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Polícia Quarta-feira, 19 de Novembro de 2025, 13:04 - A | A

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Investigação

Polícia Federal investiga origem e motivações de ataque que matou indígena em Mato Grosso do Sul

Investigação considera disputa por terras, possível ação coordenada e até conflitos internos

Viviane Freitas
Capital News

A investigação da Polícia Federal sobre o ataque armado que matou o indígena Vicente Fernandes Vilhalva, de 36 anos, segue avançando e ganhou novas frentes de apuração. As denúncias que chegaram ao órgão no início de novembro já indicavam tensão crescente entre indígenas e produtores rurais na região de Iguatemi (MS), além de relatos de uma “retomada” de área reivindicada pela comunidade. Segundo o delegado Lucas Vilela, “a gente imagina que a invasão talvez seja o motivo das agressões”, embora outras hipóteses ainda permaneçam em análise.

Os investigadores também avaliam a possibilidade de conflitos internos entre membros da própria comunidade, já que os dois primeiros suspeitos citados pelas vítimas — ambos indígenas — viveram na aldeia em anos recentes. Um deles acabou preso por apresentar indícios consistentes de participação, enquanto o outro prestou depoimento e segue sendo investigado. Como ressaltou o delegado, “pode haver tentativa de responsabilizar alguém por motivos passados”, motivo pelo qual a PF conduz o caso com cautela. A coleta de vestígios foi dificultada, já que cápsulas foram recolhidas pelos próprios indígenas antes da chegada das equipes.

A PF afirma que os primeiros elementos sugerem um ataque estruturado, com execução simultânea contra alvos específicos. O delegado Cesar Gaspar explicou que “um grupo de indivíduos fez um ataque direcionado, no mesmo horário, contra pessoas específicas; isso indica ação premeditada”. A polícia já ouviu cerca de 12 pessoas, apreendeu duas espingardas calibre 12 para exame balístico e mantém o foco nos crimes de homicídio, lesões e disparos de arma de fogo. Os delegados destacam ainda que a região enfrenta uma escalada de violência e que a Força Nacional tem apoiado as ações desde o início.

O caso reacendeu o alerta de organizações indígenas e entidades de direitos humanos. Lideranças Guarani-Kaiowá relataram a grave situação ao relator da ONU durante a COP30, destacando vulnerabilidade causada pela falta de demarcação e ausência de medidas de proteção. A Associação Brasileira de Antropologia também manifestou preocupação e pediu providências urgentes. Enquanto isso, a PF apura paralelamente a morte de um trabalhador rural atropelado por uma máquina na mesma região, ainda sem confirmação se há relação com o ataque armado.

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