O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito que apura possíveis irregularidades nos repasses do SUS (Sistema Único de Saúde), deputado estadual Amarildo Cruz, reafirmou que irá convocar novamente a ex-Secretária Estadual de Saúde, Beatriz Dobaschi, para prestar esclarecimentos à CPI da Saúde de Mato Grosso do Sul.
A exoneração de Dobashi se deu por meio do decreto 2.610, datado de hoje. Em seguida, o decreto 2.611, dispensa Ronaldo Perches Queiroz das funções de diretor-presidente da Fundação Serviços de Saúde de Mato Grosso do Sul e diretor-geral do Hospital Regional.
Escutas telefônicas, autorizadas pela Justiça e que fazem parte das investigações da Operação Sangue Frio, da Polícia Federal, vieram à tona ontem (1º), no telejornal Bom Dia MS. No trecho destacado, Dobashi e Ronaldo conversam sobre proposta do Ministério da Saúde de ceder equipamentos doados para o setor de radioterapia.
Segundo Amarido Cruz, presidente da CPI da Saúde em MS, o retorno de Beatriz Dobaschi para prestar depoimentos à Comissão Parlamentar de Inquérito já era consenso entre todos os integrantes da CPI. “Há várias contradições que precisam ser esclarecidas. No primeiro depoimentos tínhamos pouca documentação, mas na época já constatamos uma série de informações desencontradas dadas por Beatriz Dobaschi”, falou.
Conforme o deputado estadual, Amarildo Cruz, a data da convocação de Beatriz Dobaschi vai ser deliberada por todos os membros da CPI da Saúde. “Vamos nos reunir para definir a data do novo depoimento. Queremos ouvi-la o quanto antes. Novas denúncias surgiram e a ex-secretária tem a obrigação de esclarecer esses fatos, não apenas para a CPI, mas para toda a população sul-mato-grossense”, comentou.
O deputado estadual, Amarildo Cruz, assistiu à reportagem da TV Morena, a qual denunciou que Beatriz Dobaschi negociou com o ex-diretor do Hospital Regional, Ronaldo Perches Queiroz, a recusa de equipamento do Ministério da Saúde destinados à radioterapia de hospitais de Mato Grosso do Sul. “É preciso investigar a fundo essas denúncias para apurarmos a veracidade desses fatos. Se comprovada a denúncia, é inadmissível que uma gestora pública de saúde tenha uma conduta dessas. Pessoas morrem diariamente de câncer e o Estado se recusando receber equipamentos para beneficiar empresas públicas”, ressaltou.
Na sessão de hoje (2) os deputados Osvane Ramos, Pedro Kemp, Ovenan de Matos, Mara Caseiro, Junior Mochi e Lauro Davi usaram a tribuna da Assembleia Legislativa para repudiar os fatos denunciados pela TV Morena e declaram apoio aos trabalhos da CPI da Saúde em Mato Grosso do Sul.
CPI da Câmara Municipal
O vereador e integrante da CPI do Câncer da Câmara Municipal, Alex do PT, comentou a exoneração de Dobashi, em entrevista ao Capital News, durante a sessão ordinária desta terça-feira.
Para Alex, o momento mostra que “não existem mais pessoas imputáveis na administração pública, acima do bem e do mal”. “Em outra ocasião eu afirmo categoricamente, a exoneração da Dobashi não teria acontecido”, afirma.
O vereador disse que a Comissão irá solicitar informações sobre prestadores de serviços terceirizados dos últimos 13 anos, ligados aos serviços de oncologia, a prestação de contas e também quer saber quem auditava as contas do município. “Vamos bater na porta da Santa Casa, queremos saber o que se pagava, a quem e quem dava o aval para esses pagamentos”, declarou.