Mato Grosso do Sul enfrenta um déficit crônico na capacidade de armazenagem de grãos. Segundo dados da Conab, o Estado possui capacidade estática de 14,13 milhões de toneladas, volume que atende a apenas 50% da demanda atual. “Isso força os produtores a usar silobags ou escoar rapidamente, mesmo em momentos de preço ruim”, afirma Flavio Aguena, assessor técnico da Aprosoja/MS.
Apesar de a capacidade de armazenagem ter crescido 4,15% ao ano na última década, a produção de grãos aumentou em ritmo ainda maior. “Mesmo em uma safra fraca, já tivemos problemas de espaço. Em anos de safra cheia, como este, a situação piora”, explica Aguena. A produção de milho em 2024/2025 deve bater recorde, com estimativa de 14,226 milhões de toneladas, e a colheita de soja também cresceu, superando 14 milhões de toneladas.
Para tentar reduzir o gargalo, o governo estadual anunciou apoio a um investimento de R$ 500 milhões da Coamo.
A empresa pretende expandir a planta de processamento em Dourados e construir novos armazéns em Sidrolândia, Amambai e Dourados. “Estamos acompanhando a expansão agrícola com melhorias em logística e infraestrutura”, destacou Jaime Verruck, titular da Semadesc.
Mesmo com os investimentos, o desafio vai além da quantidade. “A distribuição dos armazéns é concentrada em poucos polos. Produtores de outras regiões enfrentam longas distâncias, filas e fretes caros, o que reduz a competitividade da produção sul-mato-grossense”, conclui Aguena.