Acervo pessoal

Rosana trabalhou como vendedora por doze anos, agora quer incentivar outras mulheres na busca pela liberdade financeira
“A mulher é capaz de grandes coisas, mas a vida familiar, o trabalho, a sociedade colocam limites. E quando ela descobre que pode voar muito alto, não para mais de subir. Se não tiver oportunidade, ela vai buscar”. A fala é da empresária Rosana dos Santos Souza, que há doze anos se encontrou no mercado de joias e semijoias e atualmente tem ensinado outras mulheres a garantir o próprio sustento e ter sucesso com vendas.
“Eu era secretária em uma empresa e uma colega me pediu ajuda para vender algumas peças. Me procurou, deixou a maleta de venda, disse que me deixaria um presente depois. Eu mostrei para as pessoas dentro do escritório e muitos compraram. Vendi ouro, vendi prata. Não sabia nada e ela [a amiga] foi me explicando sobre preços, etiquetas e tal. Ela passou para receber o dinheiro e me deu um pingentinho escrito Jesus, de presente, aquele foi meu pagamento. E eu vendi bastante, sabe, um valor significativo na época. Ela ficou muito agradecida. Depois disso, sempre me pedia ajuda para vender, mas eu não me ligava que aquilo tinha sido bom pra mim, até que um dia minha irmã chamou minha atenção. Ela também começou a vender e me abriu os olhos. Se eu estava vendo para outras pessoas, por que não venderia para mim também?”
E assim Rosana vai contando com exclusividade ao Capital News, como passou de secretária à uma das empreendedoras mais conhecidas de Campo Grande no setor de vendas de joias.
De acordo com ela, a irmã estava muito entusiasmada com a nova atividade e lhe deu de presente uma maleta para as vendas. “Ela me falou da comissão e eu acabei ficando interessada”, conta Rosana, que ainda assim preferia manter o trabalho de secretária e fazia as vendas entre um intervalo e outro.
“Eu vendia ali no escritório, depois para as amigas, vizinhas e no meu primeiro mês, ganhei muito bem, mas no segundo a comissão era quase o valor do meu salário e isso me deu ainda mais força”, contou. Ela lembra que para buscar novas peças, acabava indo até o local em seu horário de almoço, o que lhe roubava muito tempo entre idas e vindas, dependendo do transporte coletivo ou, muitas vezes, a pé, mas sempre escolhendo com muito carinho cada um dos objetos que seriam comercializados. “Tinha dias que ficava sem comer, era muito corrido no começo”, afirmou.
Em determinada altura da vida, ela deixou o posto de secretária naquela empresa e passou a trabalhar em uma franquia de perfumes e cosméticos. Naquela oportunidade, cumpria expediente de meio período e no contraturno, continuava a peregrinação na venda das peças. Até que um dia, uma amiga que era professora, pediu para que ela levasse sua maleta na escola onde ela trabalhava. Foi aí que começou uma grande clientela de professoras, diretoras e outras profissionais da educação.
Era tanta ‘mulherada’ para atender que Rosana acabou, depois de um tempo, deixando de lado o trabalho como vendedora de loja física e passou a atender apenas suas clientes das joias e semijoias.
“Foi nessa loja que eu me descobri. Sempre trabalhei no administrativo, internamente. E aquelas vendas me animavam, me deram força, descobri que era minha praia. Ter meu próprio negócio mudou minha qualidade de vida, a auto estima melhorou. Aquilo que eu acordava de manhã disposta a ir lá e buscar era o meu melhor. Tinha dia que estava muito cansada, achava que não ia dar conta, mas eu sabia que ia colher os frutos. Saí de um salário fixo para algo que eu sempre quis. Sempre fui muito consumista e aquela atividade me proporcionou isso que, pra mim, na época e até hoje é o principal: trabalhar duro e ter a recompensa. Acho que pra todo mundo é satisfatório”, desabafou.
Até que em 2020, com a chegada da pandemia, Rosana se viu desesperada. “Eu achei que ia ser a minha falência total. Imagina, sem escolas para atender as meninas, sem repartições públicas para vender. Pensei, gente, tô lascada! No meio de uma situação dessa, quem vai comprar joia? Eu vou passar fome! Mas é como dizem, em tudo dai graças a Deus”, continuou.
E para seu espanto, 2020 foi o ano em que mais trabalhou. “Quando as pessoas começaram a ficar em casa, as clientes me ligavam para ir até lá. Naquele ano, o dia das mães foi a maior loucura. Eu e minha filha, que trabalha comigo, chegávamos em casa sempre depois das dez horas da noite. Todo mundo falando em crise, tudo fechando, mas eu preciso dizer que Deus foi muito bom comigo, pois foi um dos melhores anos para as vendas”, afirmou.
Rosana, no entanto, lamenta a situação pela qual o mundo passava, com tantas vidas se perdendo, inclusive de amigos e parentes. A filha, que na época estava gestante e a acompanhava nos atendimentos a domicílio, tinha muito receio de adoecer, mas juntas as duas passaram por essa situação.
Atualmente, ela e a filha montaram um grupo de consultoras de vendas e estão planejando expandir o negócio da família aumentando o número de mulheres que hoje procuram uma oportunidade de ter seu trabalho de forma independente. Elas não abriram loja, continuam atendendo de forma individual suas clientes, mas querem expandir. “Temos um time de doze mulheres que estão com a gente e eu desejo que todas possam se encontrar como eu me encontrei”, finaliza Rosana.
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Monalisa Souza 25/08/2022
Guerreira
Maravilhosa ❤❤ 20/08/2022
2 comentários