Ailton de Freitas

Apresentador Luciano Huck explica porque não será candidato à Presidência
“Contem comigo. Mas não como candidato a presidente“, diz o apresentador de televisão Luciano Huck, em artigo publicado no jornal Folha de São Paulo, colocando fim às expectativas de que ele disputaria as Eleições 2018. O texto foi publicado nesta segunda-feira (27), com as justificativas de Huck para tomar a decisão. Nesta semana, uma pesquisa divulgada pelo jornal “O Estado de S.Paulo” informou que sua aprovação chegou a 60%.
No artigo para a Folha, O comandante do “Caldeirão”, da rede Globo destacou que seus pais, sua mulher Angélica, seus filhos, seus familiares e seus amigos próximos o impediram que o “deixasse levar pelos sons dos chamados quase irresistíveis”. A informação havia sido antecipada ontem pelo colunista do Globo, Lauro Jardim.
“Quem se interessa pelo que sou e faço pode acreditar: vou atuar cada vez mais, sempre de acordo com minhas crenças, em especial com a fé enorme que tenho neste país. Contem comigo. Mas não como candidato a presidente”, escreveu o apresentador, que prometeu ir “além da voz amplificada pela televisão, do eco das redes sociais e do instituto que criou para ajudar e agregar ao país. “E, para isso, não são necessários partidos, cargos, nem eleições”.
Huck reforçou a visão de que é fundamental “sair da proteção e do conforto das selfies no Instagram para somar forças na necessária renovação política brasileira“ — o que está bem distante, segundo ele, de postular uma candidatura a presidente.
No texto, ele cita “A Odisseia”, de Ulisses, para explicar que esteve “tentando escapar da sedução das sereias, cantando a pulmões plenos e por todos os lados”, inclusive dentro de si, nos últimos meses. Huck também refletiu sobre como seu nome surgiu no radar dos possíveis candidatos e atribuiu as especulações à sua exposição pública, seu jeito, suas características, sua personalidade e sua forma de ver o mundo. Entre “centenas de defeitos”, ele destacou ter genuína e enorme paixão e curiosidade pelo outro.
“E a sensação de “intimidade” que meus mais de 20 anos de televisão provocam nas pessoas possibilita conversas instantaneamente francas e verdadeiras (...) E foi essa permanente “bateção de perna”, sempre “ in loco”, que me tirou definitivamente da zona de conforto e me fez ver: O Brasil está sofrendo demais — especialmente os mais pobres, mas não apenas eles— para ficarmos passivos e reféns deste sistema político velho e corrupto”, destacou no texto.
Huck ressaltou que sua reação natural ao ver seu nome apontado, sem tê-lo oferecido, foi “tentar entender melhor do que se tratava”. Ele voltou a frisar que sua geração hoje trabalha e inova “com vigor em muitas frentes”. “Mas, pela política, tem feito pouco”, reconheceu.
Na coluna deste domingo, Lauro Jardim destaca que Huck, que não se filiará a partido algum, tomou a decisão na quinta-feira, justamente o dia em que jornal “O Estado de S. Paulo” publicou em sua manchete a pesquisa mostrando que a aprovação do apresentador cresceu nos dois últimos meses.