A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa que apura possíveis irregularidades no repasse do Sistema Único de Saúde (SUS) em 11 municípios do Estado ouve na tarde desta segunda-feira (15) ex-integrantes da Junta Interventora da Santa Casa. Um dos questionamentos é sobre o aumento em 614% dos contratos com empresas terceirizadas.
Durante a oitiva, o deputado estadual Lauro Davi (PSB) questionou sobre a veracidade da informação de que a Junta Interventora teria sextuplicado o número de contratos com empresas terceirizadas, passando de 14 para 83 contratos de diversos serviços como administrativo, limpeza e serviços médicos.
Segundo Antônio Lastória, que integrou a Junta Interventora, esses números são reais. Lastória informou que a terceirização dos últimos anos era para benefício do serviço público e que era uma medida de economia de escala.
Lastória informou aos parlamentares que alguns contratos foram feitos com empresas da área médica com o objetivo de atingir as metas quantitativas e objetivas da contratualização, segundo ele, se o SUS contratava no plano organizativo 100 cirurgias, a Junta deveria contratar o serviço do corpo médico para 100 cirurgias, independente de quando seriam realizadas. Com isso, muitos médicos formalizam cooperativas para prestar serviços para a unidade hospitalar.
O ex-interventor explicou que houve contratos para trocar o piso do Pronto Socorro, e que fizeram à época uma tomada de preços. “Não foi contratada uma empresa qualquer, que trabalha na esquina”, disse Lastória, que afirmou que todos os contratos foram acompanhados pelo Departamento Jurídico, e segundo ele, não foram esses contratos que engrossaram a dívida da Santa Casa. “Se esse foi o fator, a atual administração está revendo todos os contratos, até mesmo do estacionamento”, destacou Antônio.
Segundo Nilo Sérgio Laureano Leme, que também integrou a Junta Interventora, nessa quantidade de contratos está a retirada do lixo hospitalar, ventiladores e manutenção técnica desses aparelhos. Nilo pontuou que existem 400 monitores cardíacos de marcas diferentes e que, por isso, contrataram diversas empresas especializadas para a manutenção dos monitores. Nilo Laureano informou, ainda, que médicos ultrassonografistas não podiam atender 24 horas no hospital e precisaram contratar uma empresa para este serviço.