São poucas as oportunidades que temos de mergulhar no cinema de países da América Central como a Guatemala, mas, infelizmente, são muitas as obras artísticas que tratam da violência como principal forma de resposta de regimes totalitários às dificuldades do mundo. Nesse sentido, o filme guatelmateco “Os gigantes não existem” é imperdível.
Unesp

Oscar D'Ambrosio
A narrativa se dá em meio à guerra civil local dos anos 1980. Um camponês, que atua nas milícias civis aliciadas pelo exército local, envolve-se no massacre de mulheres e crianças de uma aldeia de “revolucionários” nas montanhas. Acaba por se compadecer por uma criança sobrevivente, que adota como filho.
Sua esposa recebe a criança com muito amor, pois mergulhara em profunda depressão após ter perdido um filho num poço d´água. Tudo se complica quando o regime autoritário quer que o casal se livre do menino. Em paralelo, a irmã dele vem para buscá-lo e o irmão menor deles surge como uma gentil fantasma/amigo invisível a dar conselhos sobre o que deve ser feito.
A decisão de ficar com a nova família ou retornar para as montanhas é discutida junto a singelas e eficientes metáforas, como a passagem de um circo, onde estão os “gigantes”, homens em suas pernas de pau que brincam com as crianças. A capacidade do diretor Chema Rodríguez de tratar com poesia densos dramas encanta e alerta contra todo tipo de violência.
*Oscar D’Ambrosio
Jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e pós-doutorando e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
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