quem tem poder econômico pode até escolher, começar um curso, abandonar ele no meio e quem não tem é vítima de não lhe ser oferecida oportunidade de conhecimento. Então, eu tive oportunidade de conhecimento em escola pública então eu tenho uma dívida com os jovens de fazer com que eles cheguem aonde eu cheguei. Eu como jovem tive a oportunidade e peguei a oportunidade, porque era de graça, porque se fosse pago eu não teria. A oportunidade está ali, mas você tem que pagar; minha família não tem dinheiro, eu estava fora. Mas como era de graça eu consegui.

Capital News: Na área habitacional, quais seriam suas propostas?
Pedro Teruel: A habitação em Campo Grande é lastimável. Não vou criticar a quantidade de casas que vem sendo construídas, o que eu faço aqui é uma avaliação de que são insuficientes. Porque enquanto tiver uma família morando debaixo de um barraco de lona a prefeitura não cumpriu seu papel de amparar todos os moradores. E hoje não é apenas uma, são milhares de famílias e tem favelas pra tudo quanto é canto na nossa cidade. E outra coisa que a prefeitura não deve fazer é não fará na minha administração é esconder problema. Porque quando a prefeitura fala que Campo Grande é uma cidade sem favelas está escondendo as favelas. E a pior coisa para a solução de um problema é você esconder o problema. Se esconder ele não vai ser resolvido nunca. E você pode ver pela minha história, eu estou sempre lá no lixão, tem um problema e não foi resolvido até hoje. Quando eu era vereador eu fiz um alei, foi aprovada, mas o povo continua lá no lixão. Eu vou de vez em quando nas favelas, vou de vez em quando na fila do posto de saúde, eu de vez em quando tomo ônibus e ando dentro do ônibus. Porque se o prefeito não estiver em contato com os problemas ele vai achar que a cidade está uma maravilha. Ele vai continuar falando que Campo Grande é a cidade mais bonita do Brasil, que é a cidade que está em primeiro lugar, que é a cidade que está ganhando prêmio e se o prefeito só ficar vendo o que a cidade tem de bom ele nunca vai resolver o que ela tem de ruim.

Capital News: Assim, os três principais partidos que acompanharam vocês do PT até a administração do Zeca, o PTB, o PRB e o PDT não acompanharam a coligação agora. Por quê?
Pedro Teruel: Eu não posso te dizer porque eu não posso responder pelos outros partidos. O PT fez a tarefa de casa: convidou os partidos, até teve a iniciativa de buscar uma frente de partidos de oposição, mas o PDT não chegou nem a entrar, que quando a gente estava montando a frente da oposição o PDT foi convidado pelo PMDB para conversar em detalhes e o PDT saiu dessa frente de oposição e então ficou três partidos, incluindo o PT. E daí o PDT indicou o Dagoberto vice do Nelsinho Trad, aí depois dispensaram o PDT e levaram o Edil. Sobraram então o PT, o PTB e o PRB. O PTB veio o presidente nacional Roberto Jeferson aqui e fez uma intervenção no partido, destituíram o presidente regional que estava compondo conosco e instituiu uma nova diretoria e essa nova diretoria tirou o partido da frente de oposição e levou pro PMDB e compôs com o grupo de lá. E o PRB que a gente estava conversando também, foram pra Brasília e lá fecharam com o PMDB e a nossa articulação quebrou. E o partido que ficou com a gente desde o início, por questões ideológicas, o PCdoB, fechou com a gente e depois teve o PSL que também tentou fazer parte daquele grupo de 19 partidos da outra coligação e não foi em frente e compôs conosco também. E aquele grupo de lá, na avaliação ideológica que eu faço lá tem um grupo de partidos de ideologias conflitantes e de programas conflitantes. O programa neoliberal é totalmente conflitante com o programa socialista do PSB e do DEM, PPS também socialista, então,é uma composição que imagino eu, é de difícil compreensão do eleitor o que que une esses partidos. Programa de governo não une, explode se for o caso. Ideologia então, dá guerra se você for comparar. Por isso que eu acho que nós estamos sendo muito mais coerentes com poucos partidos do que eles com tantos.

Capital News: Na área da saúde e do transporte eu queria que o senhor sintetizasse as suas principais propostas.
Pedro Teruel: Na saúde, contratação de mais médicos, porque é impossível você chegar na fila do posto de saúde e falarem pra você que a senha acabou e vai ter que voltar amanhã. Como se a doença pudesse esperar o dia seguinte. Contratação de outros profissionais, como enfermeiros, psicólogos, isso é necessário pra dar conta da demanda, porque se não der conta de atender todos é porque o serviço é falho. Vamos também dar cursos de qualificação pra esses médicos, condições favoráveis de trabalho. Vamos também aumentar mais três Centros de Especialidades Médicas pra que o exame não demore tanto tempo pra ficar pronto. Instalação de uma Central de Regulação de Vagas que funcione pra valer, pra poder fazer a organização conforme a complexidade do problema. Não estaremos fechando as portas se algum paciente vier do interior, porque isso é desumano. A questão da Santa Casa eu considero de responsabilidade da prefeitura. A prefeitura não tem pronto socorro municipal e deveria ter, ela se utiliza da Santa Casa e paga mal pelo serviço. Também no PSF a gente vai aumentar para 150 o número de equipes e os programas de segurança alimentar pra evitar a desnutrição faz tudo parte da saúde.
No transporte é obrigar as empresas a ter um maior número de ônibus nos horários de pico, porque as empresas têm obrigação de transportar todo mundo. Se as cinco empresas que tem em Campo Grande não dão conta de transportar todo mundo nós vamos chamar quantas forem necessárias para atender a população. Não dá pra fazer um monopólio fechado nessas cinco e os passageiros que elas não transportam ficam pra trás. Vamos também construir corredores exclusivos de ônibus que, o transporte coletivo sendo priorizado pela prefeitura diminui o número de acidentes do transporte, porque quanto mais gente andando de ônibus é menos carros nas ruas. Então tem que começar trabalhando isso pensando em médio, longo prazo. Porque uma cidade não pode ser planejada pra quatro anos, mas para dez, doze anos. Vamos também manter os cobradores e também vamos fazer pontos cobertos, porque há muitos pontos de ônibus descobertos com pessoas no sol, na chuva. Então, onde tiver ponto de ônibus vai ter cobertura. E também rediscutir a punição severa que os motoristas sofrem quando ocorre algum atraso. Motorista tem que receber o dinheiro, dar troco, cuidar dos passageiros, quem entra, quem sai e tem que correr, porque se ele demora pra dar um troco ele tem que tirar a diferença correndo pra chegar no ponto final no horário. E outra coisa: quando tem assalto quem paga é o motorista, do próprio bolso. Ele não tem culpa do assalto e não tem que pagar.
E outra coisa que você não perguntou, mas eu vou acrescentar aí é das creches, porque a administração municipal é obrigada a ter educação infantil dos 0 aos 6 anos. É lei. É uma cobertura que os Ceinfs não fazem, e já temos relatos de que eles funcionam com certa precariedade e não é o prédio, porque o prédio é bonito e tem falhas no atendimento, porque só atendem 16 mil crianças e tem mais de 20 mil para serem atendidas. E outra coisa também é a educação infantil funcionar nas férias e no período noturno. Por que? Porque a mãe que trabalha, na época das férias não tem onde deixar o filho e à noite porque tem mães que querem estudar ou trabalhar e não têm onde deixar o filho.


Capital News: Essa proposta até se encaixa nessa próxima pergunta que se refere às outras prioridades no seu plano de governo que podem ser consideradas como um diferencial. Tam mais alguma?
Pedro Teruel: Essa questão das creches é uma delas e outra é do cinturão verde. Campo Grande é uma cidade que tem pelo menos 40% de vazios urbanos, ou seja, é uma cidade vazia. Desde que eu sou vereador eu digo que em Campo Grande caberiam mais três Campo Grandes dentro do perímetro urbano da cidade. Porque tem chácaras, tem sítios, tem terrenos baldios, tem quadras inteiras vazias, tem especulação imobiliária, que às vezes tem gente que não mora nem aqui, compra o terreno e deixa ali, hora que valorizar vende. Nós teremos um programa de incentivar e financiar o cinturão verde, ou seja, hortas pra quem quiser plantar. Nós já temos algumas hortas funcionando em Campo Grande com um bom resultado, sendo que cerca de 70%, 80% dos produtos hortifrutigranjeiros vem de São Paulo e nós podemos produzir. Se quem produz aqui vai vender por R$ 12 e em São Paulo faz por R$ 10, o pessoal compra de São Paulo e não daqui. Mas o que está por R$ 12 aqui está empregando um monte de gente que compra no comércio e paga imposto. Então, se a prefeitura usar um pouquinho o raciocínio ela pode subsidiar a produção local e pagar a diferença para os produtores daqui poderem vender os produtos a R$ 10, a um preço competitivo com São Paulo. Então assim, a forma como o atual prefeito, que é meu amigo e não tenho nada contra ele, mas a forma como o PMDB administra, e já administrou por 16 anos a cidade é uma forma equivocada e é uma forma que deixa falhas e eu citei um monte delas. É por isso que Campo Grande precisa me eleger pra gente poder começar uma nova dinâmica de administração, uma nova forma de atuação. Eu estou pedindo só quatro anos. O PMDB teve 16, eu estou pedindo apenas quatro. Em quatro anos eu garanto fazer muito mais coisas que o PMDB não fez em 16. garanto!

Capital News: Candidato, qual seria a Campo Grande que o senhor sonha?
Pedro Teruel: A Campo Grande dos meus sonhos é a que não tenha nenhum morador com sofrimento. Eu vou estar tranqüilo quando cumprir a responsabilidade de não ver nenhum morador de Campo Grande sofrendo em fila de posto de saúde, que nenhuma pessoa seja deixada pra trás porque o ônibus passou lotado, que não tenha nenhuma família morando em barraco... (pausa e lágrimas)...

Capital News: Sua mensagem final para o eleitor de Campo Grande?
Pedro Teruel: Bom, pro eleitor eu falo que está nas mãos dele o futuro da cidade. O voto tem um poder muito grande. E ele deve saber que a administração municipal não deve ser uma administração que cuide só do centro, como tem acontecido, mas que cuide da cidade inteira, que é o que nós propomos. Que as pessoas sejam respeitadas como cidadãos campo-grandenses, que todos possam ter a mesma atenção da prefeitura. Mais da metade da cidade hoje não tem asfalto, mais da metade deles tem 20, 30 anos de existência e a poeira tem acompanhado. Então minha mensagem é que cada eleitor não se deixe iludir na véspera da eleição. Eu sou contra qualquer compra de voto e que o eleitor saiba que o voto é pra influenciar na vida dele nos próximos quatro anos e se ele votar com bastante cuidado ele pode melhorar a vida dele. Porque se ele ganha alguma coisa pra votar em alguém ele melhora uns quatro, cinco dias e os próximos quatro anos ele passa sofrendo. E a nossa intenção de ir pra prefeitura é pra fazer justiça. Vamos rever a questão tributária, as multas, suspender todas a indústria de multas, dívida ativa vai suspender tudo. E quando eu falo de cidadão que sofre em Campo Grande, eu falo de cidadão que sofre porque está endividado até o pescoço e dívida para com a prefeitura e dívidas questionáveis. Tem casos aqui de gente que pagava R$ 100 de IPTU e de repente veio R$ 700 e ele não tem condição de pagar, nem os R$ 100, muito menos os R$ 700. Então, ele foi erroneamente tributado e entra num círculo vicioso e ele não consegue mais pagar: tem multa, juros sobre a dívida e fica aquela bola de neve. Em janeiro eu estou suspendendo as cobranças da dívida ativa e as cobranças de multa. E nomeando uma comissão pra analisar as questões e fazer justiça tributária. E outra mensagem que eu passo para os pequenos empresários e para as famílias de Campo Grande que eu irei pra prefeitura se eles quiserem que eu vá.

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