Conforme pesquisa de um cientista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), publicada na revista "Renewable Energy” e com informações reproduzidas pelo jornal Folha de S. Paulo desta segunda (18), não existe disputa de terras entre o plantio de alimentos e o de cana-de-açúcar para biocombustíveis. O trabalho da equipe conduzida por Roberto Shaeffer(especialista em energia) confirma, segundo matéria, que a expansão do cultivo de cana para produzir etanol não afetou, até agora, áreas de cultivo de alimentos.
"Até aconteceram mudanças localizadas de cultura, mas no todo não foi significativo. Existem 200 milhões de hectares de pasto no Brasil. Não são os cinco milhões que a cana ocupa que vão fazer falta", diz Roberto Schaeffer à Folha de S. Paulo. Ainda segundo a pesquisa, o Brasil tem 60 milhões de hectares dedicados à agricultura.
Segundo cientistas como Schaeffer ou José Goldemberg, físico da Universidade de São Paulo (USP) - um dos pais do Proálcool (que também publicou um estudo recentemente sobre o tema na revista "Energy Policy") -, de acordo com a Folha, é justamente para cima dos pastos -e não dos cultivos de alimentos - que a cana avança, com algumas exceções nos anos 1970 e em alguns poucos locais atualmente.
Mas, a questão da ocupação dos pastos também não aponta que o Brasil esteja produzindo menos carne. Goldemberg lembra que a densidade dos rebanhos vem crescendo. Só entre 2004 e 2005, passou de 128 cabeças por quilômetro quadrado para 141 nos pastos paulistas. Segundo ele, ainda há muito espaço para ganhos em produtividade. Uma eficiência maior poderia evitar inclusive que a pecuária se expandisse em função do desmate da Amazônia, como vem acontecendo no país.
O aumento do preço das terras que ficam em regiões de plantio de cana aponta que plantar pode ficar caro. Com o avanço da biotecnologia, a produtividade também avança, ou seja, os produtores podem fazer mais etanol sem aumentar seus plantios, mas mesmo assim, o cientista acredita que a preocupação com esse aumento de preço das terras é plausível: "Há algum fundamento em ficar preocupado. Hoje não há problema, mas, se as políticas não forem apropriadas, em alguns lugares eles podem aparecer. É bom ficar de olho aberto", diz Schaeffer à Folha de São Paulo.
Por: Ana Maria Assis - (www.capitalnews.com.br)