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Em MS

MPI pede investigação rigorosa após morte de indígena Guarani Kaiowá

Ministério manifesta pesar e cobra ação contra grupos armados que atuam na região de Iguatemi

Elaine Oliveira
Capital News

O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) publicou nota oficial sobre a morte de Vicente Fernandes, indígena Guarani Kaiowá assassinado com um tiro na nuca na comunidade de Pyelito Kue, em Iguatemi, a 460 km de Campo Grande. Segundo lideranças, o ataque ocorreu na madrugada deste domingo (16) e faz parte de uma sequência de três dias de violência envolvendo pistoleiros. A comunidade relata uso de fogo, balas letais e de borracha, com ao menos quatro feridos.

No comunicado, o órgão afirma manifestar “profundo pesar pela morte do indígena” e declara que “se solidariza com a família, amigos e com toda a comunidade Guarani Kaiowá”. O ministério informou que equipes do DEMED/MPI, juntamente com a Funai, já atuam na região, acionaram os órgãos de segurança e acompanham as medidas do Governo Federal.

O MPI reforçou a necessidade de investigação rigorosa e ação articulada para enfrentar “os grupos de pistoleiros que atuam na região”. Também destacou a importância de políticas de proteção aos povos indígenas e seus territórios.

O texto lembra que, no dia 3 de novembro, foi instituído um Grupo de Trabalho Técnico (GTT) voltado à elaboração de subsídios para a mediação de conflitos fundiários envolvendo povos indígenas de Mato Grosso do Sul. O grupo realiza reuniões semanais e trabalha em levantamentos sobre áreas públicas e privadas atingidas pelos conflitos. “O GTT vem realizando reuniões semanais para debater soluções concretas e promover a resolução definitiva dos conflitos, que têm os indígenas como principais vítimas”, afirma a nota.

O ministério também contextualiza que as retomadas Guarani Kaiowá se intensificaram nos últimos meses como forma de resistência à pulverização de agrotóxicos, prática que, segundo a comunidade, provoca adoecimento e insegurança hídrica e alimentar. “É inaceitável que indígenas continuem perdendo suas vidas por defender seus territórios”, enfatiza o texto, apontando a contradição entre a violência local e as discussões globais sobre clima na COP30.

A área onde ocorreu o ataque integra a Fazenda Cachoeira, arrendada por duas empresas ligadas à produção e exportação de carne. Cerca de 120 famílias vivem na região, delimitada em 97 hectares após acordo judicial firmado em 2014, conforme informações do portal O Joio e o Trigo. A propriedade é uma das 44 sobrepostas à Terra Indígena Iguatemipeguá I, identificada pela Funai há mais de 10 anos como território Guarani Kaiowá.

O conflito por demarcação se agravou nos últimos anos. Durante os ataques recentes, quatro pessoas foram baleadas e uma criança teve uma das mãos queimadas por um rojão. A comunidade entregou projéteis recolhidos no local à Polícia Federal de Naviraí (MS), onde registrou boletim de ocorrência, e cobra urgência na demarcação definitiva do território.

 

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