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Futebol Brasileiro

CBF apresenta modelo inédito de Fair Play Financeiro no futebol nacional

Regulamentação moderniza a gestão dos clubes e busca equilíbrio operacional inspirado nas ligas europeias

Anderson Ramos Lino
Capital News

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) apresentou nesta quarta-feira (26), durante o Summit CBF Academy, em São Paulo, o Sistema de Sustentabilidade Financeira (SSF) — um modelo inédito de Fair Play Financeiro adaptado à realidade nacional e desenvolvido em construção conjunta com clubes e federações.

Inspirado nas práticas internacionais de ligas como Inglaterra, França, Espanha e UEFA, o SSF estabelece novas regras para dívidas, gastos com elenco, capacidade de endividamento e equilíbrio operacional dos clubes. A implementação será gradual a partir de 2026, com fiscalização exercida por um órgão independente: a Agência Nacional de Regulação e Sustentabilidade do Futebol (ANRESF).

O lançamento marcou um dos principais atos da atual gestão da CBF, que completou seis meses nesta semana. O presidente Samir Xaud destacou o caráter coletivo do projeto e o impacto estrutural que ele terá no futebol brasileiro.

“Nosso fair play financeiro foi construído a várias mãos, com muito diálogo e participação ativa de clubes e federações. Queremos um sistema sustentável, que controle gastos, reduza dívidas e garanta um ambiente saudável para o esporte. Ele será uma ferramenta de justiça, equilíbrio e proteção ao futebol brasileiro”, afirmou Xaud.

Modelo com adaptações ao cenário brasileiro

Embora inspirado em padrões consolidados internacionalmente, o SSF incorpora ajustes voltados ao contexto do futebol nacional. A principal diferença é a ausência de limite para aportes de capital, garantindo que o modelo não contrarie o momento atual de chegada de investimentos estrangeiros e expansão das SAFs. Assim, clubes podem receber novos recursos desde que cumpram suas obrigações financeiras e mantenham operações sustentáveis.

Segundo o vice-presidente da CBF e presidente do Grupo de Trabalho do Fair Play Financeiro, Ricardo Gluck Paul, o SSF chega em um momento decisivo. O Brasil combina, simultaneamente, recorde de investimentos e nível histórico de endividamento — um cenário que exige regulação eficiente e confiável.

O diretor da CBF Academy, Caio Resende, ressaltou o estudo de modelos internacionais como ponto-chave do desenvolvimento do SSF, especialmente para entender lacunas e especificidades brasileiras. “A flexibilidade para aportes garante que o sistema não limite o desenvolvimento dos clubes. A criação da ANRESF reforça o compromisso da CBF em aplicar regras com independência e credibilidade”, afirmou. 

Staff Images / CBF

Caio Resende, da CBF Academy - Fair Play Financeiro

Caio Resende, da CBF Academy assegura que o SSF não limite o desenvolvimento do futebol

Pilares do Sistema de Sustentabilidade Financeira

O SSF se baseia em quatro frentes centrais:

1. Controle de dívidas em atraso

Fiscalização três vezes ao ano: 31/3, 31/7 e 31/11.

Transferências registradas em tempo real via Domestic Transfer Matching System (DTMS).

Jogadores e clubes podem denunciar atrasos diretamente à ANRESF.

Dívidas anteriores a 2026: regularização até 30/11/2026.

Dívidas contraídas após 1º/1/2026 já seguem as novas regras.

2. Equilíbrio operacional

Os clubes devem fechar o ano com superávit operacional, em avaliação trienal.
Déficits geram monitoramento.

Limites de déficit:

Série A: até R$ 30 milhões ou 2,5% das receitas.

Série B: até R$ 10 milhões ou 2,5% das receitas.

Gastos com base, futebol feminino, infraestrutura, projetos sociais e esportes olímpicos não entram no cálculo.
A vigência plena será em 2028.

3. Controle de custos do elenco

O custo do elenco — salários, encargos, direitos de imagem e amortizações — deve respeitar:

Até 2027: fase de transição.

A partir de 2028: limite de 80% das receitas, transferências e aportes (A e B).

A partir de 2029:

Série A: 70%

Série B: 80%

4. Endividamento de curto prazo

A dívida líquida de curto prazo deve ser igual ou inferior a 45% das receitas relevantes, com implantação gradativa até 2030:

2028: 60%

2029: 50%

2030 em diante: 45%

Casos de insolvência e governança

Clubes em recuperação judicial a partir de 30/4/2026 podem ter:

Congelamento da folha salarial no nível dos últimos seis meses;

Fechamento de janelas de transferência com balanço zero ou positivo;

Obrigação de acordo de reestruturação compatível com o SSF.

As demonstrações financeiras deverão ser auditadas por empresa registrada na CVM e publicadas até 30/4.
O orçamento anual deverá ser entregue até 15/12.

Também está prevista a proibição de um mesmo proprietário controlar mais de um clube na mesma competição.

Para a Série C, haverá monitoramento simplificado, com foco em solvência e auditorias.

ANRESF: nova agência independente

A ANRESF será formada por sete diretores, com mandatos de quatro anos e experiência comprovada em áreas financeira ou jurídica.

Entre suas atribuições: Fiscalizar, julgar e aplicar sanções; Negociar Acordos de Ajustamento de Conduta (AAC)

Aplicar penalidades como: advertência pública, multa, retenção de receitas, transfer ban, dedução de pontos, rebaixamento, cassação de licença de clube.

Para pessoas físicas: advertência, multa, suspensão, proibição de exercer cargos e até banimento.

Confira a apresentação do SSF - Fair Play Financeiro Clicando AQUI

Staff Images / CBF

Ricardo Gluck Paul, presidente do GT - Fair Play Financeiro

Ricardo Gluck Paul, considera que a entrega do SSF é um marco histórico para a CBF e o futebol brasileiro

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