Segundo o censo realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) traçando o panorama do campo no Brasil, 2,9 milhões de propriedades rurais no País têm como responsáveis homens na faixa etária 25 a 29 anos. Destes, cerca de 43 mil residem em Mato Grosso do Sul. Já as mulheres com a mesma faixa etária são responsáveis por 1,6 milhão de empreendimentos no campo no Brasil, dos quais 21,6 mil são no MS.
Segundo o estudo, jovens com menos de 30 anos com bagagem profissional e diversas oportunidades para investir seus conhecimentos e aplicar novas ideias escolheram o campo para desenvolver suas habilidades.
Romeu Barbosa de Souza (28) após a morte prematura do pai, assumiu ao lado da mãe a propriedade rural da família aos 21 anos. “Concluí a faculdade de Direito e utilizo alguns conhecimentos na gestão rural. Hoje, minha mãe gerencia o escritório e eu fico na fazenda. Percebo que, atualmente, muitas propriedades são administradas por jovens e que a sucessão familiar está cada dia mais forte, com pais e filhos atuando juntos, unindo a experiência com as novas ideias”, avalia Souza.
O pecuarista tem sua propriedade localizada na região de Porto Murtinho (MS) e avalia como promissor o atual cenário administrativo rural. “Talvez por falta de mais conhecimento, nossos antecessores simplesmente ‘tocavam’ a propriedade. Hoje, gerenciamos a propriedade como um negócio”, destaca o produtor, que tem duas irmãs com profissões as quais não tem relação como o meio rural.
O também pecuarista em Porto Murtinho (MS), Duarte de Castro Cunha Neto (29), se define produtor rural ‘no sangue’. De família de produtores rurais assumiu aos 23 anos a administração da fazenda. “Vejo o campo como um meio de oportunidades e muitos jovens estão retornando para trabalhar com os pais, se profissionalizando, buscando consultorias”, avalia o produtor, formado em Engenharia Agrônoma.
“Nossos pais e avós foram pioneiros, trabalharam com raça, agora temos conhecimento em gestão e eficácia para desenvolver com novas ideias aquilo que eles criaram com muita dedicação”, avalia Duarte.
O presidente da Famasul Eduardo Riedel é um representante desse novo perfil que, aos poucos, caracteriza o campo. Filho e neto de produtores rurais, é biólogo de formação. No entanto, desde 1994 assumiu a administração da Sapé Agropecuária, propriedade da família em Maracaju (MS) e que está em constante processo de profissionalização. “Da administração da fazenda passamos para a administração de um negócio rural. Essa mudança de perfil dos empreendimentos do campo demanda a atualização do produtor, de seus métodos tradicionais, e, ao mesmo tempo, atrai e traz de volta as novas gerações para o campo”, avalia o dirigente.
Dividida entre Sidrolândia (MS) e o estado do Tocantins, Adriane Lermen Zart (27) trabalha com pecuária de corte e integração lavoura-pecuária floresta junto do irmão, que é engenheiro agrônomo. A produtora acredita que o conhecimento adquirido em qualificações e investimentos em novas tecnologias traça o perfil do novo gestor rural. “Percebo que os mais jovens têm muita disposição e conhecimento tecnológico. O campo está exigindo maior qualificação e para isso o produtor precisa buscar a profissionalização”, relata a produtora que assumiu a administração da propriedade da família há três anos.