A novela Salve Jorge, da Rede Globo, teve como tema principal o crime de tráfico humano. De autoria de Glória Perez, o enredo trazia uma jovem moradora no Complexo do Alemão, Rio de Janeiro, e que acaba sendo cooptada para trabalhar no exterior, vítima de tráfico ilegal e escravo. A novela deu início a uma campanha para esclarecer a população sobre o modo de atuação das quadrilhas especializadas no tráfico humano e estimulou denúncias que resultaram na libertação de muitas brasileiras que eram mantidas como escravas sexuais. O tema, que parece recente, para o país, já era há mais de dez anos motivo de estudos e reflexões da Igreja Católica Apostólica Romana e das pastorais de mobilidade humana, e que resultou no tema da Campanha de Fraternidade deste ano.
Na manhã desta quarta-feira (5), dia que se inicia o período da Quaresma, para os católicos, o arcebispo da Arquidiocese de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa, informou detalhes sobre a campanha que tem como objetivo principal identificar as práticas de tráfico humano em suas várias formas e denunciar o crime como violação da dignidade e da liberdade humana.
“O tema do tráfico de pessoas ainda é relativamente pouco discutido no Brasil, mas na verdade, a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) vem amadurecendo há vários anos sobre o tema da mobilidade humana. Hoje, existem vários grupos pastorais que trabalham com pessoas em mobilidade como ciganos, embarcados, caminhoneiros, refugiados”, afirmou Dom Dimas.
Segundo ele, a partir desses grupos pastorais foi criado um grupo de trabalho com parceria com o Ministério do Trabalho, Ministério da Justiça, e com outros organismos de combate ao trabalho escravo, exploração sexual de crianças e adolescentes. “Esses trabalhos foram se desenvolvendo em seminários, diálogos, publicações, até que se chega agora no tema da Campanha da Fraternidade”, disse o arcebispo.
“A campanha quer detectar situações de exploração de pessoas em condições de escravidão ou próxima a de trabalho escravo, para denunciar e acolher essas pessoas aviltadas em seus direitos”, observou Dom Dimas.
O arcebispo de Campo Grande explicou ainda que o método da Campanha da Fraternidade seja o de ver, julgar e agir. “O ver com ajuda de especialistas procura fazer o levantamento das pesquisas, dos trabalhos, da situação concreta; o julgar, à luz da Palavra de Deus, procura lançar luzes com passagens da Bíblia sobre o que nós podemos dizer dessa situação e que repostas podemos dar, já o agir traz uma série de sugestões para que a comunidade se organize e ela mesma procure detectar, denunciar e depois ajudar na sua reinserção”, disse.
Tema abordado em novela de 2012, a escravização humana é foco de reflexão para católicos durante quaresma
Foto: Deurico/Capital News
MS: Segundo Dom Dimas, as atividades da campanha serão diferenciados no Estado devido a região de fronteira. “Eu acredito que será uma consequência quase que inevitável, já há vários anos os bispos da fronteira Brasil-Bolívia se reúnem para tratar de pastorais da fronteira”, afirmou o arcebispo.
Dom Dimas ressaltou que hoje começa o período da Quaresma e que deve ser voltada para a vivência da Campanha. “A campanha quer sempre ajudar os católicos a viver a quaresma e traz uma série de subsídios para promover essa vivência, de acordo com a realidade das paróquias”, afirmou o arcebispo.
O lançamento da Campanha da Fraternidade 2014 será neste domingo (9), às 15h, no Ginásion Poliesportivo Dom Bosco.
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