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Justiça Quinta-feira, 09 de Outubro de 2025, 07:13 - A | A

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Decisão

Justiça condena Estado e Município por falhas que levaram à morte de Sophia

Pai e padrasto da menina de dois anos serão indenizados por danos morais e materiais após omissão de órgãos públicos

Elaine Oliveira
Capital News

Acervo pessoal

Caso da menina Sophia marcará audiência pública em Campo Grande

Sophia de Jesus Ocampo morta após agressões pela mãe e o padrasto

A Justiça de Mato Grosso do Sul condenou o Estado e o Município ao pagamento de indenizações por danos morais e materiais ao pai e ao padrasto de Sophia, menina de dois anos que morreu em janeiro de 2023 vítima de maus-tratos.

A decisão reconhece falhas sucessivas de agentes públicos municipais e estaduais diante de denúncias que poderiam ter evitado a morte da criança.

De acordo com a sentença, o pai de Sophia, Jean, ingressou com ação judicial alegando omissão do poder público na adoção de medidas protetivas à filha.

O juiz determinou o pagamento de R$ 350 mil a título de danos morais a Jean e R$ 80 mil ao marido dele, Igor, reconhecido também como padrasto da menina.

Além das indenizações por danos morais, foi fixada uma pensão mensal equivalente a dois terços do salário-mínimo, sendo 70% destinados a Jean e 30% a Igor. O pagamento deverá ser feito a partir de 2 de junho de 2034 até 2 de junho de 2045, quando o valor será reduzido para um terço do salário-mínimo, cessando definitivamente em 2 de junho de 2095.

Caso Sophia

Sophia morreu em janeiro de 2023 após ser levada já sem vida pela mãe a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). A criança havia passado por diversas internações anteriores. A mãe chegou sozinha ao local e, ao comunicar o companheiro sobre o óbito, uma testemunha ouviu o padrasto Christian dizer: “minha culpa”.

Durante as investigações, laudos periciais apontaram contradições nas versões apresentadas pela mãe, que afirmou que a filha havia se alimentado e ido ao banheiro antes de ser levada à unidade. O médico legista refutou essa narrativa, destacando que, com o trauma identificado, Sophia não teria condições de andar ou comer sozinha. O laudo de autópsia indicou ainda que a menina pode ter agonizado por até seis horas antes de morrer.

Reprodução/Redes Socias

Mãe e padrasto de Sophia tem prisão preventiva decretada

Christian Campocano Leitheim e Stephanie de Jesus Dada Silva foram denunciados pelos crimes de tortura e homicídio pelo Ministério Público

O Ministério Público denunciou a mãe e o padrasto pelos crimes de tortura e homicídio. A nova denúncia, oferecida em setembro de 2023 pelo promotor Marcos Alex Vera, descreve que Christian submetia Sophia a intenso sofrimento físico como forma de castigo.

Um dos episódios mais graves teria ocorrido quando ele fraturou a perna da menina com chutes, fato confirmado pelo próprio filho, que presenciou as agressões.

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A mãe também foi acusada de omissão por deixar a filha ferida e com dores durante um dia inteiro antes de procurar atendimento médico.

Segundo o Ministério Público, as agressões eram recorrentes, e há indícios suficientes para sustentar a acusação de tortura. Diante da gravidade dos fatos, o órgão descartou qualquer possibilidade de acordo penal.

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