O presidente nacional do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), Roberto Jefferson, esteve em Mato Grosso do Sul nos dias 18 e 19 deste mês para participar de um encontro da legenda na cidade de Aquidauana. No sábado, 19, o Capital News conversou com ele sobre eleições 2010, a sua visão sobre o cenário político no Estado, os escândalos no Senado e a reforma eleitoral.
Capital News: O que o senhor da possibilidade de uma coligação entre o PT e o PMDB em Mato Grosso do Sul nas eleições de 2010?
Roberto Jefferson: Penso que isso é muito difícil, pois o povo não vai aceitar. PMDB e PT são partidos totalmente diferentes e com ideologias muito diversas. São rivais históricos. Se isso ocorrer e houver um terceiro candidato ao Governo do Estado, este vai ganhar as eleições.

Jefferson diz que PTB está mais próximo do PT em MS
Foto: Deurico/Capital News
Capital News: Mas o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vem manifestado o interesse de unir o PT e o PMDB em vários estados brasileiros. Como o senhor avalia isso?
Roberto Jefferson: O Lula tem que parar de pensar que é Deus. Ela está com essa mania agora de pensar que é Deus e pode resolver tudo. O Lula não pode substituir o povo. O povo é que vai decidir quem vai apoiar e eleger. Ele não tem legitimidade para isso. O Lula antecipou as eleições em um ano e meio para lançar a Dilma Roulssef (ministra chefe da Casa Civil e pré-candidata a presidência da República) e isso está destruindo a imagem dela. Nunca vi isso na política. O Lula antecipou as eleições.

Jefferson diz que Lula pensa que é Deus
Foto: Deurico/Capital News
Capital News: Qual é a pretensão política do PTB em Mato Grosso do Sul para as eleições de 2010?
Roberto Jefferson: Meu compromisso é com o senador Delcídio do Amaral. Quero ajudar ele a se reeleger, pois Delcídio foi muito honesto comigo quando passei por aquela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI do Mensalão). Passei por um momento difícil naquela época e ele jamais me cerceou o direito de falar e me defender. Por isso quero ajudá-lo.
Capital News: O PTB tem algum candidato para disputar o Governo do Estado em 2010?
Roberto Jefferson: Estamos analisando essa situação. Temos alguns nomes. O Ivan Louzada (presidente regional do PTB-MS) me falou que o PT ofereceu para nós a possibilidade de entrar como vice de José Orcírio dos Santos. Também me falou que a senadora Marisa Serrano (PSDB) ofereceu a vice na legenda caso ela concorra em 2010 para governadora. Na minha opinião, estamos mais próximos do Zeca. A vice na majoritária é interessante para o PTB.
Capital News: O PTB não tem interesse de compor a base do atual governador André Puccinelli em 2010?
Roberto Jefferson: O bonde do André já está lotado e não cabe mais ninguém. O PTB não teria espaço no grupo dele. Sou muito amigo do André, mas ele é extremamente ditador e autoritário e na política não pode ser assim. Precisa haver diálogo. O italiano (André) é muito boa pessoa, mas ditador. Uma candidatura não pode ser afirmativa e imperativa.

Jefferson afirma que PTB não vai se unir a André Puccinelli
Foto: Deurico/Capital News
Capital News: Mas o partido tem algum candidato próprio para o governo em 2010?
Roberto Jefferson: O Zelito Ribeiro de Aquidauana é um nome muito forte para disputar o Governo em 2010. Ele já se colocou a disposição para concorrer ao cargo. Também tem a possibilidade do juiz federal Odilon de Oliveira se filiar ao PTB para disputar o governo. Se isso acontecer, vamos lançar o Odilon para governador. Tenho muito respeito pela pessoa dele e entendo que o Odilon hoje é um prisioneiro da Justiça (ele anda sempre cercado de seguranças devido ao grande número de ameaças dos criminosos) por ser um homem especial e fazer cumprir a lei. Se ele quiser concorrer ao Senado também não há problema. O partido está de braços abertos para recebê-lo e ele vai definir o que achar melhor.
Capital News: E em relação ao ex-governador do Estado Pedro Pedrossian, qual será o papel dele no partido em 2010?
Roberto Jefferson: O Pedrossian já está mais acomodado e não deve querer concorrer para governador. Ele deve disputar o cargo de deputado estadual. Pensávamos que o filho dele (Pepê) fosse se filiar ao PTB para disputar um cargo, mas isso não aconteceu.
Capital News: Qual é a sua opinião em relação aos escândalos no Senado envolvendo o presidente da Casa de Leis José Sarney?
Roberto Jefferson: Entendo que aquilo é reflexo do Lula ter antecipado a campanha da Dilma para a presidência. O PSDB percebeu que o PMDB estava ao lado do Lula e ganhando espaço no Senado e então se sentiu acuado e partiu para o ataque. A forma para isso foi às denúncias. Acho que o Sarney agiu corretamente ao não abandonar o cardo de presidente. O que fizeram com ele foi uma grande violência, ninguém poderia ter feito aquilo com ele.
Capital News: Qual é a sua opinião em relação à reforma política no país?
Roberto Jefferson: Gostei muito dela e acho que possível fazer aquilo que poderia ter sido feito. Acredito que liberar o uso da campanha na internet foi ótimo. Propaganda em emissoras de televisão não é paga e também não deve ser paga em sites de notícias. A possibilidade de permitir doação para os partidos de forma oculta também é muito bom, pois sabemos de casos de governadores que perseguiam as pessoas que doavam aos partidos para também receber doações.
Por Alessandro Perin (www.capitalnews.com.br)
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