O futebol brasileiro viveu nesta quinta-feira (11) um dos encontros mais tensos e decisivos dos últimos anos. O Conselho Técnico da Série A do Campeonato Brasileiro de 2026, realizado na sede da CBF, no Rio de Janeiro, reuniu dirigentes dos 20 clubes da elite e representantes da entidade para definir diretrizes da próxima temporada — e acabou marcado por debates acalorados, especialmente sobre o uso de gramados sintéticos.
A reunião, descrita por dirigentes como a mais detalhada da história recente, formalizou mudanças no calendário, nas regras de transferência e na distribuição de vagas para a Copa Libertadores. Ao mesmo tempo, reacendeu um conflito que deve seguir quente nos bastidores: a pressão da maioria dos clubes para barrar novos gramados artificiais no futebol nacional.
CBF redistribui vagas da Libertadores e debate impactos no calendário
A maior alteração esportiva anunciada pela CBF envolve a reformulação do sistema de classificação para a Libertadores a partir de 2026. A Copa do Brasil passará a oferecer duas vagas diretas, contemplando campeão e vice, enquanto o Brasileirão reduzirá suas vagas de seis para cinco.
A entidade ainda avalia se a vaga do vice será para a fase de grupos ou fase preliminar. Outro ponto em análise é a redistribuição de vagas caso o campeão e/ou vice da Copa do Brasil já estejam garantidos pelo Brasileirão, um cenário que exigirá ajustes no regulamento para evitar distorções.
Dirigentes elogiaram a antecipação dessas definições, que ajudam os clubes a planejar o ano em meio a um calendário comprimido pela Copa do Mundo de 2026.
Fabio Menotti/Palmeiras
Discussões tensas marcam reunião da Série A; gramados sintéticos dividem clubes, Palmeiras é mais quatro clubes são favor
Gramados sintéticos: tema mais explosivo da reunião
A principal polêmica do encontro veio à tona com força: a maioria dos clubes pediu que a CBF suspenda imediatamente a homologação de novos gramados sintéticos no país. A demanda ocorre após manifestações públicas de atletas — entre eles Neymar, Thiago Silva, Coutinho e Gabigol — contra o uso desse tipo de superfície.
Os clubes argumentam que o gramado artificial altera a dinâmica do jogo, aumenta desgaste físico e pode elevar risco de lesões, motivos usados para solicitar que a CBF produza um estudo técnico antes de autorizar novos estádios com essa tecnologia.
Clubes pró-sintético reagem
Em posição minoritária, Atlético-MG, Athletico-PR, Botafogo, Chapecoense e Palmeiras divulgaram uma nota conjunta defendendo o uso dos gramados artificiais. Para eles, os campos sintéticos de última geração entregam qualidade superior à grande parte dos gramados naturais do país, frequentemente mal cuidados ou afetados pelas condições climáticas.
O Flamengo foi além: protocolou na CBF um projeto propondo um período de transição para eliminação completa desse tipo de superfície. Pela proposta, a Série A teria gramados 100% naturais até 2027 e a Série B até 2028, garantindo tempo hábil para adequação.
O tema será aprofundado em novas reuniões técnicas ao longo de 2026 — mas já está claro que será um dos debates mais intensos da próxima temporada.
Limite de jogos para transferência interna dobra
Outra mudança importante aprovada pelo Conselho Técnico foi o aumento no número de partidas que um atleta pode disputar por um clube antes de se transferir para outro dentro da Série A. O limite passa de 6 para 12 jogos, acompanhando o novo calendário, que terá paralisação para a Copa do Mundo.
O Brasileirão começará em 28 de janeiro, seguirá até a 18ª rodada antes do Mundial e será retomado em 22 de julho, fechando em 2 de dezembro.
Para a CBF, o ajuste traz mais flexibilidade ao mercado e evita que jogadores fiquem parados durante a janela de transferências no meio da temporada.
Dirigentes exaltam novo formato de debate
A reunião foi descrita como histórica por membros da alta cúpula da CBF. O diretor de Competições, Julio Avellar, afirmou: “Esse foi o Conselho Técnico mais detalhado de todos os tempos. Tivemos a oportunidade de debater questões profundas, como calendário, tabela, gramados e modelo de classificação para a Libertadores.”
O diretor-executivo de Gestão, Helder Melillo, reforçou a postura dialogada da entidade: “Nossas decisões são construídas pelo consenso. Ajustamos regras importantes com base em conversas francas com os clubes.”
Cesar Grego Palmeiras
CBF revisa e aumenta limite de partidas para transferências internas dos jogadores na competição, de 6 para 12 jogos em 2026
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