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Reportagem Especial Domingo, 26 de Maio de 2024, 09:56 - A | A

Domingo, 26 de Maio de 2024, 09h:56 - A | A

Reportagem Especial

Desconfiança e preconceito da sociedade dificultam ressocialização de presos

Há quatro anos na mesma empresa, Gustavo é exemplo que é possível voltar ao mercado de trabalho

Renata Santos Portela
Especial para o Capital News

Deurico/Capital News

Foto ilustrativa de sistema penitenciário, presídio, celas, detenção

Sistema penitenciário

É o lugar que não desejo para ninguém

“É o lugar que não desejo para ninguém”, assim resume Gustavo Andrade Gusmão de 42 anos ao falar dos 2 que ficou preso pelo crime de tráfico de drogas. Embora essa realidade tenha sido dura como ele relata, foi fundamental para que desse um novo rumo a vida dele, isso porque foi através do presídio que conseguiu um emprego.

Gustavo trabalha como encarregado de loja, ele é prova de que a ressocialização é possível, mas o exemplo dele é apenas uma exceção. Embora a Lei de Execução tenha na privação da liberdade o instrumento capaz de oferecer ao infrator um intervalo durante o qual reflita sobre seu crime, raramente o preso recebe a orientação e a capacitação necessárias para o seu retorno à sociedade.

Acervo Pessoal

Desconfiança e preconceito da sociedade dificultam ressocialização de presos

O meu sonho é ainda me tornar um diretor da empresa, diz Gustavo

Quando entram nas penitenciárias, os condenados passam a fazer parte de um submundo com regras próprias, dominado por facções, independentemente da gravidade da ação cometida. No entanto, o destino de Gustavo foi diferente, condenado há oito anos de prisão, a oportunidade de trabalho veio quando estava no regime semiaberto.

A empresa que deu a ele a chance de recomeçar é apenas uma das que apostam na ressocialização em Mato Grosso do Sul. Gustavo está há quatro anos trabalhando, hoje ele é encarregado de loja. “O meu sonho é ainda me tornar um diretor da empresa”.

Retornar ao convívio público nem sempre é tarefa fácil. Isso porque, essa ressocialização acaba sendo dificultada pelo preconceito e pela falta de confiança em empregar aqueles que passaram pelo Sistema Carcerário do Brasil.

Acervo Pessoal

Desconfiança e preconceito da sociedade dificultam ressocialização de presos

Eu digo que, muitas vezes, o preconceito vem da gente mesmo. É preciso ser forte e confiar

No Brasil, o número de pessoas encarceradas é assustador, são mais de 839 mil pessoas, conforme o último levantamento do Sisdepen (Sistema de Informação do Departamento Penitenciário Nacional). Quando falamos em dados estaduais os números também impressionam.

De janeiro a abril deste ano Mato Grosso do Sul contava com 13.762 detentos no regime fechado no Estado e 901 presas. Os dados são da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) e mostravam que o número é 110 a mais que o mesmo período de 2023 onde 13.652 homens estavam presos e 900 mulheres.

Nesta semana, foi celebrado o Dia Nacional do Detento (a). A data, tem por objetivo, convidar a sociedade a refletir a respeito das causas e critérios que levam ao encarceramento, bem como sobre a situação e condições da população carcerária brasileira, tanto durante o cumprimento de penas como após o fim destas.

Gustavo lembra que no início do trabalho no mercado exercias as funções com tornozeleira e mesmo com o equipamento eletrônico recorda que nunca se deparou com olhares e comentários de clientes. “Eu digo que, muitas vezes, o preconceito vem da gente mesmo. É preciso ser forte e confiar”, conclui.

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Gustavo Andrade Gusmão 05/06/2024

Eu só tenho que agradecer a Deus ????

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