A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Apostas, no Senado, rejeitou nesta quinta-feira (11) o relatório final apresentado pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), que pedia o indiciamento de 16 pessoas, incluindo as influenciadoras Virgínia Fonseca e Deolane Bezerra, por crimes como lavagem de dinheiro, estelionato, sonegação fiscal e organização criminosa.
A votação terminou com quatro votos contrários e três favoráveis. Votaram contra o relatório os senadores Angelo Coronel (PSD-BA), Eduardo Gomes (PL-TO), Efraim Filho (União-PB) e Professora Dorinha Seabra (União-TO). Apoiaram o parecer Alessandro Vieira (MDB-SE), Eduardo Girão (Novo-CE) e a própria relatora.
Apesar da rejeição, Soraya afirmou que enviará as conclusões ao Ministério Público, à Polícia Federal e ao Ministério da Fazenda para continuidade das apurações. Segundo ela, a investigação ultrapassou a atuação de influenciadores nas redes sociais.
“A investigação não é só sobre influenciadores ou bets. Uma, duas, três camadas abaixo, temos lavagem de dinheiro, evasão de divisas”, declarou a senadora.
No relatório, Soraya aponta que a influenciadora Virgínia Fonseca utilizou “contas-demo” em ações publicitárias vinculadas à plataforma Esportes da Sorte, com ganhos simulados. A senadora destacou que o contrato previa remuneração com base no lucro líquido da plataforma, que seria gerado a partir das perdas dos apostadores atraídos por ela.
Já Deolane Bezerra foi citada como sócia-administradora da Zeroumbet Plataforma Digital Ltda. e como proprietária da Bezerra Publicidade e Comunicação Ltda., empresas apontadas como parte do esquema de divulgação e operação de apostas ilegais.
O documento também pede o indiciamento de empresários ligados a plataformas de apostas, como a OIG Gaming Brazil LTDA, a MarjoSports e a BRAX Produção e Publicidade LTDA, sob acusação de atuar em estrutura voltada à lavagem de dinheiro com movimentações financeiras atípicas e contratos simulados.
Entre os nomes citados estão:
Erlan Ribeiro Lima Oliveira, Fernando Oliveira Lima e Toni Macedo Rodrigues, sócios da OIG, acusados de simular operações para ocultar origem de recursos;
Marcus Vinícius Freire de Lima e Silva, apontado como figura central do esquema financeiro, com possível envolvimento em corrupção ativa e tráfico de influência;
Jorge Barbosa Dias, dono da MarjoSports, investigado por sonegação e movimentações suspeitas;
Bruno Viana Rodrigues, sócio da BRAX, também apontado por possível exploração de jogos ilegais.
O relatório ainda incluiu nomes como Adélia de Jesus Soares, Daniel Pardim Tavares Gonçalves, Ana Beatriz Scipião Barros, Jair Machado Junior, José Daniel Carvalho Saturnino, Leila Pardim Tavares Lima e Marcella Ferraz de Oliveira, todos relacionados a crimes como jogo ilegal, estelionato, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa.
Mesmo rejeitado, o relatório deve embasar futuras investigações do Ministério Público e da Polícia Federal, segundo garantiu Soraya.