Portas-fechadas para a negociação salarial. É essa a reclamação do Sindicato de Enfermagem de Mato Grosso do Sul (Siems) contra a administração da Santa Casa. Com data-base em maio, a categoria reclama que até agora os diretores do hospital não manifestaram nenhum tipo de interesse em renegociar as 43 cláusulas do acordo coletivo firmado em 2005 e revisto todos os anos.
A presidente do Siems, Helena Delgado, afirma com exclusividade à reportagem do Capital News que na segunda-feira (5), o setor de enfermagem do hospital realizará paralisações esporádicas, como as feitas no dia 10 de junho, para alertar a administração do hospital sobre a insatisfação da categoria com a falta de negociação. “Serão paralisações de três horas em cada um dos turnos”, disse. Assim, das 6h30 às 9h30, 12h30 até às 15h30 e 18h até às 21h os profissionais de enfermagem não irão atuar. Apenas um contingente de 30% irá trabalhar nesses horários.
Caso não haja abertura para negociações após a paralisação, a categoria vota um indicativo de greve na terça-feira (6) e, se aprovado, na sexta-feira (9), os enfermeiros entram em greve. “Vamos parar todas as atividades, respeitando-se os 30%, mas em todos os setores vamos ter o quadro diminuído, até o cirúrgico”, destaca, lembrando que a greve seria como o “último recurso, o extremo” da categoria para acelerar uma negociação que está “entravada”.
Conforme Helena, o diretor do hospital, Salim Chead, teria informado em reunião que “não irá negociar com os funcionários”. “O seo Salim já deixou claro que não vai negociar”, disse, destacando ainda que a alegação é de que as negociações devem ser encaminhadas entre o sindicato da categoria e o patronal, o que colocaria as negociações salariais com a Santa Casa dentro do mesmo “pacote” de negociações com outras instituições de saúde. “Mas a situação da Santa Casa não é a mesma de outros hospitais, a questão ali é peculiar”, diz.

Sindicalista mostra o acordo coletivo que é revisto todos os anos durante as negociações salariais
Foto: Deurico/Capital news
Conforme a sindicalista, a categoria luta por duas questões principais: as negociações salariais com a Santa Casa e as negociações no restante do Estado. Por decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região (TRT 24), as negociações com a Santa Casa se diferem das realizadas com outras instituições, devido à peculiaridades da instituição, que desde 2005 está sob intervenção e é administrada pela Junta Interventora, formada pela Prefeitura de Campo Grande, governo do Estado e Ministério Público do Estado (MPE).
Diante disso, o sindicato de enfermagem busca desde maio uma conversa com a administração para que o acordo coletivo seja revisto, mas segundo Helena, “não há abertura, as portas estão fechadas”. Conforme a sindicalista, os dirigentes do maior hospital do Estado estão mais interessados em usar o nome da instituição como “agasalho político”, do que preocupados com os funcionários. “Nós não fomos atendidos em nenhum momento pela administração do hospital. Eles estão mais preocupados em agasalhamento político do que com os trabalhadores”, afirma.
A sindicalista destaca que a administração do ex-diretor administrativo Pedro Chaves dos Santos Filho não modificou as condições de trabalho do hospital e que os próprios funcionários dizem que a administração foi apenas de “decoração”. “O que todos dizem é que Pedro Chaves foi como dizer: 'Por aqui passei, nada fiz, nada deixei, só assinei'.”
A reportagem entrou em contato com o diretor Salim Chead que informou que as negociações estão ainda “no início” e que as conversas têm sido encaminhadas “naturalmente”. No entanto, ele se dispôs a dar mais detalhes sobre o assunto apenas na segunda-feira (5).
Por: Lucia Morel - (www.capitalnews.com.br)
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