A transformação de uma secretária sem formação acadêmica em uma das mais célebres pesquisadoras sobre chimpanzés do mundo é o fascínio do documentário “Jane”, de Brett Morgen. Valorizado pela música sempre enigmática de Philip Glass, a produção da National Geographic apresenta a história de uma cientista extraordinária.
Unesp

Oscar D'Ambrosio
Apaixonada por animais selvagens, mesmo sem grau universitário, conseguiu ir para a Tanzânia com a missão de estudar os chimpanzés locais. Inicialmente com a companhia da mãe, já que mulheres não eram admitidas sozinhas nesse tipo de trabalho de campo, ainda amais na África, começou a realizar um trabalho ímpar, com descobertas com consequências em diversas áreas, como a antropologia e a etologia, área do conhecimento que cuida do comportamento animal.
Um documentário feito com imagens filmadas em 1962 resultou em mais de 65 horas de material, utilizado em 1965 e, posteriormente abandonado. Em 2015, os rolos foram encontrados num porão. Surgiu assim uma nova produção, que coloca a trajetória de Jane Goodall sob uma nova perspectiva.
Trata-se de uma abordagem que privilegia como a jovem conseguiu se inserir na vida cotidiana dos chimpanzés; como se relacionou com o fotógrafo que foi documentar suas ações e se tornou o seu marido, com o qual teve um filho; quais descobertas realizou e como seu trabalho permanece vivo até hoje na forma de pesquisas científicas e ações de preservação da vida selvagem em todos o mundo.
O filme é uma aula em diversos aspectos, tanto por mostrar o preconceito sofrido por Jane por ser mulher como também as resistências que enfrentou pelo fato de não ter um currículo universitário. Mesmo assim, ela foi construindo a sua trajetória, trazendo, com suas observações cotidianas e pacientes, novas informações sobre o comportamento dos chimpanzés. Fez-se assim respeitada como mulher e cientista, garantindo seu nome como referência às futuras gerações.
*Oscar D’Ambrosio
Jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e pós-doutorando e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
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