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ENTREVISTA Sábado, 05 de Novembro de 2022, 13:46 - A | A

Sábado, 05 de Novembro de 2022, 13h:46 - A | A

Entrevista

Meu candidato perdeu e agora?

Psicóloga da dicas de como lidar com sentimento de perda

Renata Silva
Especial para o Capital News

Acervo pessoal

Meu candidato perdeu e agora?

Ana Flávia Weis, psicóloga especialista em terapia cognitivo comportamental

 

Faz quase uma semana que as eleições terminaram, no entanto, mesmo assim a sociedade ainda está presenciando um momento de grande polarização, defesa de ideias, debates e conversas em torno do assunto. Por se tratar de um tema que interfere a vida das pessoas e no futuro e presente do país, várias pessoas, estão debatendo, algumas de forma sadia, já outras nem tanto.

O resultado das eleições tem feito pessoas amigas entrarem em discussões, brigas, algumas até com ofensas e rompendo laços por causa de diferenças políticas, mas será que vale a pena?

A psicóloga Ana Flávia Weis especialista em terapia cognitivo comportamental bateu um papo conosco e falou sobre os caminhos para lidar com esse momento.

1) Capital News: Qual estratégia recomendada a aqueles que ficaram insatisfeitos com a vitória do petista Luiz Inácio?

"Todos temos perdas e dificuldades na vida, aprender a lidar com elas, quaisquer que sejam, é extremamente necessário ao nosso equilíbrio emocional"

Ana Flávia Weis: Todos temos perdas e dificuldades na vida, aprender a lidar com elas, quaisquer que sejam, é extremamente necessário ao nosso equilíbrio emocional, mesmo que seja muito doloroso no primeiro momento! Aprender a Tolerar os desconfortos da vida é uma habilidade fundamental para nossa saúde emocional.

2) Capital News: O momento de tensão social sinaliza um adoecimento psíquico da sociedade ou na sua opinião é individual?
Ana Flávia Weis: Acredito que não podemos generalizar, existem pessoas muito adoecida emocionalmente e com o advento das redes sociais elas são mais facilmente ouvidas. A intolerância tem sido propagada, mas nem todos pensam assim.

3) Capital News: Se expressar faz parte, qual é o perigo se somado a um coletivo?
Ana Flávia Weis: É bom que as pessoas se expresem quando elas acham que isso é necessário para elas, o perigo é desrespeitar o outro e ser intolerante em seu discurso.

4) Capital News: Você acredita que quando estamos na multidão, perdemos parâmetros de convivência ética e de avaliação moral da situação? Se sim, por que?

"Não devemos perder nossos parâmetros quando estamos com outros"

Ana Flávia Weis: Não devemos perder nossos parâmetros quando estamos com outros, mas existe o perigo das pessoas serem influenciadas pelo grupo por necessidades pessoais suas (aceitação, pertencimento, validação) ou até mesmo por não estarem firmes em seus posicionamentos realmente.

5) Capital News: Esse momento é oportuno para que o grupo que se sente insatisfeito com a vitória de Lula possa refletir sobre questões importantes que envolvam o coletivo?
Ana Flávia Weis: É importante pensar com tolerância, crescer, entender que nem tudo é só jeito que queremos e nem sempre o que achamos que é melhor vai acontecer.

6) Capital News: Reconhecer o outro na sua diversidade também é central. Qual seria o caminho para isso?
Ana Flávia Weis: Tolerância, respeito à diversidade a democracia.

7) Capital News: O que seria uma sociedade saudável?

"Uma sociedade saudável é aquela que respeita as diversidades de pensamento e ideologia, que tolera o outro"

Ana Flávia Weis: Uma sociedade saudável é aquela que respeita as diversidades de pensamento e ideologia, que tolera o outro e que sabe que a intolerância prejudica a todos inclusive a si mesmo.

8) Capital News: Como as redes sociais prejudicam a nossa saúde mental nesse contexto?
Ana Flávia Weis: As redes sociais inflamam as situações, potencializam o alcance das opiniões desrespeitosas e nem sempre as pessoas têm filtros para entender isso. As redes sociais não tem regulação do que se pode ou não dizer o que propicia informações falsas, intolerantes e discursos de ódios.

9) Capital News: Dar um tempo nas redes sociais é importante para manter a saúde mental?
Ana Flávia Weis: De quem se afeta com isso sim! Excluir o que te faz mal neste momento pode ser um ótimo recurso de regulação emocional.

10) Capital News: Nessa semana que antecedeu as eleições, os atendimentos tinham a ver com angústias relacionados ao período eleitoral? Se sim, quais principais indagações?
Ana Flávia Weis: Sim! Esse tema foi muito presente nas sessões, até mesmo com as crianças. As pessoas estavam com muito medo de ambos os lados, inseguros do que poderia acontecer e qual o rumo que as coisas iam tomar.

Nesta semana agora os pacientes continuam trazendo isso para a sessão com muita frequência, alguns tentando se adaptar, confiar e lidar com o desconforto de terem perdido ou até mesmo revoltados ainda, outros aliviados por acreditarem que dias melhores virão.

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