A Operação “Colheita Fantasma”, deflagrada nesta quarta-feira (30) pelo Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), apura um esquema de fraude fiscal que teria causado prejuízos superiores a R$ 1 bilhão aos cofres públicos de Mato Grosso do Sul. O grupo investigado é composto por 13 empresas e operava há mais de cinco anos no Estado.Em coletiva de imprensa, a coordenadora de Administração Tributária da Sefaz/MS, Silvia Leal, explicou que o esquema começou com uma serialista em 2019, utilizando o modelo de empresa conhecida como “noteira” — que emite notas fiscais frias para gerar créditos tributários inexistentes. “A empresa gerava notas que não acobertavam vendas reais de mercadorias. Era apenas para criar crédito fiscal”, afirmou.
Conforme a investigação, o grupo utilizava laranjas e abria novos CNPJs sempre que as autoridades identificavam irregularidades.
Outra tática usada era “esquentar” grãos sem origem legal. As notas falsas acobertavam entradas de produtos agrícolas inexistentes em empresas do Estado, o que pode ter implicações sanitárias e fiscais. A Vigilância Sanitária atuará na verificação da procedência desses grãos.
Durante a operação, foram cumpridos mandados em Campo Grande e Ivinhema. O líder da organização criminosa foi preso na Capital e com ele foram encontradas armas, munições, dinheiro estrangeiro (de origem africana), computadores, pen drives, documentos e veículos.
Além disso, a Justiça determinou o bloqueio de contas bancárias no valor de R$ 20 milhões, além do sequestro de bens. A delegada Ana Cláudia Medina, do Dracco, destacou que a atuação criminal foi necessária após a confirmação de fraude pela Secretaria da Fazenda. “A partir disso, foi necessária uma investigação com técnicas especializadas para neutralizar o grupo”, afirmou.
Atualmente, sete pessoas físicas e seis empresas estão diretamente implicadas na investigação. As autoridades seguem apurando a origem dos grãos e a extensão do prejuízo causado pela quadrilha.