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ENTREVISTA Segunda-feira, 30 de Maio de 2011, 11:55 - A | A

Segunda-feira, 30 de Maio de 2011, 11h:55 - A | A

Reflorestamento cresce, gera lucro e quer ampliar bases no Estado

Lúcio Borges - Capital News (www.capitalnews.com.br)

Na semana do Meio Ambiente, a ser comemorado dia 5 de junho, vemos um fator positivo em Mato Grosso do Sul na preservação do meio ambiente, economia e reflorestamento, que uma “novidade”, mas que o Estado vem crescendo a cada ano e  agora aparece na quarta posição dos maiores produtores da “mata artificial” do País, conforme Associação Sul-mato-grossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas.

A prática de produção sustentável, principalmente de eucalipto - para alimentar fornos de fábricas, usinas e produzir ‘mercadorias’, foi registrada oficialmente no Estado a partir de 2003. Hoje, Mato Grosso do Sul fica atrás somente de Minas Gerais, São Paulo e Bahia, que produzem respectivamente, 1,5 milhão de hectares, 1,4 milhão e 600 mil hectares.

Esta atividade rural no Estado é de apenas sete anos de prática, sendo que de 2003 a 2011 a produção saltou de 90 mil hectares para 400 mil hectares de cultivo.

Assim, o diretor executivo da Associação Sul-mato-grossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas, codinome Reflore-MS, Dito Mário, falou ao CapitalNews sobre o tema, explicando sobre a atividade de “plantar árvores” para derrubá-las, como o reflorestamento que cresce em Mato Grosso do Sul, gera renda extra e ajuda de diversas formas o meio ambiente.

A Reflore-MS já contabiliza um ganho econômico e ambiental para Mato Grosso do Sul, onde diz que se retirou a pressão de “pegar” da mata nativa, um produto necessário para alimentar e gerar diversos outros, como a celulose, o carvão e madeiras em geral. Bem como vem gerando divisas e empregos em diversos municípios.

CapitalNews – Como podemos definir o reflorestamento?

Dito Mário - É uma atividade nova – onde se replanta árvores, em especial o eucalipto, para consumo e não para ficar na natureza. No entanto, é uma forma de ajudar e ou preservar o meio ambiente, bem como diversificar a base econômica de Mato Grosso do Sul e agregar um outro produto ao agricultor ou pecuarista.

CapitalNews – Qual a finalidade da árvore plantada e derrubada?

Dito Mário - Não são todas as ‘árvores’ ou qualquer tipo, geralmente é o eucalipto e o pinos. Ela alimenta a indústria de celulose produz carvão, energia para siderúrgica, poste para lenha e para construção civil e outros. Hoje, a indústria de celulose, até onde sei, aqui no Estado, não usa mais madeira nativa. Ela é autosustentável, consome e produz sua própria madeira.

CapitalNews – Plantar, derrubar e consumir em ‘fogo’, como podemos ver isso como ajuda ao Meio ambiente e a economia de Mato Grosso do Sul?

Dito Mário - Sim, na plantação e replanta, onde se aproveita e recupera terras degradadas e não retirando de matas nativas para ir aos fornos. Plantamos em solos arenosos, e outros também, o que proporciona retenção de água, protege e recupera o solo, sequestra carbono, ajuda o micro clima. E fora que tira a pressão de ir ‘pegar’ das matas nativas a madeira.

A cada hectare de floresta plantada pelo produtor, se salva 10 hectares de terra, preservando o meio ambiente, pois planta, corta e replanta no mesmo lugar.

Já na economia é uma forma de diversificar as culturas e a base econômica do Estado. Gera renda para próprio agricultor, que pode investir em sua propriedade. Como ainda para as cidades onde se instalam uma fábrica, onde se sabe que pode contar ou fazer o reflorestamento, quem ganha é o Produto Interno Bruto (PIB).

CapitalNews – Como o PIB, exemplifique, MS já conta com isso para a economia?

Dito Mário - Claro que sim, só com a vinda da fábrica de celulose que se instalou em Três Lagoas, o PIB de Mato Grosso do Sul subiu 13,5% e para o Município gerou 300% de aumento. Como ainda não podemos deixar de dizer que se consome na fábrica três-lagoense 160 caminhões de madeira todos os dias, que assim tem 160 motoristas, peças, mecânicos. A fábrica tem dois mil funcionários, duas mil famílias, que se multiplicarmos por 2 ou 3 vezes, serão seis pessoas. Mexe com toda a economia da cidade.

CapitalNews - Mato Grosso do Sul então conta com o fim da derrubada do cerrado nativo?

Dito Mário - Isso não posso afirmar, mas já temos uma boa produção de material para consumo e que assim evita a derrubada. Mato Grosso do Sul vem vindo em uma crescente constante neste setor, a partir de 2005. Passamos de 113 mil hectares de eucalipto para quase 400 mil no fim de 2010.

Em 2005, criamos a Reflore e a partir de então, tivemos um planejamento, congregamos alguns produtores e assim aumentamos as áreas, aprodução e conseguimos junto com o governo estadual, lançar em 2008, o Plano Estadual de Florestas MS.

CapitalNews  - Qual foi o aumento por ano?

Dito Mário - Nossa produção em 2003 era oficialmente numerada em um estoque de 90 mil hectares, quando a Secretaria de Produção e Turismo (Seprotur) instituiu a Câmara Setorial das Floresta Plantadas.

Mas após dois anos, quando criamos a Reflore é que congregamos e contabilizamos os números e constatamos a cada ano o crescimento. Em 2005 eram 113 mil hectares, no ano seguinte passou para 185 mil. Em 2007, subiu para 207 mil e nos dois próximos foi para 265 mil e 290 mil, respectivamente. Já os números até 30 de dezembro de 2010, tivemos 378 mil, e hoje, já podemos arredondar para os 400 mil hectares.

CapitalNews – Como o Estado alcançou ou passou a ser um dos maiores produtores?

Dito Mário - Primeiro porque no Estado inteiro pode se plantar, pois a topografia, o clima e solo ajudam. É fácil ter um aproveitamento da terra. A questão fundiária é boa. Segundo, houve apoio do governo estadual e de alguns municípios. Foi desburocratizado o sistema. O Estado desonerou a Licença Ambiental (LA) para o eucalipto, pois até pouco tempo era difícil plantar ou nem podia.

Após ser considerado como uma cultura, como a soja e o arroz, foi dado as liberações e assim vieram as empresas para cá e os produtores puderam ir para o negócio.

Também houve incentivos fiscais, o Fundo do Centro Oeste (FCO) pode se usado e desonerou a Taxa de Movimento florestal (TMP). Como também com a vinda da fábrica de celulose, que consome muito e 50% de tudo que produzimos, dentro dos 400 mil, abriu-se o mercado.

Assim, o Estado entrou para o rol dos produtores e cresce a cada ano. Hoje, só ficamos atrás de Minas Gerais, São Paulo e Bahia.

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Tipo de reflorestamento que já gera 400 mil hectares no MS
Foto: Deurico/Arquivo Capital News

CapitalNews – O que o produtor ganha?

Dito Mário - Sempre falo que ganha em diversas partes, pois agrega outro produto a sua fazenda. Oportuniza parcerias produtor-empresas. Onde tem pouca fertilidade, ajuda a recuperar. Se tem só pastagem, pode fazer junto ou retirar um pedaço e ter lucro com a venda da madeira, além de aumentar a qualidade do pasto. Um exemplo concreto, onde um associado tinha quatro mil hectares, retirou mil hectares para o eucalipto. Com o lucro da plantação ele adquiriu mais gado, teve solo melhorado e investiu em genética para a propriedade. É ou não vantajoso e não fez “muito” esforço.

CapitalNews – Onde se produz atualmente no MS?

Dito Mário -Três Lagoas, a empresa de celulose, tem produção própria e se autosustenta. Ela não tira nenhuma madeira nativa, como já comentei. Temos também em Campo Grande, em Ribas do Rio Pardo, Água Clara, Brasilândia, onde são os maiores, dentre outros municípios ou mais propícios na região leste do Estado.

CapitalNews – Porque somente a Leste e outras regiões?

Dito Mário - Pode haver também, nada impede, mas é que atualmente a Leste partiu para está cultura, onde seu solo são espaçosos e com certa dificuldades para outras plantações.
Também porque o governo ou Estado ficou mais dividido em quatro segmentos ou complexos. Sendo a carne e o grão na região norte; cana de açúcar na sul; floresta na Leste e Turismo na Oeste, onde possuímos nossos recursos naturais (Corumbá, Bonito, Jardim).

CapitalNews – O que é a Reflore?

Dito Mário - As ações da Reflore são para congregar os produtores, socializar o conhecimento em seminário, congressos. Queremos planejar, trazer, levar conhecimentos e aumentar o consumo da madeira plantada. Temos e queremos ajudar o governo a construir diretrizes para organizadamente ter o desenvolvimento sustentável da cultura e para quem consome a floresta plantada. Queremos assim como nossas ações e com o seminário que iremos realizar em 15 de junho, repassar o tema e ampliá-lo. Mostrar os fins específicos ao produtor atual e futuros que desejarem ter o negócio. Mostrar o manejo adequado e outros usos da madeira. Colocar que cada cultura tem suas necessidades e a floresta também.


Por Lúcio Borges - Capital News (www.capitalnews.com.br)

 

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